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COLUNISTAS

É preciso se pegar no colo

27/11/2024 16h15 | Atualizada em 27/11/2024 16h16 | Por: Robson Sombrio

     A vida nem sempre pega leve. Às vezes, é preciso se pegar no colo. Diante da sinaleira, parado, vejo um homem com sacola, abaixei o vidro para ver melhor. Histórias reprimidas e felizes. Um choro cheio de significados veio à tona. Por mais que cada um tenha uma vida, vários caminhos e histórias, há um fio invisível entre uma vida e outra. 
     Eu estava tentando entender aquela vida, o que sentia. Hora antes, escutei uma história de tristeza e solidão. Mas não é isso que somos? Seres sozinhos que se distraem com seus afazeres. Algumas vezes, a solidão é positiva e plena. Outras vezes, devora. Somos alegrias e tristezas. Somos tempo das distrações. Sacola e ser humano, a coragem de lutar e alcançar. 
     O que eu havia entendido? Na verdade, eu não sei o que se passa naquela vida. O que provoca a alegria ou a tristeza. Se era uma pessoa vitoriosa ou confusa. Por mais que eu tenha me esforçado, não sei exatamente o que tem ali. Só sei que estava com a sacola e lutando por si mesmo. Todos nós estamos vivendo e superando nossos traumas. E a vida vai nos testar para ver se você realmente venceu, ver se suas coragens são genuínas. Uma dor nova ou uma rejeição diferente. A vida, às vezes, faz a gente duvidar do nosso valor. Um abraço pode resolver todo mal-entendido. As histórias mal resolvidas, os silêncios genuínos. Muitas dúvidas são provocadas pela falta de diálogo. Alguns recusam um abraço. 
     Sinal fechado e mil ideias na minha cabeça. Há um provérbio que diz: “quem quer colher rosas deve suportar os espinhos”. Espinhos rasgam. O que a gente precisa é de amor próprio. Ame mesmo que ninguém te ame de volta. Conserta sua própria asa, mesmo que ela se despedace em milhões de vezes, infinitas vezes. A gente sempre fica de pé novamente. A vida é sensível e intensa. Desejava que a vida fosse sem medo de se estilhaçar. A vida verdadeira parte do silêncio. Uma nova ideia, consciência. Na livraria, um livro “O cérebro que se transforma”. Toda rosa vem com espinhos, todo cérebro com pensamentos que se transformam. 
     Um novo texto, uma nova consciência. Parar na sinaleira me fez refletir. Por mais que desejamos não sofrer, sofreremos, mas te prometo que a vida não é só isso. A vida tem múltiplos encontros realmente possíveis. Vai! Corta os cabelos, troca os brincos, abre e fecha a porta, troca a blusa, passa um perfume diferente, faz uma playlist nova, acende uma vela, reza para teu Deus. De novo, a vida nem sempre pega leve, é preciso se pegar no colo.

Como o Hábito de Reclamar Afeta Sua Mente, Emoções e Saúde

25/11/2024 15h00 | Atualizada em 25/11/2024 15h00 | Por: Robson Sombrio

    Trabalho como psicólogo na Coordenadoria Regional de Educação de Braço do Norte, e ao longo da minha experiência, tenho observado o impacto significativo que o hábito de reclamação constantemente pode ter na saúde emocional, mental e até física.

    No meu dia a dia, seja presente nas escolas ou em conversas triviais com amigos e familiares, percebo como o comportamento de reclamar-se frequentemente está presente. Vamos imaginar uma cena comum: duas pessoas andando rapidamente pela rua. Uma delas: “Oi, tudo bem?” ou “Como você está?”. Automaticamente, um outro responde: “Tô indo” ou “Tudo bem, só se for pra ti!” – uma gíria tão conhecida. Essa resposta reflete uma reclamação automática.

   Esse tipo de consulta habitual ou queixume, pode ser prejudicial não apenas para quem reclama, mas também para quem escuta. Reclamar é algo tão cotidiano que parece natural, quase um fenômeno universal. Todos nós reclamamos em algum momento. No entanto, o problema surge quando a frequência e a intensidade desse aumento. As ocasiões ocasionais fazem parte da experiência humana, mas, quando se tornam parte da nossa rotina diária, passam a ser específicas.

Por que reclamamos?
    Muitas vezes, reclamamos em busca de aprovação ou para validar nosso ponto de vista. Não considero o ato de reclamação ruim em si, mas ele se torna um problema quando se transforma em algo periódico, que se estende a vários contextos – familiar, profissional e social.

Neuropsicologia e o Impacto no Cérebro
     A neuropsicologia, embora seja um campo relativamente novo, já trouxe insights importantes sobre as consequências do ato de reclamação. O cérebro humano foi projetado para identificar ameaças e problemas. Isso explica por que é tão fácil focar no negativo e por que algumas pessoas apresentam uma reclamação mais do que outras. Quantas pessoas assim você conhece?

     É fato que o cérebro se fixa no que é ruim porque, para nossos antepassados, isso aumentava suas chances de sobrevivência ao enfrentar perigos. No entanto, no mundo moderno, esse mecanismo pode se tornar prejudicial. Focar constantemente no que não é bom alterar nossa maneira de perceber o mundo e pode nos levar a um estado mental negativo.

Para mudar o hábito de reclamação
     A boa notícia é que é possível substituir esse comportamento por práticas mais saudáveis. Aqui estão algumas estratégias que eu recomendo:
Autoconsciência: Identifique os momentos em que você reclama. Perguntar se um pedido de consentimento é útil ou apenas uma resposta automática.
Prática da Gratidão: Foque nos aspectos positivos da sua vida. Esse hábito ajuda a redirecionar os padrões de pensamento.
Reenquadre os Problemas: Em vez de reclamação, pergunte-se: "O que posso fazer para mudar essa situação?"
Reduza a Exposição ao Negativo: Afaste-se de conversas ou conteúdos que alimentem o hábito de reclamação.

    Reclamar ocasionalmente é natural e faz parte da vida, mas tornar isso um hábito pode trazer custos elevados. Buscar alternativas para lidar com os desafios do dia a dia de forma mais positiva não transforma apenas a nossa saúde mental e emocional, mas também melhora significativamente a qualidade de vida como um todo.

Quem é feliz para sempre

07/11/2024 17h32 | Atualizada em 07/11/2024 17h35 | Por: Robson Sombrio

Quem é feliz pra sempre? Ninguém. A constância é cômoda. Um amigo meu perdeu sua mãe em setembro; outro conhecido perdeu o pai em março. A dor tem que ser enfrentada, não tem outro jeito. Não há palavras que confortem meus amigos. É a dor da perda. Todos pensamos que não vamos viver algo de novo de novo. Tem coisas que a gente não vai viver de novo. Tudo que prolonga entra em estado de calmaria. Já as turbulências são as que nos constroem. Os obstáculos que negamos, odiamos, são o que fazem a vida ganhar sentido e o sol se abrir de manhã, a cada manhã. São os problemas e as dificuldades (as dificuldades em bênçãos). Porque, no fim, a gente sempre agradece. Pense em tudo que já passou. Foi o quê?
Tudo o que você já passou na vida sempre vem como aprendizado. Tudo ajudou para ser quem você é hoje. Braço quebrado no skate, a dor de garganta que impediu você de ir à aula, a febre, o acidente, você em casa descobriu novas habilidades. Lembrei de quando fui operado de apêndice. Provas e trabalhos que tive que fazer em casa. Por causa da minha cirurgia, estudei e fui aprovado. Aquele acidente que faz jovem buscar Deus (alguns têm a tal da sorte, é verdade). Tudo como apenas um lembrete. As coisas em chateações nos colocam em movimento. Só que por outra estrada. E nelas as suas compensações. 
Fracassos, separações, demissões, doenças e perdas. Quem dera que nunca tivéssemos que lidar com isso. Ninguém está imune a tragédias da vida. A maneira como a gente encara a vida nos define. Os problemas sempre vão existir, depende como a gente os encara. As dificuldades são “foda”. As dificuldades exigem o melhor da gente. Precisamos ter decisões, inteligência emocional e coragem. Claro que o melhor é passar no vestibular, ir viajar para a Europa, promoção no trabalho, um novo amor. A vida também é celebrar as coisas boas, lembre-se disso. Vamos celebrar as conquistas e ser cada vez mais felizes. 
Ser demitido é um baque, amor interrompido também, mas a vida continua. A luta para sobressair continua. Por que que não pode acontecer contigo? O que você tem de tão especial? Quem disse que não pode acontecer comigo ou com você? Qual a regra da vida? Vamos pensar no otimismo e nas coisas boas e não tão boas da vida. A vida torra a paciência. A capacidade de transformar dores em aprendizado, mas a vida é assim mesmo: um jogo de paciência, entusiasmo, otimismo em jogo.          
 

Permito-me a tristeza

04/10/2024 13h46 | Atualizada em 04/10/2024 13h47 | Por: Robson Sombrio

O sol se exibindo lá fora e o céu convidava a viver. Se eu disser que acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo das muitas coisas a fazer e das decisões a tomar? Triste e sem vontade de fazer as coisas simples da vida, aquelas coisas que a gente faz sem prestar atenção no que está sentindo.
Se eu disser que hoje não foi um dia como qualquer outro? Hoje, levantei devagar e tarde, não tive vontade de nada. Você vai reagir como? Minha mãe falaria “te anima”. Amigos iriam recomendar antidepressivos. Outros diriam que há pessoas vivendo coisas graves muito mais graves (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza). Alguns vão dizer para colocar roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquele que sempre fui. 
Um dia triste não é uma vida triste. Aqueles que dizem para a gente se levantar, de certa forma estão certos. Você fala isso porque pode gostar de mim, mas pode ser mais um que não tolera a tristeza, nem a minha, nem a sua. Tristeza é considerada uma doença que contagia, que é melhor eliminar. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu vontade de chorar? Gravíssimo. 
Estou com o número do contato do psiquiatra. Estar triste não é estar deprimido. A verdade é que não acordei triste, nem mesmo com uma suave tristeza. Está tudo normal. Quando ficamos tristes, está tudo normal. Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si mesmo. Ficar triste é estar normal. É um sentimento tão legítimo quanto a alegria. É um registro da nossa sensibilidade. De novo: estar triste não é estar deprimido. 
Todos cantam a tristeza com R.E.M. em Everybody Hurts (“Todo mundo sofre”), mas poucos entendem de fato. Hoje os esforços são para entende-la. A tristeza só quer ter seu direito de existir. De assegurar seu espaço na sociedade que exalta apenas o lado bom. Uma sociedade que desafia quem está calado demais. Claro que é muito melhor acordar alegre, mas o melhor mesmo é não se privar do sentir – seja lá o que for. Eu sei, a gente não se permite estar alguns degraus abaixo da alegria. 
Hoje é um dia que não escuto meu rock, nem por isso estou com pílulas mágicas para camuflar minha introspecção. Hoje não aceito convite para festas. Tristeza também é um sentimento de força (que vai passar, sempre passa). Que hoje me deixem quieto, pois silêncio é armazenamento de forças e sabedoria. Daqui a pouco, eu volto. A gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor. Escrevi esse texto no leito de um hospital. Heitor recebeu alta, mais um fim de uma dor, até que venha a próxima – normais que somos.    
 

O que é ser alguém nessa vida

09/09/2024 09h00 | Atualizada em 06/09/2024 14h36 | Por: Robson Sombrio

Se a gente partir do principio básico, todos somos alguém, mas o que quero dizer é aquela sensação que a gente busca tanto. Por que a gente estuda tanto? Por que se sacrifica tanto? Quem a gente quer que valide a gente? Por que que a gente quer tanto que a família valide? Qual o fim dessa história? Até aonde isso vai? Processo de se entender, de se amar, a vida deve ser uma caminhada de respeito interno, de criar dentro de você um lugar de paz, sem ansiedade, um lugar tranquilo, de fazer boas escolhas, de bons pensamentos, de conversas saudáveis, expectativas alinhadas com o que a gente gostaria. O eixo da vida sempre vai ser interno. 
Nossa mãe e nosso pai são importantes, mas o que eu quero fazer da minha vida é uma decisão minha. Eles vão embora e a gente continua aqui. Eles são parte da minha experiência de viver. Eu sei que a gente reluta contra isso. Vamos continuar essa linha de raciocínio básico. De novo, olhando claramente, a vida é uma oportunidade, de estar aqui e aproveitar. O que eu posso fazer para essa vida ser a mais tranquila possível? A vida é uma conexão com teu eu. É que a gente fica tão preocupado com coisas bobas. A gente, às vezes, é muito bobinho perto da vida, perto da nossa potência de agir. 
 O sentido não é ficar sentado no sofá. O caminho certo, na maioria das vezes, é a sensação de caminho certo. “Robson, estou na faculdade, como vou ter a certeza?”. A gente não tem. Então, a vida vai ser esse processo interno. A vida é uma caminhada, não uma maratona. A vida não pode ser um desespero. A vida não pode ser uma comparação, uma competição. Eu entendo quando a gente quer agradar a nossa família. Eu tô fazendo meu caminho. Eu nunca escrevi para dar orgulho. Eu sempre escolhi pra mim. Pai e mãe, espero que minhas escritas deem orgulho pela essência de quem sou. Quero muito dar orgulho, mas quero seguir meu caminho. Eu acho que nunca fui tão profundo em meus textos. Meu coração é o que eu tenho que seguir – e é o seu coração que você tem que seguir, entende? 
A vida é instável. Todo mundo morre de medo todos os dias. Não existe a segurança. E olhar pra si e pensar: estou no caminho certo. A vida é tão legal, estou fazendo o melhor que posso. É paciência, dia após dia. Tem momentos que dão muita tristeza. O que é ser alguém? E de fato ser alguém? Ou é sentir? É o amor próprio que vai fazer você ter conversas inteligentes com você mesmo. O amor próprio que vai te guiar. A segurança não vem do caminho, mas vem da caminhada e a vida vai ficando mais fácil. Abre a tua consciência, segue que vai dar certo, mas não é no tempo das coisas que a internet é. A internet não é realidade. A comparação só te diminui. Esteja alinhado para você não se perder de você. Segue a tua essência e teu coração, segue o que você é, o que você acredita. 
 

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