A vida nem sempre pega leve. Às vezes, é preciso se pegar no colo. Diante da sinaleira, parado, vejo um homem com sacola, abaixei o vidro para ver melhor. Histórias reprimidas e felizes. Um choro cheio de significados veio à tona. Por mais que cada um tenha uma vida, vários caminhos e histórias, há um fio invisível entre uma vida e outra.
Eu estava tentando entender aquela vida, o que sentia. Hora antes, escutei uma história de tristeza e solidão. Mas não é isso que somos? Seres sozinhos que se distraem com seus afazeres. Algumas vezes, a solidão é positiva e plena. Outras vezes, devora. Somos alegrias e tristezas. Somos tempo das distrações. Sacola e ser humano, a coragem de lutar e alcançar.
O que eu havia entendido? Na verdade, eu não sei o que se passa naquela vida. O que provoca a alegria ou a tristeza. Se era uma pessoa vitoriosa ou confusa. Por mais que eu tenha me esforçado, não sei exatamente o que tem ali. Só sei que estava com a sacola e lutando por si mesmo. Todos nós estamos vivendo e superando nossos traumas. E a vida vai nos testar para ver se você realmente venceu, ver se suas coragens são genuínas. Uma dor nova ou uma rejeição diferente. A vida, às vezes, faz a gente duvidar do nosso valor. Um abraço pode resolver todo mal-entendido. As histórias mal resolvidas, os silêncios genuínos. Muitas dúvidas são provocadas pela falta de diálogo. Alguns recusam um abraço.
Sinal fechado e mil ideias na minha cabeça. Há um provérbio que diz: “quem quer colher rosas deve suportar os espinhos”. Espinhos rasgam. O que a gente precisa é de amor próprio. Ame mesmo que ninguém te ame de volta. Conserta sua própria asa, mesmo que ela se despedace em milhões de vezes, infinitas vezes. A gente sempre fica de pé novamente. A vida é sensível e intensa. Desejava que a vida fosse sem medo de se estilhaçar. A vida verdadeira parte do silêncio. Uma nova ideia, consciência. Na livraria, um livro “O cérebro que se transforma”. Toda rosa vem com espinhos, todo cérebro com pensamentos que se transformam.
Um novo texto, uma nova consciência. Parar na sinaleira me fez refletir. Por mais que desejamos não sofrer, sofreremos, mas te prometo que a vida não é só isso. A vida tem múltiplos encontros realmente possíveis. Vai! Corta os cabelos, troca os brincos, abre e fecha a porta, troca a blusa, passa um perfume diferente, faz uma playlist nova, acende uma vela, reza para teu Deus. De novo, a vida nem sempre pega leve, é preciso se pegar no colo.
Robson Kindermann Sombrio
Psicólogo (CRP 12/05587) e autor de vários livros de autoajuda. @robsonkindermannsom