Sem tempo suficiente para ir até o hospital, Amanda deu à luz em casa, com o auxílio do esposo
A experiência de um parto, por si só, é única e inesquecível. Entretanto, quando ocorre em casa e com o auxílio do pai, há mais elementos que fazem com que este momento se torne ainda mais especial e memorável. Assim, foi a história do nascimento de Maitê, filha da enfermeira Amanda de Sá Leal, 32 anos, e do bombeiro comunitário Cleberson Augusto de Andrade, 35 anos, moradores de Braço do Norte.
Outro fator que torna o acontecimento mais incomum foi o fato de ter sido um parto empelicado. Normalmente, é quando a bolsa estoura que há a sinalização de que o bebê está prestes a vir ao mundo. Porém, em casos raros como o de Maitê, o bebê permanece envolvido pelo saco amniótico mesmo após o nascimento. Além de ser rara, a cena dele envolto nesta película fina e transparente é bastante bonita e emocionante. Amanda conta que a escolha por parto normal ocorreu desde o início da gestação. “Eu sempre comentava que quem decidiria seria a Maitê. Estudei bastante e, cada vez mais, eu via a importância de o bebê dar um sinal para nascer. Foram nove meses de preparo psicológico, emocional e espiritual”, afirma, acrescentando que seu parceiro lhe deu todo o apoio e incentivo necessários e que as suas preces foram atendidas por Deus.
O inesperado aconteceu
Quando eram 8 horas, ela sentiu algo diferente e pediu para que o esposo olhasse. “Pedi para o Cleberson ver e era a bolsa. A bolsa não estourou, era como se fosse uma bexiga cheia de água saindo, uma loucura. Deitei no chão do banheiro e, quando meu marido olhou novamente, ele falou com um brilho nos olhos: ‘o cabelinho dela está aparecendo’”. Segundo ele, este foi o momento mais desafiador de todo o parto. “Até então, acreditávamos que daria tempo de chegar no hospital. No começo, foi tenso, sem saber se conseguiria auxiliar da maneira correta e se a ajuda especializada chegaria a tempo”. Apesar de tudo, Cleberson transparecia calma. “Quando tive a certeza que não daria tempo de ir ao hospital, liguei para um amigo que trabalha no Samu. Graças a Deus, ele estava em serviço. Também peguei algumas toalhas para deixar no chão para, caso a Maitê nascesse estando só nós dois em casa, poder pegar ela de forma mais aconchegante”, relembra.
Felizmente, os socorristas Day Farias e Fernando Longuinho chegaram rápido. “Eu continuava deitada de lado no banheiro da minha casa, coroando a cabecinha da Maitê”, descreve Amanda. “Veio uma dor intensa com a força involuntária, mas me retrai, até que o Cleberson veio atrás de mim para me segurar e a Day falou: ‘Amanda, faz força mais uma vez que ela vem’. Me senti segura com o meu marido me segurando e conseguimos. Ela nasceu, nasceu empelicada”.
A emoção e o alívio pós-parto
Amanda descreve a sensação ao ver a filha pela primeira vez. “Eu não sabia se eu ria ou se chorava, eu só queria ver se ela estava respirando. Que sensação maravilhosa quando entregaram ela nos meus braços com aquela pele molhadinha e quentinha”. Já Cleberson relata que foi um misto de sentimentos. “Depois que vi a Maitê nos nossos braços e que estava tudo bem com ela e a Amanda, foi uma explosão de felicidade e gratidão a todos que ajudaram nesse momento tão especial”, enaltece.
No Hospital Santa Teresinha, a família foi recepcionada pelos colegas de trabalho de Amanda. “Eles acompanharam o crescimento da Maitê na barriga. Fomos recebidas com muito amor. Mesmo sendo enfermeira e filha de parteira com experiência de 20 anos no Hospital Nossa Senhora da Conceição e meu marido sendo bombeiro, nunca cogitamos a ideia de um parto domiciliar. O parto natural é um misto de emoções, você vai no auge da dor e depois recebe o maior amor da sua vida em seus braços. Da forma como foi, só consigo entender que Deus esteve ali cuidando de absolutamente todos os detalhes para que nós estivéssemos bem”, conclui.
Os primeiros sinais
No dia 15 de junho, Amanda tinha uma consulta com o obstetra Rodrigo De Jesus Lenharte agendada para as 8h30min. Por volta das 7h, a dor começou a ficar mais forte e ela não conseguiu ficar na cama. Por isso, decidiu tomar um banho enquanto esperava o horário de sair de casa. Fez uma hidratação no cabelo e permaneceu debaixo do chuveiro, com a água caindo sobre a lombar, enquanto se apoiava em uma bola de pilates.
“Liguei uma playlist de louvores para parto e comecei a conversar com Deus, entregando para Ele tudo aquilo que iríamos viver”. Passados 40 minutos, ela chamou o esposo porque já não conseguia fazer nada sozinha. “Saí do box do banheiro e veio uma contração muito forte. Junto com ela, saiu o tampão mucoso”, relata. Quando isso aconteceu, entrou em contato com o obstetra, que a orientou a ir ao hospital. “As contrações vinham de minuto em minuto. Eu não conseguia, pensei que não aguentaria. A dor era muito forte”.