Segunda-feira, 18 de agosto de 2025
Braço do Norte
22 °C
14 °C
Fechar [x]
Braço do Norte
22 °C
14 °C
GERAL

Solidariedade renova as esperanças

Amigos e familiares e até desconhecidos, se unirem espontaneamente em uma campanha para recuperar o que foi perdido

11/02/2022 11h56 | Atualizada em 18/02/2022 16h34

É sempre muito bom quando projetos de vida saem do papel e se tornam realidade. Mas quando, por alguma razão, tudo se perde, a situação pode se tornar desesperadora. Porém, quando a ajuda acaba vindo de forma surpreendente, reacendem as esperanças. Na noite de 2 de fevereiro, quarta-feira, quando, durante a festa de inauguração, um incêndio destruiu o complexo esportivo Arena Belveder, no Bairro Bela Vista, o casal de São Ludgero Daniela Wessler e Dener Nazario viram seus sonhos virarem cinzas. Porém, apesar do desalento, acompanharam, horas após a tragédia, amigos e familiares e até desconhecidos, se unirem espontaneamente em uma campanha para recuperar o que foi perdido.

Dener, que é profissional de Educação Física, ex-jogador de futsal e já atuou junto à CME (Comissão Municipal de Esportes) de São Ludgero, conta que nos dias seguintes ao incêndio, foi difícil ter motivação para recomeçar. “Fiquei dois dias em estado de choque. Não tinha ânimo para voltar a trabalhar. Foi muita dedicação, comprometimento e recursos investidos na Arena”, lamenta.

Os planos de oferecer à cidade um empreendimento que oferece um espaço para a prática de esportes de areia surgiu em abril de 2021. Dener, com o apoio da esposa, a psicóloga Daniela, colocou o projeto em prática. Em julho, foi escolhida a área no Bela Vista onde seriam instaladas quatro quadras de beach tennis e futevôlei, duas delas cobertas; academia de musculação e ginástica; área social com serviços de bar e restaurante; churrasqueira, galpão e parque infantil.

Improvisado, profissional de Educação Física Dener agenda horários para prática esportiva

Em setembro começou a obra das quadras e reforma e ampliação de uma construção de já havia local e que se tornaria a área social, a academia e o escritório administrativo. “O total de área construída era de 310 metros quadrados, contando com as quadras, que foi a única parte que restou após o incêndio. A área social, o galpão e a academia, incluindo equipamentos de musculação, foram totalmente consumidos pelo fogo”, detalha Dener.


Ele lembra que fazia calor naquela noite. Cerca de 200 pessoas, muitos amigos e conhecidos, se fizeram presentes para prestigiar a inauguração. Por conta do clima quente, boa parte do público, principalmente as crianças, preferiram ficar do lado de fora. O próprio Dener também estava na rua quando, por volta das 22 horas, um amigo notou a forma estranha como a fumaça saía da chaminé da churrasqueira.

“Quando fui checar, percebi o fogo. Imediatamente avisei a todos que estavam na área social e chamamos o Corpo de Bombeiros. Na hora, achei que era apenas algo simples de resolver, apenas um princípio de incêndio. Então, tratei de ir atrás de mangueira e escada para tentar apagar o fogo. Consegui emprestadas a mangueira e a escada do vizinho, mas, em questão de minutos, quando cheguei, o fogo já havia tomado conta do telhado e algumas pessoas tentavam salvar algumas coisas do incêndio, como uma geladeira ou algum equipamento esportivo”, relata.

“Naquele instante, notei que não conseguiria combater o incêndio e passei a me preocupar com a integridade das pessoas. Pedi para quem estava do lado de fora que ali permanecessem e entrei na área social e convenci aqueles que tentavam salvar algum bem material que desistissem e deixassem a área. Mas eu permaneci ainda algum tempo lá, queria ter certeza de que não havia ninguém preso em algum cômodo ou que não tivesse alguma criança amedrontada escondida em algum canto. Depois que chequei todos os lugares, o forro da construção caiu e eu tive que sair pelo lado oposto de onde estava o público”, recorda visivelmente abalado. “Acreditando que eu pudesse ter ficado lá dentro, o pessoal ficou um tanto desesperado, porque demorou um pouco até eu me juntar a eles e dizer que estava tudo bem comigo”, recorda. Os bombeiros chegaram em seguida, mas também não conseguiram fazer muita coisa. O fogo acabou chegando até a academia e destruiu tudo.

Amigos e até desconhecidos, ajudam no recomeço

Apesar de todos os presentes terem saído ilesos, Dener não esconde a aflição com o ocorrido. Os prejuízos financeiros chegam às centenas de milhares de reais. “Ficamos aliviados que ninguém tenha se machucado. Mas, ao mesmo tempo, o desespero foi grande. Porque planejamos muito para termos a nossa Arena Belveder. Somente para a construção da área social, o investimento foi de R$ 95 mil. Outros R$ 100 mil foram para o galpão. Mas o prejuízo maior mesmo foi com a academia, porque eu costuma oferecer sempre equipamentos novos e de qualidade. Calculamos em torno de R$ 380 mil a R$ 400 mil o total de danos causados. E boa parte desse investimento foi feito à base de financiamentos. Portanto, além da perda do patrimônio, ainda seguimos com as dívidas para pagar”, estima.

Quadras não foram atingidas e seguem disponíveis

Mas, ainda enquanto a tragédia acontecia, veio a reação dos amigos. O engajamento foi quase imediato e, de um dia para o outro, a campanha para reconstruir a Arena Belveder já ocorria. “Na noite do incêndio mesmo, um amigo veio até mim e disse que iriam dar um jeito de reconstruirmos tudo. O proprietário da agência de comunicação que elaborou a nossa marca, por conta própria, criou a campanha e, acordei no dia seguinte com a repercussão nas mídias sociais. Criaram um nome, abriram uma vaquinha virtual, divulgaram conta de Pix e tudo mais. Pessoas que eu não esperava se manifestaram, fizeram doações e têm dado apoio. Fiquei realmente surpreso”, garante.
Como as quadras não foram destruídas, o profissional manteve aberta a Arena. Com algumas tendas, mesas e cadeiras e geladeiras emprestadas, Dener mantém o mínimo de estrutura para agendar horários e receber praticantes de esportes de areia.

Sua esposa, Daniela, destaca também o gesto de amigos e familiares que doaram bens materiais, especialmente de seu tio Abel, que doou uma relíquia de família: um Fusca 1995 com 13 mil quilômetros. “Esse Fusca era do meu avô e vamos sorteá-lo em uma rifa que começamos a vender nesta quinta-feira, dia 10”, afirma, ressaltando que o objetivo do casal tem sido apenas o de garantir a recuperação daquilo que foi perdido no incêndio. “Não esperamos que toda essa corrente de amor resolva nossos compromissos financeiros que o fogo adiou, isso ainda será por nossa conta. Assim que nossa Belveder estiver de pé, repassaremos essa corrente adiante e doaremos o que sobrar”, assegura.

Campanha ‘Pra cima Belveder’

Para quem tiver interesse em contribuir para a campanha ‘Pra cima Belveder’, basta buscar mais informações no perfil no Instagram @arena_belveder. O Pix para doação é pela chave de telefone 48996761010. Também pode ser feita pelo site vakinha.com.br, com o número de identificação 2668010.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Folha do Vale

Rua Manoel Neves, 470, Bairro Tiradentes, Gravatal, CEP: 88.735-000 - Santa Catarina.

Folha do Vale © Todos os direitos reservados.
Demand Tecnologia
WhatsApp

Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Ok, entendi!