Lideranças sindicais analisam estes dados de Braço do Norte
A população residente na área rural de Braço do Norte passou de 41% em 1980 para apenas 15% em 2023. Este dado foi apresentado na Análise Situacional do Programa de Desenvolvimento Econômico Local (DEL) e a Folha do Vale conversou com os presidentes do Sindicato Rural, Edemar Della Giustina, e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Adriano Schueroff, para entender de que forma este fato reflete nos aspectos sociais e econômicos.
Em 1980, Braço do Norte possuía 11.967 moradores. Já em 2023, 43 anos depois, a prévia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que há 34.113 habitantes. De acordo com os presidentes, possuir apenas 15% de pessoas residentes na área rural não é um dado preocupante. “Em nosso município, a população urbana cresceu muito e, por isso, existe essa diferença. A população rural, por sua vez, não diminuiu. Além disso, muitas áreas rurais, atualmente, passaram a ser áreas urbanaS”, explica Edemar.
De acordo com Adriano, o êxodo rural, ou seja, a migração dos habitantes do campo para cidade, sempre irá existir. Dessa forma, este é um fato comum. Apesar disso, mudanças têm sido observadas. “Nem todos as famílias constituídas na área rural irão ficar na agricultura, então sempre vai haver êxodo rural. Só que, no momento atual, muitos filhos de agricultores estão voltando para a agricultura. A maioria está ficando e outros voltando”, revela.
“Nós, como lideranças sindicais, incentivamos os filhos dos produtores para fazer a sucessão familiar. Nós sempre estamos em defesa dos produtores, auxiliando-os nas questões previdenciárias e tributárias, levando novos conhecimento, tecnologias e cursos profissionalizantes”, reforça Adriano. Apesar disso, não basta apenas a intenção dos habitantes de se manterem na zona rural, é fundamental que o poder público garanta políticas públicas de incentivo e também infraestrutura adequada.
“Já tivemos uma evolução considerável e grandes melhorias na questão das vias rurais, mas, em nossa visão, existe muito a ser feito ainda”, avalia Edemar Della Giustina. A Análise Situacional do DEL mostrou, por meio de pesquisa realizada com a população, que as principais carências neste sentido se encontram na infraestrutura de telefonia e internet e na questão da mobilidade. Segundo as lideranças, para a telefonia e internet, são necessários mais investimentos por parte do poder público e não somente da iniciativa privada, como vem acontecendo.
Já para a questão da mobilidade, é fundamental uma ação mais estratégica. “Melhorar o planejamento na execução das obras, visando os pontos mais críticos”, sugerem. Apesar das melhorias necessárias, o agronegócio se mantém entre as principais atividades econômicas de Braço do Norte. Para as lideranças sindicais, existe um conjunto de fatores que contribuem para isso: “a persistência, o empreendedorismo, a tecnologia, o povo trabalhador, as organizações de classe e o conhecimento que os agricultores buscam a todo momento”, enumeram.
O DEL conta com Câmaras Técnicas voltadas para diferentes áreas. Elas são formadas por um grupo de pessoas que atuam nestes setores e que buscam aprofundar a discussão sobre determinados temas. Dessa forma, contribuem para a criação de políticas públicas e fazem sugestões de melhorias necessárias visando o desenvolvimento sustentável, pensado para o longo prazo, do setor que representam.
Para isso, o DEL de Braço do Norte prevê uma parceria com o Sindicato Rural e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais para planejar o setor do agronegócio, mas é possível unir ainda mais força neste sentido. “Conforme já discutidos em reunião, a área rural precisa contar com, no mínimo, seis ou oito pessoas, que representarão todos os seguimentos do agronegócio, como, por exemplo: o Sindicato Rural, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a Associação dos Produtores de Suínos (ACCS), a Associação dos Produtores de Bovinos (ACCB), a Associação dos Piscicultores, os líderes comunitários e representantes de lacticínios e frigoríficos”, defendem. Dessa forma, as lideranças acreditam que será possível atuar no sentido de estruturar e desenvolver projetos que possam potencializar ainda mais o setor.