Frigoríficos x Suinocultores: Preço do suíno será negociado entre as classes

Em reunião, representantes da indústria e da matéria prima decidiram negociar o valor do suíno a cada semana. Custo de produção é o principal entrave para os produtores  O custo de produção do quilo de suíno vivo em junho aumentou R$ 0,10 em relação a maio, chegando aos R$ 4,17 em Santa Catarina segundo a Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa (CIAS). No início do ano, em janeiro, o mesmo custo era calculado em R$ 3,49. Essa alta atinge ferozmente o produtor que encontra outro entrave: a comercialização do suíno. Os quase 130 suinocultores independentes que abatem cerca de 360 mil animais, por ano, em Braço do Norte, enfrentam dificuldades com o baixo preço pago pelos frigoríficos da região e a atividade apresenta-se cada vez mais inviável. Em busca de soluções para esses impasses, na última semana, suinocultores e representantes de frigoríficos se reuniram no Sindicato Rural para debater alternativas. “O momento é de desespero. Ter um prejuízo em torno de R$ 130 por animal produzido realmente fica difícil. Se reunir e conversar com os frigoríficos não significa sair do prejuízo, mas amenizar a situação. O produtor quer saber se existe a possibilidade de ter pelo menos, um preço de referência, caso contrário, a migração para o fechamento de granjas será grande”, destacou Adir Engel, secretário da agricultura do município e presidente Regional Sul da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS). Durante a reunião ficou decidido que o preço do suíno será negociado na sexta-feira de cada semana. “A princípio será assim, mas alguns frigoríficos acham melhor na terça em virtude da bolsa de suínos de São Paulo ocorrer na segunda. Alguns produtores queriam preço base, mas foi definido que prevalece a lei da oferta e procura”, afirma o suinocultor Diogo Schotten Becker. Ele considera que a reunião foi produtiva com a grande participação de frigoríficos e produtores. Um novo encontro foi marcado para agosto. “O custo de produção está muito alto, este é o nosso principal entrave. Na formação do custo do saco de milho, metade é frete. Hoje custa R$20,40 de frete para trazer um saco de milho do centro Oeste”, revela o suinocultor.   Dia do Suinocultor Apesar das dificuldades e das várias crises enfrentadas pela classe, na última terça-feira, 24 de julho, foi comemorado o Dia do Suinocultor. Das mais de três milhões de toneladas de carne suína produzidas no Brasil em 2017, os catarinenses foram os responsáveis por 26,83% da produção e por 40,28% das exportações, consolidando-se como o maior produtor e exportador nacional da proteína animal. “Hoje a carne suína produzida pelos nossos suinocultores alimenta milhares de consumidores no Brasil e atende a demanda dos mercados internacionais mais criteriosos do mundo. O trabalho que começa lá no campo é responsável também por promover o desenvolvimento econômico de Santa Catarina e do Brasil. Mas para que o Estado se tornasse a referência produtiva que é hoje, foram necessários muitos anos de trabalho, que envolveu produtores, agroindústrias, lideranças governamentais e entidades representativas”, afirma o presidente da Associação dos Criadores Catarinenses de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi. A entidade comemorou no mesmo dia, 59 anos de fundação. “Desde o dia 24 de julho de 1959, as personalidades que fizeram parte da história trabalharam diuturnamente para o melhoramento genético dos animais, para promover os benefícios do consumo da carne suína para a população, além de intermediar o diálogo entre produtores e as indústrias”, ressalta Losivanio.