GERAL
Falta de UTI causa duas mortes em Braço do Norte
20/07/2018 08h00 | Atualizada em 23/07/2018 12h37
Direção do Hospital Santa Terezinha busca alternativas para a implantação de leitos de UTI na unidade de saúde
Com o crescente aumento da demanda da região do Vale cresce também a necessidade de mais vagas em hospitais que ofereçam suporte para média e alta complexidade por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Para se ter uma ideia, em 2017 a Central de Regulação de Leitos da Macrorregião Sul recebeu mais de 350 solicitações de internação em leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pelos hospitais da região. Estima-se em média, que sete pacientes ao dia necessitam de vagas em leitos de UTI no Estado.
Diante da necessidade é cada vez mais difícil encontrar hospitais que atendam SUS e que ofereçam vagas. “Infelizmente, em nossa região não existem hospitais que ofereçam vagas de UTI. O local mais próximo que podemos recorrer é Tubarão e Criciúma. Para se ter uma ideia, na última semana, perdemos dois pacientes por falta desse serviço. Tivemos um paciente transferido por ordem judicial para a internação e foi levado a uma unidade particular e conseguimos controlar um caso grave, que necessitava de unidade de terapia intensiva, aqui mesmo no hospital”, explica o diretor técnico do Hospital Santa Terezinha (HST), de Braço do Norte, Dr. José Nazareno Goulart Junior.
Pensando nisso, desde o início deste ano, a direção do HST busca uma alternativa viável para a implantação de leitos de UTI na unidade de saúde. Um projeto de ampliação foi realizado e apresentado ao Estado, e contempla além dos leitos de UTI, toda infraestrutura necessária para um atendimento de qualidade em casos de extrema urgência, como exames complexos e agência transfusional. “Essa é outra medida que não podemos mais esperar. Hoje levamos até seis horas para conseguirmos realizar uma transfusão de sangue no hospital, pois temos que recorrer ao Hemosc de Criciúma para conseguir. Mas uma vez, estamos falando de tempo entre vida e morte no caso de pacientes em estado grave”, ressalta o médico.
Obras do novo hospital continuam paradas
A luta pela implantação de leitos de UTI na região fez reascender uma importante discussão: a continuidade da obra do novo hospital, na localidade de Rio Bonito. “Essa administração sempre deixou claro que pretende continuar a obra do novo hospital. No entanto, todo recurso lá investido é proveniente de recurso público e para a conclusão da obra é necessário um investimento calculado em R$50 milhões, o que levaria anos para a finalização. Nossa necessidade imediata é de leitos de UTI. Não queremos e não vamos abandonar o sonho do novo hospital, mas temos que atender a demanda de hoje”, explica o presidente da instituição, Camilo Alberton.
O diretor geral do HST, Vitor Abitante, afirma que essa é uma luta de todos e a entidade conta com a população. “Não queremos dar mais notícias ruins para as famílias que aqui esperam e dizer que perdemos um paciente por falta de UTI, porque não tínhamos o suporte necessário para mantê-lo vivo, isso tem que acabar. Muitas vezes temos que adaptar os sonhos, para conquistar os objetivos”, enfatiza.
Prefeitura apresenta proposta para a obra
Com o foco na implantação de leitos de UTI e melhorias na atual sede do hospital, a obra iniciada no terreno no Rio Bonito permanece parada. De acordo com o prefeito Beto Kuerten Marcelino, a prefeitura pretende apresentar proposta junto ao governo do Estado para solicitar a doação dos R$ 7 milhões já investidos na construção. “Estamos à disposição do hospital. Hoje a obra necessita de muitos investimentos e levará anos para ficar pronta. Para não perder a estrutura levantada no terreno, ano que vem, queremos apresentar proposta ao governo do Estado para que o município seja o responsável pela obra”, revela.
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