O criador de suínos de Braço do Norte Valério Perin Júnior aguarda pelo aquecimento do mercado interno para o setor no restante de 2021. Assim, poderá recuperar os prejuízos acumulados neste início de ano, já que, no momento, os custos de produção superam o preço vendido aos frigoríficos. Esta é a realidade dos demais produtores da região. Apesar da atual situação adversa para a produção, há uma expectativa de melhora para os próximos meses.
A análise do produtor braçonortense encontra eco na opinião do presidente da ACCS (Associação Catarinense de Criadores de Suínos), Losivanio Luiz de Lorenzi, que relata que os produtores de Santa Catarina passaram por situação semelhante no ano passado. “O início de 2020 também foi difícil. Mas, no decorrer dos meses, a situação foi melhorando e acabamos encerrando o ano com um resultado muito positivo”, destaca o presidente, que esteve em Braço do Norte na semana passada.
Segundo Losivânio, 2020 foi um ano de recordes no abate de suínos em todo o Brasil. E Santa Catarina foi o destaque, como líder absoluto do setor. Não só contou com um crescimento na sua produção, como também aumentou a participação do estado no cenário nacional. No País, foram 49,3 milhões de animais abatidos no ano passado. Santa Catarina contribuiu com 14,2 milhões de cabeças, representando 28,8% da produção nacional. Em 2019, quando já havia sido batido o recorde histórico, foram 43 milhões de suínos abatidos em nível nacional. Santa Catarina, com 12,5 milhões de cabeças, representou 27% desse total. Cada animal abatido rende cerca de 90 quilos de carne.
A principal razão desses números favoráveis é a exportação de carne suína in natura, que no atual quadro segue o caminho oposto do mercado interno. E não apenas a valorização do dólar frente ao Real é atrativa. Mas também por conta da alta demanda pelos cortes catarinenses de suínos. Em 2020, o setor teve um aumento de 35% no faturamento nesta modalidade de comércio e, pela primeira vez, rompeu a barreira de US$ 1 bilhão.
Santa Catarina embarcou mais de 523,3 mil toneladas, obtendo US$ 1,2 bilhão em receitas cambiais. Entre 67 países, os principais destinos foram China, Chile, Hong Kong e Japão. O Estado respondeu por 52% do total exportado pelo Brasil. Em 2019, foram 411,3 mil toneladas embarcadas, gerando um faturamento de US$ 856,6 milhões, um aumento de 31% em relação ao ano anterior. E os números devem se manter promissores neste ano de 2021.
“A China, nosso principal mercado exportador, continua enfrentando problemas sanitários em seus plantéis. Depois da gripe suína, agora o problema é a peste suína africana”, acrescenta o presidente da ACCS, Losivanio de Lorenzi. “O governo chinês tem atuado para resolver essa questão. Até lá, a situação será favorável à nossa carne. E, mesmo que consigam sanar o problema, ainda teríamos mercado. Pois a China é um mercado enorme, com muita demanda, e nossa carne suína é de qualidade, com sanidade garantida e com preço competitivo”, acredita o criador.
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Ainda sobre os preços da carne suína no mercado interno, produtores membros da ACCS em Braço do Norte debateram a questão na noite de terça-feira, dia 6, e decidiram formar uma comissão que irá cumprir uma agenda junto aos frigoríficos da região com o intuito de alinhar os valores pagos. “A proposta é termos um preço referência, como no mercado de São Paulo. Devemos começar as visitas junto aos frigoríficos nesta semana”, comenta o produtor Valério Perin Júnior.
O Vale do Braço do Norte responde, atualmente, a 45% dos produtores independentes de Santa Catarina. Apenas na cidade de Braço do Norte, são 138 propriedades que atuam no ramo, contabilizando 25 mil matrizes na produção de leitão, 15 mil na área de suínos terminados e 28 propriedades realizando a engorda.
A produção no Município é de aproximadamente 700 mil leitões e mais 380 mil suínos terminados ao ano. Se for calculada a remuneração média de R$ 5,00 pelo quilo do animal vivo, o movimento econômico atinge a marca dos R$ 35 milhões anuais.