Folha do Vale entrevista a autora da denúncia que terminou com o afastamento de quatro profissionais do Ciaca pelo Ministério Público
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A psicóloga que trabalhou em caráter temporário no Ciaca por nove meses e deixou a instituição há cerca de dois anos, foi a autora da denúncia apresentada na Justiça e também à coordenadora da entidade, Marlise. Para à reportagem da Folha do Vale, ela revelou, com exclusividade, as situações que presenciava já naquela época e que levaram a denúncia no início deste ano. Seu nome será mantido em sigilo.
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Agressões aconteciam em locais afastado das câmeras no Ciaca[/caption]
“Normalmente, eu trabalhava com o atendimento individual. Quando terminava meu serviço, e sobrava algum tempo, tentava ajudar no trabalho das cuidadoras e auxiliares. Foi aí que eu presenciei certas atitudes que não eram adequadas no tratamento com os abrigados”, afirma.
Segundo a autora da denúncia, essas atitudes consistiam, principalmente, em agressões verbais e violência psicológica. “As crianças já chegavam no abrigo em uma situação de grande vulnerabilidade e eram xingadas por essas funcionárias, rebaixadas a uma condição ainda mais degradante. Também eram tratadas com rigidez excessiva. Por exemplo, o horário para as crianças deitarem é 21 horas, mas, não faz mal a ninguém se uma adolescente de 14 anos quiser assistir um pouco de tevê até mais tarde. Elas não permitiam de jeito algum”, relata. “Se crianças choravam na cama, depois deste horário não eram atendidas. Elas ficavam no quarto, sozinhas. E se eu tentasse atender, elas diziam que eu não deveria me intrometer no serviço delas”, completa.
A psicóloga conta ainda que as profissionais davam banho com água fria nos acolhidos. Até mesmo um cadeirante abrigado naquela época. Relatou o caso à coordenação, que, segundo ela, tomou todas as atitudes cabíveis para evitar novas situações, como a abertura de Processo Administrativo (PAD) e novas orientações para todos os profissionais, inclusive com psicólogos.
Ela não trabalhava mais no abrigo, mas continuou a ouvir relatos, principalmente da sua irmã, que ainda atuava na instituição, de que tais funcionárias continuavam a tomar atitudes incorretas. “Aí foi a gota d’água! Eu não podia mais deixar que isso continuasse. Então apresentei a denúncia ao juiz”. Como já haviam câmeras de vídeo nas dependências do prédio do Ciaca, exceto nos banheiros, por solicitação do magistrado, também foram instalados microfones para captarem áudios, já que as agressões ocorriam longe do vídeo. “Ainda por orientação do juiz, fiz questão de entregar uma denúncia por escrito ao Ministério Público e uma cópia à coordenadora do Ciaca”, revela que fez questão de assinar. Não pediu anonimato.
Para a autora da denúncia, as funcionárias afastadas não têm preparo ou vocação para cuidar de crianças em situação de vulnerabilidade. “Elas não são felizes fazendo aquele trabalho. Acredito que elas possam ser ótimas profissionais, mas em outra área. Não no social”, argumenta. “Também é importante dizer que, na minha opinião, a coordenação do Ciaca tem feito um trabalho excelente. Fizeram o que estavam ao seu alcance com relação à minha denúncia e, eu posso afirmar, tudo é feito pelos coordenadores e equipe técnica para que essas crianças recebam todo o carinho e amor que necessitam”, garante.
Entenda o caso lendo aqui.