Exatas 646 toneladas de material reciclável deixaram de ser descartadas no lixo comum
Cotidianamente, a advogada Käthe Schmidt Kürten dos Santos tem o mesmo cuidado com o lixo da sua casa. Moradora do bairro Lado da União, em Braço do Norte, ela separa o material reciclável daquilo que não pode ser reaproveitado. No seu quintal, mantém dois latões distintos, um para cada tipo de resíduo.
“Aqui em casa costumamos separar tudo corretamente. Isto é um hábito que adquiri no período em que morei em Florianópolis, em 2004. A coleta seletiva já existia e eu aprendi como é importante para o meio ambiente e para a saúde da população em geral. Em 2005, quando voltei para Braço do Norte, continuamos a manter o hábito de separar o lixo, mesmo que a coleta ainda fosse normal”, conta.
Com a implantação do programa de coleta seletiva no município, foi mais fácil para a advogada e sua família preparar os resíduos recicláveis para serem recolhidos semanalmente. “No início tivemos alguns problemas na coleta e cobramos por parte da Prefeitura e da empresa para que o serviço fosse prestado de forma correta. Isso foi sendo resolvido. Acredito que a empresa e a equipe responsável foi se adequando às necessidades da nossa vizinhança e hoje temos um serviço de coleta seletiva bastante satisfatória”, destaca Käthe, sua participação como moradora no sucesso do programa.
A separação do lixo reciclável daquele que não pode ser reaproveitado tem se tornado um hábito cada vez mais comum nas casas braçonortenses desde que o Programa Lixo no Lugar Certo foi implantado, em janeiro de 2019. Um levantamento realizado pela Funbama (Fundação de Meio Ambiente de Braço do Norte) aponta que desde a implantação até novembro de 2020, exatas 646 toneladas de material reciclável deixaram de ser descartadas no lixo comum.
“São dados que nós consideramos positivos, pois quanto mais material nós conseguimos recolher por meio da coleta seletiva, menor são os gastos do município com o lixo comum. Isso ocorre porque, quando se trata de lixo comum, a Prefeitura paga por tonelada, tanto para coletar quanto para transportar e depositar os resíduos no aterro sanitário. Enquanto que com os resíduos que são reaproveitáveis, o valor pago é fixo”, esclarece a engenheira ambiental e sanitarista da Funbama, Bianca Mendes.
O Município de Braço do Norte paga, mensalmente, R$ 32.335,00 à empresa Racli para fazer a coleta dos resíduos recicláveis. Desde que foi implantado o programa, o valor tem sido o mesmo. Já quanto ao lixo que vai para o aterro sanitário, os custos de coleta e transporte, além do que é cobrado para ser descartado, variam. No ano de 2018, os valores pagos pela Prefeitura para a coleta convencional atingiram uma média de pouco mais de R$ 224 mil por mês. Com a implantação da coleta seletiva, de janeiro de 2019 a novembro de 2020, o custo mensal médio caiu para R$ 217 mil.
Em termos de quantidade, a média de lixo que era depositada no aterro sanitário, localizado no município de Pescaria Brava, em 2018, era de 570,5 toneladas/mês. Após a implantação do programa, o número mensal caiu para 553 toneladas. “Se levarmos em conta, nesse período, a ampliação da rota da coleta, tanto reciclável como convencional, atendendo também a população na área rural, houve uma considerável redução do custo e também da quantidade de lixo que é descartado sem nenhum tipo de aproveitamento com a coleta convencional”, comemora Bianca.
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Dica: Você pode fazer uma composteira em sua casa com esses resíduos. Basta pesquisar na internet para saber como.
A coleta seletiva de Braço do Norte funciona de maneira simples. Basta o morador, na hora de descartar o seu lixo, separar o chamado “lixo seco” - plásticos, latas, vidro, papel, embalagens em geral - do resíduo orgânico ou que não pode reutilizado - fraldas descartáveis, por exemplo. Uma vez por semana, em um dia pré-determinado, um caminhão específico para materiais recicláveis passa pela rua e recolhe os resíduos. Na área rural, esse recolhimento ocorre uma vez por mês.
“É muito fácil descartar o lixo reciclável. Não precisa separar por classe de material, um saco apenas para papel, outro só para o metal ou somente plástico, por exemplo. Não tem problema se estiver tudo junto. Basta tomar certos cuidados, como passar uma água nas embalagens que tiverem restos de comida ou em garrafas pet. Depois, pode deixar armazenar o reciclável num saco comum para lixo e, no dia da coleta, deixar no mesmo local onde se deixa o resíduo convencional no dia que o caminhão da coleta seletiva passar”, detalha a engenheira ambiental.
Após o recolhimento feito pelo caminhão, os resíduos são levados para o centro de triagem da empresa responsável pela coleta situado na Avenida Getúlio Vargas, no Bairro Santa Augusta. No local, funcionários fazem a separação por tipo de material. Os resíduos são, então, empacotados e vendidos para empresas especializadas em reciclagem e o que de fato não pode ser reaproveitado é descartado no lixo comum. “É importante que os moradores saibam qual dia da semana a coleta seletiva vai passar na sua casa, pois tanto o caminhão de lixo reciclável quanto o de lixo convencional pertencem à mesma empresa e são um pouco parecidos. Para não correr risco de descartar os resíduos aproveitáveis por engano na coleta comum, é só acessar o site da Funbama - funbama.com.br - que todo o itinerário está lá, ou ainda telefonar no 3658-5110”, alerta Bianca.
Nestes dois anos, o trabalho da Fundação também tem sido voltado para a conscientização da população com relação à coleta seletiva. Além da divulgação de materiais informativos, especialmente nas redes sociais, ações de educação ambiental com crianças em idade escolar, antes do início da pandemia de Covid-19, já foram realizadas e devem ser retomadas quando possível. O objetivo é fazer com que mais pessoas façam como a advogada Käthe dos Santos, contribuindo para o aumento do recolhimento de material reciclável, reduzindo custos com lixo comum e, principalmente fazendo que todos tenham hábitos mais sustentáveis.