Secretaria da Saúde envia para a Câmara de Vereadores projeto para aumentar repasse aos médicos que trabalharem na cidade
Um dos maiores problemas enfrentados pelo município de Gravatal é a falta de médicos na rede municipal. As Estratégias Saúde da Família do Centro, Bela Vista e Interior encontram-se carentes de profissionais. Francismare Rossi Lessa, secretária Municipal de Saúde de Gravatal, desde 2017 participa do Café da Folha desta semana e fala o que a Prefeitura vem fazendo para sanar esta dificuldade. Francis já foi secretária de Saúde de Braço do Norte na gestão passada, bem como durante o último ano da administração de Nei Fernandes em 2012.
Quais maiores dificuldades enfrentadas nestes dois anos que você está à frente da Secretaria?
Francis Rossi -
Com certeza é a falta de recursos para a área da Saúde. Hoje temos R$ 6 milhões de orçamento no ano. É pouco para contratarmos os profissionais necessários e manter, a contento, o bom funcionamento da estrutura. Como compra de medicamentos, exames e valorizar, como deveria ser, os servidores da saúde.
Quanto mais seriam necessários para sanar esta deficiência?
Francis -
Não é questão de valores, mas de compromisso dos governos do Estado e Federal com a saúde da população brasileira. Hoje temos dificuldades para contratar serviços com a tabela do SUS (Sistema Único de Saúde), que se encontra defasada há anos. Por isso, os trabalhos básicos e de média e alta complexidade, têm que ser complementados com recursos próprios do município. Como repasse para hospitais e exames na rede privada. Hoje, seriam necessários, no mínimo, mais R$ 4 milhões anuais. Dinheiro que não sobra no caixa da Prefeitura.
O que Gravatal tem de diferencial na área da Saúde em relação aos outros municípios?
Francis -
Uma equipe boa de profissionais que, repito, apesar do déficit nos salários, realiza um excelente trabalho. Outro diferencial, é a autonomia de gestão dada pelo prefeito Edvaldo Bez de Oliveira. Nos dá segurança nas decisões que tomamos, à medida que sabemos que não serão impedidas. Não poderia deixar de fora, a questão da utilização das águas termais para tratamento de saúde. Fornecemos, gratuitamente, para o morador de Gravatal banhos terapêuticos no balneário dos hotéis parceiros.
A secretaria vem recebendo críticas quanto a atendimento e, paradoxalmente, você afirma que a equipe presta um excelente trabalho, como explicar esta contradição?
Francis -
A gestão da saúde pública é muito complexa. Trabalhamos com a parte mais sensível do ser humano, o momento de dor. Estamos sempre em busca do trabalho de excelência, porém as dificuldades são constantes. Hoje, por exemplo, há falta de médicos em algumas comunidades (Centro, Bela Vista e Interior). Por mais gentil que a equipe que está na unidade de saúde da comunidade recepcione o usuário, com certeza ele irá reclamar pela falta do atendimento. O que, infelizmente, esbarra na questão da remuneração dos profissionais médicos. Enquanto não houver um repasse maior para esta contratação, não temos como competir com outros municípios da região.
Como resolver a curto prazo esta situação?
Francis –
Envio, ainda esta semana, para a Câmara de Vereadores um projeto de lei que solicita a criação de uma gratificação para os médicos que atuarem na ESF (Estratégia Saúde da Família). Para se ter uma ideia, um médico contratado par atuar oito horas por dia recebe R$ 7,5 mil bruto. Com a bonificação, passariam a receber R$ 10,5 mil. O que atrairia novos profissionais para nossa cidade.
E quanto a estrutura da Secretaria. Há necessidade de alguma melhoria?
Francis -
Precisamos reformar a estrutura física do Centro Médico Especializado (antigo hospital). Ele tem problemas e precisa de uma melhoria. Para isso ainda estamos em busca de recursos. Por outro lado, através do trabalho do vereadores, ao qual agradecemos, já temos cadastrados R$ 400 mil de emendas parlamentares dos Governo Federal para este ano e R$ 450 mil de emendas do Governo do Estado, vindas através dos deputados. Eles serão usados no custeio da saúde e não podem ser usados em melhorias físicas. Se entrarem, realmente, ainda este ano realizaremos um mutirão para zerar a fila de exames e consultas especializadas na saúde.