Dona Antônia Batista Ferreira e seu Manoel Ferreira de Braço do Norte vivem o amor e a cumplicidade desde 1948

“Até que a morte nos separe” ou “que seja eterno enquanto dure”?. Existem duas formas de encarar um relacionamento. Vivemos em uma época em que os namoros iniciam sem perspectivas futuras. Uma noite, um mês, um ano... Sem compromissos.
No entanto, ainda há aqueles casais que desejam que o amor dure para “sempre”. Que a paciência não esgote, que os beijos não sejam esquecidos e que o companheirismo sempre permaneça, por mais difíceis que sejam as circunstâncias do dia a dia. Afinal, dividir o mesmo teto também significa compartilhar medos, anseios, frustrações, entre tantas outras dificuldades encontradas no caminho da vida.
Seu Manoel Ferreira, de 91 anos, está há 70 anos casado com dona Antônia Batista Ferreira, de 89 anos. Eles acreditaram que o amor pode suportar todas as provas e na terça-feira, 25 de setembro, comemoraram Bodas de Vinho.
Ao lado dos filhos e amigos, seu Neco e dona Antônia recordaram momentos de alegrias e mesmo com as dificuldades e doenças provenientes da idade avançada, destacaram a importância de se cultivar o amor. “Nosso casamento não foi arranjado. Nos aproximamos por amor e não consigo nem imaginar ficar longe dele”, diz dona Antônia, ao segurar as mãos calejadas de seu companheiro de tantos anos.
De um tímido amor ao casamento

Antônia e Manoel são naturais de Braço do Norte e se conhecem desde a infância, já que são primos de segundo grau. Na adolescência, Antônia foi visitar a casa do primo de sua mãe, que coincidentemente era o pai de Manoel. “Começamos a nos conhecer melhor e iniciamos um namoro. Mas nunca ficávamos sozinhos. Saía eu, ele e nossas primas para a igreja e assim fomos levando por nove anos”, relembram.
Dona Antônia se orgulha em dizer que após nove anos de namoro e mais cerca de seis meses de noivado, realizou o sonho de entrar de branco na igreja, quando disse o tão esperado “Sim”, ao esposo. “Pude entrar de branco na igreja, pois me casei virgem. Sempre o amei e o amo até hoje”, ressalta.
O casal de agricultores iniciou a vida na comunidade de Azeiteiro e após alguns anos se mudaram para o bairro Floresta, onde vivem até hoje. Desse amor nasceram 11 filhos – oito homens e três mulheres. Hoje o casal possui 19 netos e 10 bisnetos. Seu Neco conta que Antônia sempre foi muito ciumenta, o que era motivo de discussões. “Nossas brigas eram por causa de ciúmes, mas sempre fui um homem sério e aos poucos fomos superando esses problemas”, relata.
Relacionamento movido por amor e fé
Os dois concordam que o segredo para o casamento duradouro são o amor e a fé em Deus. “Hoje em dia as pessoas não acreditam mais no amor e muito menos no casamento. Qualquer dificuldade já se separam. Precisa ter fé no coração e acreditar que com amor e companheirismo podemos superar tudo”, acreditam. O casal passou por muitas tragédias na família. Há alguns anos perderam três filhos em acidentes de trânsito, o que abalou a saúde deles. “Meu coração ficou com uma ferida”, lamenta a mãe.
Exemplo e orgulho da família

A vida longa desse relacionamento é motivo de orgulho para os filhos. Seu Neco e dona Antônia são referência entre amigos e familiares. “Eles são nossos exemplos, nosso orgulho. Tenho 35 anos de casada e aprendi muito com meus pais. Vimos que o amor precisa ser alimentado a cada dia, como sempre fizeram. Nos mostraram que o relacionamento pessoal vem primeiro que o sexual. É importante conhecer bem a pessoa antes de qualquer coisa”, comenta a 10ª filha do casal, Janete Ferreira Beckhauser. Ela mantém viva a memória dos sábados à noite, quando seus pais a levavam junto com seus irmãos à missa. “Eles sempre tiveram muita fé e repassaram isso pra nós. Lembro que depois da missa o pai dava pipoca e pirulito pra cada filho. Era uma festa. Éramos uma família humilde, mas unida e feliz e continuamos celebrando essa união até hoje”, comenta.