Dados revelam situação crítica no Grande Oeste e Foz do Rio Itajaí, com falta de UTIs pediátricas e neonatais
O cenário foi exposto durante a sessão da Assembleia Legislativa nesta quarta-feira, dia 18, e acende um alerta para gestores estaduais e federais. A ocupação dos leitos de UTI no Grande Oeste levou à decretação de emergência em saúde pública, impulsionada pela alta de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no outono. A consequência é clara: pacientes, inclusive recém-nascidos, estão sendo transferidos para outras regiões por falta de estrutura local.
Atualmente, enquanto a média estadual é de 1,6 leito de UTI adulto e 1,4 leito pediátrico por 10 mil habitantes, o Grande Oeste conta com apenas 0,59 leito pediátrico por 10 mil habitantes, quase metade do mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério da Saúde, que é de 1 a 3 leitos. Na mesma região, a média de UTIs adultas é de 1 leito por 10 mil habitantes, situação semelhante à da Foz do Rio Itajaí.
O problema se agrava nas UTIs neonatais. Apesar de a média estadual ter subido para 3,4 leitos por mil nascidos vivos, no Grande Oeste o índice é de apenas 1,81, e na Foz do Rio Itajaí, 1,69 — ambos abaixo do mínimo legal de 2 leitos por mil nascidos vivos, segundo a Portaria GM/MS nº 03/2017, e muito distantes dos 4 leitos por mil nascidos vivos recomendados pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
Nos últimos quatro meses, 65 pacientes do Grande Oeste — metade deles recém-nascidos — foram transferidos para outras regiões por falta de leitos. As transferências, muitas vezes feitas de forma aérea, não só elevam os custos do sistema de saúde, como também aumentam os riscos clínicos e causam sofrimento às famílias.
Diante desse quadro, cresce a pressão para que os governos estadual e federal atuem imediatamente. A cobrança é pela aprovação do Plano de Ação Regional (PAR) das macrorregiões do Grande Oeste e da Foz do Rio Itajaí, que está parado desde 2023 no Ministério da Saúde. A expectativa é que, com a liberação, possam ser implantados novos leitos de UTI e serviços de urgência e emergência, estruturando melhor essas regiões.
A correção dessas disparidades, além de salvar vidas, aliviaria também a sobrecarga de outras regiões que hoje recebem pacientes deslocados.
“A saúde pública não pode esperar. As famílias do Grande Oeste, da Foz do Rio Itajaí e de todo o estado merecem acesso digno e imediato a leitos de UTI em suas regiões. É urgente garantir equidade no atendimento, salvando vidas e reduzindo o sofrimento da nossa população”, reforça o deputado Mário Motta, que levou o tema à tribuna da Alesc.
Apesar da criação de 264 novos leitos de UTI em Santa Catarina nos últimos meses — incluindo neonatais, pediátricos e adultos —, os dados mostram que os avanços ainda estão longe de resolver as desigualdades regionais. Enquanto algumas regiões se mantêm dentro dos parâmetros recomendados, outras, como o Oeste e a Foz do Rio Itajaí, continuam em situação de emergência.