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GERAL

A influência da fé nos tratamentos médicos

09/04/2021 14h05 | Atualizada em 19/04/2021 11h19

Documento lançado por médicos brasileiros ratifica e detalha a importância da espiritualidade para os pacientes

"A fé despeja uma inesgotável torrente de energia”. A frase foi dita há mais de um século pelo canadense William Osler (1849-1919), pensador da medicina moderna. Contudo, até muito recentemente, medicina e espiritualidade não conversavam. Hoje, nove em cada dez universidades médicas nos Estados Unidos incluíram na grade curricular o tema espiritualidade e saúde. No Brasil, apesar de ainda engatinhar, o tema ganha maior relevância em tempos de pandemia, quando correntes de oração são cada vez mais comuns pedindo a cura e o fim da doença.

Um completo documento sobre a relevância da espiritualidade e de atributos como a compaixão e o perdão no tratamento de diversas doenças foi recentemente publicado pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), referência na medicina brasileira. A ideia é que, ao investigar a vida do paciente, o profissional dê a mesma dimensão para questões clássicas, como hábitos alimentares, e também àquelas associadas à espiritualidade. Por isso, perguntas assim, digamos, não propriamente científicas, podem se tornar comuns na rotina dos consultórios médicos do país, como: “Você frequenta cultos religiosos? Tem fé? Costuma superar rapidamente a tristeza quando alguém machuca seus sentimentos?”

“É uma abordagem que pode prevenir problemas e capaz também de detectar causas de enfermidades que não são rastreadas por exames convencionais, como dores crônicas, insônia e até depressão”, diz Álvaro Avezum, diretor da Socesp e cardiologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

O levantamento brasileiro traz 368 referências de estudos internacionais sobre o assunto feitos nos últimos anos. Um dos trabalhos mais interessantes foi desenvolvido pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, com cristãos. Ele atestou que ir à igreja ao menos uma vez por semana pode reduzir a mortalidade de 20% a 30% em um período de até quinze anos. O ponto básico para explicar o papel da fé na saúde é associá-lo ao modo de ver a vida. “Esses pacientes costumam ser mais otimistas e aderir ativamente às terapias”, diz Sidnei Epelman, oncologista pediátrico do Hospital Infantil Sabará e presidente da Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer. Uma das possíveis explicações lógicas é a associação que a crença pode ter com os hormônios. A prática religiosa está ligada a secreção de endorfina e dopamina, substâncias do prazer e bem-estar.

A intenção do novo documento é ajudar os profissionais de saúde na identificação dos pacientes que desejam ou precisem dessa nova abordagem. O trabalho sugere questionários de aferição de comportamento (veja exemplo na ilustração). Um deles aborda especificamente a questão da capacidade de perdoar, forte característica dos que têm fé. A postura faz bem ao coração — a mágoa gerada pelo ressentimento deflagra estresse crônico. Por defesa, o organismo estimula a quantidade de hormônios, como o cortisol e a adrenalina, que, em excesso, são nocivos. Eles aceleram uma reação que eleva a atividade inflamatória do corpo. O resultado podem ser doenças como arteriosclerose, trombose, infartos, derrames e problemas autoimunes.

EXPERIÊNCIA COM DEUS

O padre Anselmo Buss, pároco da igreja matriz de São Ludgero, garante que nos seus 39 anos de sacerdócio já presenciou inúmeros casos de pessoas desenganadas pela medicina que hoje ainda estão vivas. “Observo que aqueles que tem fé e acreditam na sua cura, depositando sua confiança em Deus e no exemplo de Jesus, têm uma recuperação bem mais rápida”, defende.

Pároco da igreja matriz de São Ludgero, garante que já presenciou inúmeros casos de pessoas desenganadas pela medicina que ainda estão vivas

O religioso lembra que a vida é um dom de Deus e, quando estamos doentes ou passando por necessidades, a religiosidade é importante amparo neste enfrentamento. “Cristo nos deixou um ensinamento que está no evangelho de João, ‘Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância’. Já em Mateus 11, o seu versículo 28 diz que Jesus falou: ‘Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve’”, cita. Para padre Anselmo, é importante ter a confiança em Cristo e na cura. “Pois Jesus curou diversos doentes e multiplica sua generosidade a quem a ele recorre”.

A espiritualidade é uma questão essencial para a maioria das pessoas: cerca de 80% da população mundial está ligada a alguma religião ou acredita em um poder superior. A empresária Josiane da Silva, a “Josi”, de 31 anos, que é evangélica, não têm dúvidas que ela e o marido, o também empresário Emerson Diamantina, o “Cão”, de 43 anos, católico, foram instrumentos da cura divina. “Sempre fui muito religiosa e afirmo que a fé em Deus é a base de tudo”, diz ela, que, diferente do marido, é mais presente nos cultos religiosos.

Josi teria pego a covid-19 no final de janeiro, enquanto acompanhava a recuperação do marido no Hospital Santa Teresinha. “Os exames confirmaram que eu tinha me contaminado, o que era grave no meu caso, pois sofria de problema de intolerância alimentar”. Surpreendentemente, dias depois, ao realizar novos exames, não foi possível detectar a presença de anticorpos. “Era como se o vírus não tivesse me atingido. E, ainda, minha doença de intolerância sumiu. Passei a me alimentar normalmente”, conta a empresária, que garante que teria, em um estado de graça, recebido a cura.

''Josi'' e o marido, “Cão”, garantem que foram instrumentos da cura divina

Já a recuperação de seu marido, que passou 14 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com covid-19 em Tubarão, também teria sido graças a interferência de um Ser Superior. “O Cão estava com mais de 90% do pulmão comprometido por uma bactéria quando foi intubado. O médico que o atendeu disse que dificilmente ele reagiria em menos de uma semana e que, se tivesse alguma melhora, seria após 14 dias”, recorda. Para espanto de todos, em sete dias Emerson já havia sido desintubado e, na semana seguinte, deixou a UTI. “Deus falou comigo. Mostrou através de um hino (música religiosa) que a doença dele não era de morte”, recorda Josi, ainda emocionada, prometendo que irá gravar um vídeo contando toda essa sua experiência de Deus.

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