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107 anos de histórias e sabedoria

25/10/2019 16h39
Dona Crismélia, moradora do Sertão do Rio Bonito é conhecida por ser a mais idosa habitante de Braço do Norte [caption id="attachment_8688" align="alignright" width="281"] DONA CRISMÉLIA reside com sua filha Maria Aparecida, o genro e um de seus bisnetos. Outros filhos estão sempre por perto[/caption] Quando dona Crismélia Maria da Conceição nasceu, Braço do Norte estava longe de se tornar um município. Por aqui ainda viviam as primeiras gerações de imigrantes alemães e italianos. Não haviam carros, nem rodovias pavimentadas, muito menos as facilidades tecnológicas dos dias atuais. Ela nasceu em 1912, em Maceió, Capital de Alagoas. Se diz braçonortense de coração e, aos 107 anos, é considerada a moradora mais idosa do município, muito possivelmente uma das mais idosas de Santa Catarina. Dona Crismélia tem muita história para contar e sabedoria de vida para transmitir. Na sua idade, o que a senhorinha simpática e de voz suave mais valoriza é a saúde. Apesar de, atualmente, ter uma vida mais “tranquila” de quando era mais nova e, então viúva, precisou cuidar de nove filhos sozinha, trocaria tudo por uma saúde melhor. Devido à idade avançada, hoje as consultas médicas são frequentes e tem dificuldade de se locomover por conta da osteoporose. “Já sofri muito nessa vida, meu filho! Trabalhava na lavoura, plantando feijão, milho, batata, e vendia no mercado. Era uma vida muito dura e muito difícil. Mas eu preferia estar trabalhando dessa forma e ter saúde, do que os problemas que a gente se tem hoje”, diz ao relembrar dos tempos que já passaram. Em Maceió, além do plantio de alimentos para venda e também para subsistência, colhia e vendia frutas silvestres. Não recorda com exatidão quantos anos tinha quando casou, mas sabe que tinha pouco mais de 20 anos. Para os costumes da época, até era considerada uma idade tardia. Cedo foi o momento em que ficou viúva, tendo que arcar sozinha da criação de seus nove filhos. Dona Crismélia, porém, não desanimou. Seguiu trabalhando duro, até conseguir se aposentar. “Depois que me aposentei, um dos meus filhos casou e se mudou para Toledo, no Paraná. Fui para lá com ele. Depois de um tempo, ficamos sabendo a respeito de Braço do Norte, que aqui era uma cidade muito boa para se viver. Então viemos para cá. Depois, os filhos foram vindo, e boa parte deles mora aqui”, conta a idosa, que atualmente reside com uma das filhas, Maria Aparecida Tenório Barros, de 64 anos, o genro José Neto da Silva, de 70 anos, e um dos seus bisnetos. Moradora no Sertão do Rio Bonito, com frequência recebe visita de outros filhos e parentes mais próximos. Toda atenção da família é necessária para assegurar o bem estar da matriarca. Além da osteoporose, já sofreu AVC e, há cerca de dez anos, perdeu o paladar e o sentido de olfato. Por não sentir o cheiro e o sabor da comida, tem muita dificuldade para se alimentar. “Não sinto o gosto de nada. Por causa disso, não tenho vontade de comer. Quando como, é porque me esforço muito, porque sei que sou obrigada”, lamenta. A filha Maria Aparecida afirma que sua mãe necessita de uma dieta especial, com leite sem lactose e com suplementos alimentares, além de ter que tomar regularmente uma grande quantidade de medicamentos. “O dinheiro da aposentadoria da minha mãe vai todo para garantir a alimentação e os medicamentos. Nós não deixamos faltar nada para ela, mas o esforço e a dificuldade é grande”, relata a filha. “Recentemente, um grupo de voluntárias estiveram aqui em casa para conhecer a minha mãe. Tiraram fotos com ela, foi uma festa. Deixaram para ela comida e uma caixa de leite. Aquilo foi muito bom, porque garantiu o alimento dela por bastante tempo”, completa. Tratamento de celebridade Esse tratamento de “celebridade” não é raro. No ano passado, a idosa participou de um mutirão de cirurgias de catarata promovido pelo município. O prefeito Beto Marcelino foi vistoriar o andamento dos procedimentos e ficou admirado com a presença de dona Crismélia. “Ele tirou foto com a minha mãe. Até pegou ela no colo”, lembra a filha. Crismélia faz aniversário no dia 17 de janeiro. “No dia do seu último aniversário, foi uma grande festa. Vieram filhos, netos, bisnetos... a gente nem sabe mais quantos descendentes ela tem. De tataranetos, tem vários. Quando teve no hospital recentemente, para tratar uma dor abdominal, as enfermeiras iam até o quarto só para conhecer a minha mãe, porque elas diziam que não é todo dia que conheciam uma pessoa com mais de 100 anos de vida”, se diverte a filha Maria Aparecida. Sobre os costumes atuais, dona Crismélia lamenta o fato de que, para ela, os jovens são impacientes e ansiosos. “Eu acho que os jovens de hoje muito diferente daquele tempo. E muitos pais de hoje em dia também. Hoje, eles parecem que não tem muito cuidado com os seus filhos. Eu me lembro que meus pais cuidavam de mim quando criança. Eram carinhosos e preocupados”, recorda. Dona Crismélia, porém, não esconde o entusiasmo quando fala de Braço do Norte. “Aqui é muito bom de se viver. As pessoas são educadas e atenciosas, o povo é trabalhador, respeitador. Para cá eu vim há muitos anos e aqui eu vou ficar até o fim de minha vida”. Que seja, ainda, por muito tempo.
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