Posso várias coisas, nem todas difíceis, mas não posso tudo. Esse é o drama. Na verdade, existe o incontrolável. O que não posso evitar. Outra parte é o que nós escolhemos. Acredito que somos em partes nossas escolhas. O resto é destino, a sorte ou o azar. Essa é a parte complicada, porque aceitar que podemos tomar decisões significa assumir alguma responsabilidade. Tão bom se os outros decidem e a gente apenas segue feito cordeiro. Mas sim, temos escolhas. Podemos tentar controlar um pouco. Posso ser mais humano, mais delicado, menos preconceituoso, mais gentil, olhar, abraçar, aplaudir, elogiar aqui e a ali. Partilhar sorrisos e gargalhadas, confortar nas horas difíceis, dar colo e ombro. Isto é ver algo além de mim.
Com o tempo, a maturidade, a experiência e alguma ousadia, fui simplificando várias coisas. Com algumas é difícil. Alguém liga e manda mensagem – escreva sobre isso, ou exigindo um artigo no jornal. Livre, eu pelo menos preciso estar livre para escrever. Sou feliz com as horas no computador, lendo algum livro, ou olhando a paisagem de onde vem muita informação. Aquela frase, aquela palavra, a gente sempre pode se ajudar, se corrigir, se pegar no colo e se agradar um pouco. Não vamos ser aquela extrema chatice que só resmunga, só lamenta. Vamos caprichar na escola, no trabalho ser mais interessado, vamos ouvir boas músicas, vamos deixar que nossa mente se abra para o mundo. Posso várias coisas, nem todas difíceis.
Podemos também não poder. Podemos não magoar a pessoa que nos ama, podemos ajudar uma velhinha a atravessar a rua, podemos não nos matar de bebida e droga. Podemos pedir ajuda e construir uma família. Alguém me pergunta se concordo com a teoria de que tudo está predeterminado em nossa vida. Discordo e concordo. Talvez seja meio a meio. Parte é determinada pela família que nascemos, amorosa, fria, violenta ou calma, otimista, pessimista. Bom em matemática ou em português, ou nos dois. Corajoso, tímido. Mil detalhes que formam e constitui um ser humano. E que nem sempre podemos mudar. A outra parte são as nossas escolhas, somos em partes nossas escolhas. O resto é destino. De verdade, não posso esquecer. Existe o incontrolável. Por fim, o que eu e você temos a oferecer? Quantas chances a gente perde? Talvez a sua jornada agora seja só sobre você. E que na verdade, não tem nada perdido, é só a vida te apresentando uma nova possibilidade pra você encarar e seguir em frente. Uma das coisas que mais aprendi foi a importância de assumir a responsabilidade das minhas escolhas, das minhas atitudes e dos meus erros. Quando você aceita que a culpa foi sua, você consegue segurar a própria mão e ir em busca de uma versão melhor.
Sobre escrever e ter sentido o que se escreve. Agora é o momento de você ficar com você. Ler é divertir-se. Eu escrevo sobre afeto, atenção e emoção. Respeito o que eu sinto. A intenção é direcionar todo meu sentimento para o papel. Para pessoas que têm o interesse de receber. Eu não estou culpando a sua preguiça de ler (não podemos generalizar) e sua falta de atenção com a arte, com as palavras escritas. Talvez seja o momento para você parar e respirar, sabe? Talvez seja o momento para SENTIR. Para priorizar aquilo que você sempre quis fazer, seus planos, seus projetos pessoais. Nesse texto, é só a vida te mostrando uma nova possibilidade pra você seguir em frente.
Escuto a música In My Place, Coldplay. Um dos melhores show da vida. Já fui, e acompanhei a galera do Brasil inteiro nos shows. Recebi vídeo ao vivo de alguns amigos. Toda essa ânsia de viver e ver as pessoas vivendo, pessoas desbravando o mundo, conhecendo lugares, pessoas, músicas com significados interessantes. Eu aqui compartilho o meu com você. Toda essa vontade que cresce a cada minuto. Toda essa vontade que tô sentindo em entregar nas tuas mãos o que eu guardo comigo... as palavras escritas te convidam pra gente estimular essa energia em forma de afeto, toda essa potência que eu sinto no meu coração, no meu peito, eu queria que você sentisse o mesmo.
Eu sei, talvez eu queira demais, o Brasil é um país que lê pouco. E, diante disso, preciso recolher tudo. Semana passada, meu texto ganhou o estado de Santa Catarina, criou asas e fiquei bem feliz. Talvez porque tenha trazido ocasiões um pouco mais fortes, lembrando das emoções de um jogo de futebol. Por isso que escrevo... eu só quero destinar tudo de lindo que eu tô sentindo pra alguém que realmente tenha interesse em receber. Eu sempre falo o que sinto, aprendi isso na terapia, expressar o que se sente. Eu falo mesmo e mando mensagem. Eu gosto a qualquer hora do dia e da semana. Eu escrevo e, algumas vezes, recebo retorno de volta.
Por fim, existem pessoas boas no mundo, gente como a gente que merece a nossa atenção e nossos sentimentos. Dizer o que se sente é perceber que o mundo importa sim. Eu sei, fomos ensinados a “não” sentir. Hoje eu sinto saudades de mim, não do outro. Quando você sabe ser você por inteiro, você se sente mais leve e livre pra expor o que sente. Isso deve ser um exercício diário. Nem sempre é fácil. In My Place, no meu lugar...
Simplesmente histórica e uma noite absurda. Um jogo de futebol (não somente esse esporte) traz as relações humanas, as emoções das pessoas, as expressões e as posturas dos jogadores, torcedores e todos envolvidos. A gente é feliz jogando futebol e assistindo jogos. Nesse caso, Criciúma e Avaí valendo vaga na semifinal. Eu gosto de ganhar, quem não gosta? Somos da região Sul, estado de Santa Catarina, respeito quem torce para Flamengo, Vasco e outros times. Mas, você já foi um jogo do Criciúma nos últimos anos? Aumenta o volume e aprecie a torcida. Leva teu filho, tira ele e você um pouco do celular. Esporte traz afeto, emoção e carinho.
Heitor entrou em campo de mãos dadas com Felipe Mateus, era uma emoção pura de pai para filho. Um dia antes, um dia depois. São momentos eternizados na memória de uma criança. 15 mil pessoas lá. E meu filho, e mais dois amigos dele, Davi e o Vicente em campo, escutando em alto e bom som o barulho da torcida. Felipe Mateus camisa 7, pega na mão de meu filho e pergunta: “Qual teu nome? Gosta de jogar futebol? Que posição joga?”. Uma atenção ímpar. Que educação, Felipe, em um momento de pura tensão e você com a atenção em alguns segundos com meu filho de 9 anos. Lembranças mais significantes na vida de uma criança. Gratidão.
Um jogo, com penalidades no final, histórica. Nem tudo é perfeito, e num jogo de futebol a gente descobre a inocência de ser feliz sem se culpar por isso. O esporte serve como um alívio da mente. Viver exige coragem, a vida é assim, esquenta e esfria, aperta e afrouxa, sossega e depois desinquieta. Esporte e educação. A gente acorda de manhã, com o propósito de vencer e ser feliz, mas a gente depende do que está lá fora e de quem caminha conosco para que a felicidade seja completa. A vida não é um roteiro programado. A nossa vida passamos a limpo todos os dias. Num gesto simbólico eu escrevi esse texto, vou tentar que chegue ao Felipe. Depois das penalidades, estou fazendo as pazes com a alegria, não aquela misturada com euforia. Sorria para si, a vida é o que acontece fora das quatros linhas, aceite os erros de passe, chutes para fora do gol. A vida reserva presentes inesperados pelo caminho. Obrigado aos jogadores do Criciúma Esporte Clube por tanta dedicação, à torcida Os Tigres, vocês são foda, trouxeram vida pra nossas vidas. Vamos até o fim, vamos em busca da taça.
Estou aqui na frente do computador tentando escrever meu melhor texto. Hoje é terça-feira, dia 14 de março, o dia que Lívia nasceu. Ela é uma menina, mulher amada, querida, inteligente, atenciosa... lembro do dia que você nasceu. Sábado à noite, melhor dia para vir ao mundo. Afinal de contas, todos nós gostamos dos sábados.
E você nasceu nesse dia... E a gente pode se perguntar: filho é tudo igual? Claro que não. Cada filho ou filha tem seu modo. Lívia é daquelas filhas que caem do céu. Hoje quero te homenagear e não deixar pra depois. Não deixe para depois, reserve brechas na agenda a assuma compromissos sérios.
Enquanto escrevo esse texto, a gente não sabe quanto tempo nos resta. Mas estamos refletindo o amor entre um pai e uma filha, sobre as marcas que a vida deixou. Respeito com amor se torna admiração. Preocupação com amor se torna cuidado. Amigos com amor se tornam irmãos. A estrada com amor abre os caminhos. Filhos com amor são dádivas. O dia a dia com amor se torna felicidade. Eu, aqui ao lado da Lívia, lendo esse texto, que se tornaram lembranças. O quanto que a gente consegue deixar de digitais na vida de outras pessoas.
Memórias... quantos fatos sobre. Hoje quero falar sobre o sopro do amor que damos a todas as vidas. Hoje é um dia que vamos transformar os fatos em lembranças. Hoje vamos permitir tocar em afetos e sensibilidade. Um presente é só um objeto, uma música é só uma música, até atribuirmos sentimentos e significados sobre ela. Que esse encontro seja pretexto para boas risadas e recordações. E que antes que a sobremesa chegue, vocês percebam que esse encontro vai valer cada minuto. Não espere que os filhos cresçam para dizer que os ama. Não espere, não deixe nada para depois.
Nesse texto, o sentimento de conexão acontece. Quando uma simples conversa de bar, quando um simples texto, uma mensagem descomplicada, um texto dedicado a alguém, um elogio inesperado, ou um abraço carregado de afeto permanecem além do tempo. Por quê? Se consolidam como memórias. Porque acessa o que a gente tem de mais sagrado e que é eterno dentro da gente. E eu, como teu pai, serei digitais para sempre presentes na tua memória. Por fim, esse é um dia de amor que se torna felicidade.
Robson Kindermann Sombrio
Psicólogo (CRP 12/05587) e autor de vários livros de autoajuda. @robsonkindermannsom