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COLUNISTAS

A prova é individual

10/12/2025 11h40 | Atualizada em 10/12/2025 11h39 | Por: Robson Sombrio

“Todos os homens, por natureza, desejam o saber.”

Aristóteles

No tempo da escola, a gente ria, brincava, jogava futebol, basquete, vôlei… mas a preferência sempre era o futebol.Quando chegava o momento das provas, tinha quem se saía melhor, quem não estudava e aprendia fácil, quem aprendia só de ouvir o professor…E existiam aqueles que precisavam de um reforço a mais. Esse era eu.

Lembro da professora dizendo: “Não pode olhar para o lado. A prova é individual.” Hoje entendo o peso dessa frase. A prova da vida também é individual. Cada um carrega suas próprias páginas, seus medos, suas fragilidades. Mas, também suas coragens. Somos histórias em construção. E cada um traz capítulos que ninguém vê. E não adianta olhar para o lado esperando copiar o caminho do vizinho. Lembra? A prova é individual. Não espere respostas prontas. Ninguém vai resolver o que é nosso.

A viagem é íntima, particular, e às vezes bonita… outras vezes pesada. Às vezes tão difícil que a gente gostaria de entregar a prova para alguém fazer no nosso lugar, ou pedir uma versão mais fácil. Mas não funciona assim. A vida exige que a gente olhe para o que está na nossa frente, não para a trajetória do outro. Cada pessoa vive uma batalha silenciosa: um pai de família sem trabalho, uma mãe mudando de cidade para tentar salvar um casamento, alguém recebendo um diagnóstico de câncer, um filho passando no vestibular, um pai ganhando um aumento, uma pessoa celebrando a cura que tanto esperou.

A prova é individual… lembra? Comparar caminhos é inútil: você não vive a vida de ninguém e ninguém vive a sua. O sucesso do outro não diminui o seu. Mas tudo o que você faz com o coração volta, sempre volta. E quando você chega com leveza, presença e alto astral, as chances de tudo dar certo aumentam. Olhe pra frente: a prova é sua. É você quem enfrenta o que precisa ser enfrentado. É você quem escolhe continuar. E no fim, pergunte a si mesmo: O que de melhor eu sei fazer com a vida que tenho? Esse texto não é só meu, é nosso. Partilhar saberes é bonito. Eu sou muito a favor dessa sensação de “fiz tudo o que dava pra fazer”. De espremer até a última gota do limão. Porque, no fim, é você quem escreve a resposta.

Entre chutes e risadas

08/12/2025 08h46 | Atualizada em 08/12/2025 09h01 | Por: Robson Sombrio
Bilica, a minha esquerda, um ser humano iluminado, e o Ceceu, a direita, aquele jogador de campeonato, quase profissional

Gosto de escrever trazendo nomes de amigos. Tem sido assim nas últimas crônicas, algo meio Jô Soares conversando com Pedro Bial. E por que não Robson conversando com Marcello Alberton? Marcello, dentista aqui de Braço do Norte, como diria um manezinho da Ilha: um querido. E é mesmo.

A gente cresceu na mesma rua, embora ele seja um pouco mais novo do que eu. Sempre foi bom de bola. Daqueles que, se tivesse apostado todas as fichas, poderia ter seguido carreira. Tem jeito, tem habilidade, tem o brilho dos campeonatos de interbairros e interempresas que só quem vive sabe como marca a gente.

Sábado tivemos aquela pelada de sempre. O pessoal adora brincar que escritor não sabe jogar bola, que não dá pra ter talento na caneta e nas chuteiras. (Risos.) Não sou camisa 10, mas também não pensem que sou ruim, me viro bem nas quatro linhas.

E ganhar é bom. Do Ceceu, então, melhor ainda. Eu já até imagino o que ele vai dizer: “Não acredito que ele escreveu texto e ainda publicou no jornal!” Pois é, Ceceu… Futebol também é isso. História boa pra contar.

E falando em histórias, grato a galera de Orleans, Bola e Bate-Papo, pelo convite, Sempre rende assunto. A gente brinca, a gente ri. E Jucemir Alberton, o famoso Limão, é uma verdadeira figura. Ele joga com garra, alma e coração. É o melhor deles, entrega tudo em cada lance. Melhor ainda é o André (de… até hoje não sei o sobrenome), que vive desafiando o Limão. É Criciúma roxo, começou a carreira com o Éder (segundo ele). Sim, o Éder, o nosso ídolo maior de Lauro Müller. Aquele que vestiu a camisa da seleção Itália.


Pra você ver: o futebol abraça tudo. Amizade, risadas, paixões e até rivalidades saudáveis. O mais importante? Socialização. Na neuropsicologia, a gente fala que o cérebro precisa dessas interações: o jogo, a conversa, o toque na bola, a troca de olhares, a estratégia improvisada. Tudo isso acende áreas que fortalecem memória, atenção, emoção e pertencimento. Jogar bola é, sem perceber, treinar a mente para viver.


E como esquecer o nome do nosso time? Bilica Futebol Clube. Um nome que já chega dando carrinho. Bilica é um ser humano iluminado, daqueles que fazem bem só de estar perto. Depois do Natal a gente se encontra em Garopaba para aquele camarão. Ele corre a vida com alegria, presença e histórias nas pernas, e é sempre uma companhia que vale a pena.


Que bom ter tudo isso. Que privilégio vivenciar tudo isso.

Pra encerrar: sim, eu ganhei do Ceceu (aquele jogador de campeonato, quase profissional). Fiz dois gols. Corri até ele no melhor estilo Romário e mandei ficar quietinho. E ganhar é bom… mas ganhar assim é melhor ainda. 
 

A Dor Que Chega Depois

01/12/2025 08h05 | Atualizada em 01/12/2025 08h06 | Por: Robson Sombrio

A verdade é que eu nunca fui de assistir luta de boxe. Meu pai tinha esse hábito, gostava, vibrava com cada golpe. Eu, não. Não perco meu tempo com esse esporte — cada um com seus gostos, claro. Mas sempre fico impressionado com a resistência daqueles atletas: boxeadores, lutadores de MMA, luta-livre… Eles apanham, levam socos no nariz, saem sangrando, com as orelhas amassadas, e parece que não sentem dor nenhuma no momento. Repito: mesmo com o nariz sangrando.
Mas eu acho que dói sim — só não dói na hora. A dor mesmo chega depois.
E a vida funciona exatamente assim.
Você está trabalhando, fazendo sua parte, e de repente:
“Agradecemos seu trabalho na empresa, mas precisamos reduzir custos. Você está demitido.”
Aquela história velha de contenção de despesas, vendas baixas. E na hora a gente pensa: “Tudo bem, eu já nem estava tão feliz aqui. Vai aparecer algo melhor.” E volta pra casa confiante.
O namoro acaba e você reage: “Tudo bem, eu já não queria mais.”
Mas aí chega o dia seguinte. Você acorda no horário do trabalho… mas não tem mais trabalho.
E começa a pensar nas verdadeiras razões da demissão: “Que contenção de gastos que nada… eles não acreditaram foi em mim.”
O golpe veio ontem, mas a dor está chegando agora.
É assim também quando você não é convidado pra uma festa e diz que não se importa. Na hora você engole seco, finge que nem ligou. Mas horas depois, quando a “pancadaria” interna começa a ser absorvida, você sente. E dói.
Da mesma forma que dói um término, uma perda, uma injustiça, um desaforo.

A verdade é simples: nas coisas triviais e nas grandes, a dor muitas vezes demora, mas chega.
Mas — e isso é importante — a alegria também chega. E quando ela chega, ela cura, costura, acalma, reorganiza.
A gente engole muitos sapos na vida, sim. A gente perde, desaba, leva golpe. Mas também se levanta, encontra outro trabalho, conhece outro amor, descobre novas oportunidades, vira a página.
E, no fim das contas, é isso que importa.
Porque a vida pode até te acertar sem avisar — mas é você quem escolhe o que fazer depois do impacto.
A dor passa.
A força fica.
E o próximo round sempre pode ser seu.

Nem Todo Silêncio é Tristeza

14/11/2025 07h00 | Atualizada em 13/11/2025 16h49 | Por: Robson Sombrio

Um dia triste não é uma vida triste. Há pessoas que, quando algo preocupa, se recolhem. Fecham as cortinas do palco da vida, e isso não é depressão, é acolhimento. Tantas coisas nos dividem, e tão poucas nos acolhem. Há quem, diante da dor, abaixe o som e volte-se para dentro, como quem precisa arrumar a própria casa antes de receber visitas. Não é fraqueza. É fortalecimento. É a forma que a alma encontra para lidar com o que pesa.


Enquanto tenta resolver o que incomoda, olhe para suas emoções com carinho. Elas são mensageiras. E quando a gente acha que nunca mais vai ser feliz, é apenas uma forma triste de enxergar a vida. Quem está de fora, às vezes, sente o impacto desse silêncio. Mas nem sempre a gente vai estar bem, e tá tudo bem. Confie na capacidade da vida de te surpreender. Soltar a mão do controle não é desistir, é acreditar que você vai saber lidar com o novo quando ele chegar.


Respira. Conversa com as tuas emoções, dialoga com elas. A dor sempre vai aparecer. O que muda é a forma como você conversa com ela. Descansa um pouco. Amanhã as coisas melhoram. Na vida, nunca teremos tudo resolvido. E quase nunca é sobre os outros. Nem todas as respostas precisam ser imediatas. Amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada. Pode ser um dia de celebração, um projeto que se concretiza. Ou pode ser um dia de susto, uma notícia inesperada, um diagnóstico difícil. Ninguém te prepara para isso. Não existe curso que ensine a lidar com o imprevisível.


Por isso, é preciso aprender a se ouvir. No passado, tínhamos mais paciência, e menos opções. Hoje, precisamos reaprender o valor do tempo e do silêncio. 
Faço terapia há vinte anos. “Você faz terapia?”, me perguntam.


Óbvio que sim. Para lidar melhor com as coisas, para clarear a mente, para escrever com mais verdade. Tudo isso é importante. Porque quem se conhece, sofre menos e sente mais. E no fim, é sempre sobre isso: acolher o que doí, cuidar do que sente e confiar no que vem. A vida tem um jeito bonito de nos colocar de volta no eixo, mesmo que tudo pareça fora do lugar. 
 

O Tempo de Aprender o Valor da Vida

06/11/2025 08h15 | Atualizada em 06/11/2025 08h14 | Por: Robson Sombrio
Leva tempo para que a gente aprenda a valorizar quem merece esse valor

Leva tempo para que a gente aprenda o próprio valor. É claro que não podemos viver isolados em uma bolha, centrados no próprio umbigo e desprezando o resto do mundo. A verdade é que não existe saúde mental individual; nossa saúde mental é coletiva. E, se não entendermos isso, ainda não entendemos nada.

De vez em quando, é preciso uma boa dose de confiança na vida e nas pessoas. Entendo que admiramos ídolos como Ayrton Senna, mas são as pessoas simples, de coração leve e alma generosa, que realmente dão sentido à existência.

Hoje, lembro do meu padrinho, Elviro Volpato, amigo dos meus pais, um homem simples, de coração gigante. São pessoas assim que a gente deve guardar na memória e no coração.

Lembre-se agora das pessoas que você ama. Respeite quem o cerca. Honre sua família. Mas, acima de tudo, não se afaste de si mesmo. Frustrações fazem parte da vida, mas não devem apagar o valor que você tem. Você erra, tem limites, é imperfeito, e está tudo bem.

Meu padrinho sempre dizia: “Faça o seu possível e peça a Deus que cuide do impossível”. Palavras simples, mas cheias de sabedoria. Ele ainda completa: “A gente não controla tudo, não dá conta de tudo. Absorva seus erros e perdoe suas limitações”. Sempre que nos encontramos, encontro também paz. Ele tem um espírito jovem, uma inteligência serena e uma sabedoria que vem da vida, não dos livros.

Quem você admira? Quem são as pessoas que realmente merecem seu respeito, sua fala e sua atenção? Leva tempo para que a gente aprenda a valorizar quem merece esse valor. Sinto saudades de outro amigo querido, Anselmo Tramontim. Amigos são memórias que duram uma vida inteira. Leva tempo para percebermos que estamos aqui apenas de passagem.

Há dois momentos em que a vida nos mostra, sem rodeios, a própria fragilidade: em um velório ou quando alguém que amamos está na UTI. Nessas horas, entendemos que a vida é feita de ciclos, em alguns somos cuidados, em outros, cuidadores.

E você? Em qual fase se encontra hoje?

Termino com gratidão e carinho ao seu Elviro, exemplo de serenidade, fé e sabedoria. Que o mundo tenha mais pessoas como ele. Gente que, com gestos simples, ensina o verdadeiro valor da vida.

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