Não fui eu quem escreveu a letra de "Dentro de um Abraço", do Jota Quest, mas bem que poderia ter sido. Ali, naquelas palavras simples e doces, reside uma verdade que atravessa o tempo: o abraço é o nosso primeiro e último abrigo.
Martha Medeiros também já disse que um abraço é o melhor lugar do mundo. E é verdade. Dentro de um abraço, a vida desacelera. A gente se escuta mais, se entende mais, se perdoa mais. O abraço não precisa de legenda, não pede explicação. Ele só quer presença. E é justamente isso que mais falta no nosso dia a dia: presença.
Vivemos apressados, distraídos, digitais demais. Esquecemos o valor do toque, da proximidade, da emoção que cabe em dois braços estendidos. No entanto, o abraço continua sendo aquele gesto silencioso que diz:
"Você não está sozinho", "Eu me importo", "Estou aqui".
Abraçamos pouco. E, quando o fazemos, é rápido demais. Como se o tempo tivesse medo de parar. Mas dentro de um abraço verdadeiro, o tempo não corre — ele repousa. Ali, encontramos consolo, reencontramos a alegria e, por um instante, somos inteiros.
Talvez seja hora de reaprender a abraçar. De transformar o abraço em hábito, não em exceção. De fazer dele um ponto de encontro, um refúgio, uma forma de cura. Porque dentro de um abraço reside a humanidade que, muitas vezes, nos falta.
Que a gente não economize afeto. Que a gente abrace mais, com mais intenção, com mais tempo. Porque dentro de um abraço, tudo é melhor.
Robson Kindermann Sombrio
Psicólogo
Robson Kindermann Sombrio
Psicólogo (CRP 12/05587) e autor de vários livros de autoajuda. @robsonkindermannsom