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COLUNISTAS

A saga de um sonho (Em dois capítulos) – Parte 2

08/06/2023 08h14 | Atualizada em 08/06/2023 08h14 | Por: Antônio Faust

Passada a euforia pela conquista do Microrregional dos Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc), o futsal de Grão-Pará tinha pela frente a Etapa Regional, que levaria duas equipes à Fase Estadual da competição. O ano era 1993, uma data importantíssima para a maior entidade esportiva do estado, o ano da criação da Fesporte (Fundação Catarinense de Esporte). Também foi importante para um município da Amurel, Tubarão, que, pela segunda vez, iria sediar os Jogos Abertos de Santa Catarina. Vale também destacar que a modalidade, Futebol de Salão, mudou significativamente de lá para cá. Na época, entre as alterações mais significativas, havia um árbitro e dois auxiliares comandando os jogos, o goleiro não podia sair da área, não existia limites de falta, substituições limitadas e entre outras.

Em pé: Juquinha, Mucio, Jair, Kissy, Neneco e Beleco. Agachados: Jucemar, Chinha, Pato, Olívio e Gilson “Vigorelli”. 

Pois é. E agora, João? Esta era a pergunta que membros da diretoria da Comissão Municipal de Esportes (CME) faziam ao nosso presidente, João Flademir Alberton Faust, o “Cheteco”. Novas conquistas trazem novas responsabilidades e, para nós, a participação na Etapa Regional era um grande desafio, tudo novo e, pelo menos para mim, naquele momento, classificar para os Jogos Abertos era algo impensável, mas que foi virando realidade durante a competição, com a equipe mostrando talento e força de superação. Talento que era natural deles e a força de superação vinha dos amigos, familiares e de cada habitante do município. Nesta etapa do documentário vou descrever mais sobre a parte da organização. A outra etapa, sobre como foi sendo construído o período que, certamente, foi o auge do esporte no município, vou fazer numa próxima edição, quando vou pegar alguns depoimentos dos jogadores.

Mas quero destacar o que foi feito pelo Olívio, nosso pivô, para que pudesse ir a Araranguá. Num jogo contra Orleans, no Microrregional, teve problemas nos ligamentos do joelho, jogou o resto da competição no sacrifício e ficou os dois meses que antecederam o Regional fazendo recuperação. Acordava às 6h, fazia fisioterapia, 7h estava na Moldurarte, onde trabalhava e, às 18h, voltava ao fisioterapeuta. Dos problemas que tínhamos para resolver, o que menos preocupava era a formação do time, pois tínhamos a base feita e nosso técnico, o médico Emir Dacorégio, havia definido os nomes que deveríamos convocar, o Everton (Neguinho) e o Marcos Niehues (Pato). Com isso, passamos a ter dois “Patos” no elenco, o de Braço do Norte e o de Grão-Pará (Marciel Dacorégio). Esta parte ficou para eu resolver e, como falei, foi o mais fácil.

Acertada as convocações, viria as partes mais complicadas: participação no Congresso Técnico, alojamentos, alimentação, viabilidade dos atletas seguirem até Araranguá e, apesar da maioria não ter nenhum problema, alguns tinham que conseguir liberação de seus serviços e estudos. Também tinham aqueles que precisavam convencer namoradas e esposas, pois ficaríamos quase uma semana distantes das famílias. Como a euforia na cidade era contagiante, todos conseguiram o “atestado liberatório”. A CME tinha um acerto com o Poder Executivo do Município, na época comandada pelo prefeito José Nei Alberton Ascari e o vice Ladaú Debiasi. A parte de alimentação e transporte era de responsabilidade da Prefeitura e as despesas com atletas nós tínhamos que correr atrás. Para cumprir com nossas obrigações, usávamos o que arrecadávamos nos bares do ginásio, onde as competições locais não paravam, e do Estádio Santos Moisés Dacorégio, onde fazíamos o Municipal de Futebol de Campo.

Chegou então o esperado dia da ida ao Regional. O Pato (Braço do Norte) foi o único que não viajou com a delegação (não foi liberado do serviço). Por isso, só se apresentava momentos antes dos jogos. Assim como o Emir, que tinha seus pacientes para cuidar, mas não deixou de dirigir a equipe em nenhum dos jogos. Ficamos alojados em um colégio. Para dormir, usamos duas salas de aula e colchões que levamos de casa. Para diminuir custos, também levamos a alimentação. Passar aqueles dias todos juntos, próximos, foi uma experiência inesquecível. Muitas histórias, risadas, comemoramos o aniversário do Kissy... Tínhamos a responsabilidade de representar o município e os momentos de descontração. O Luiz Antonio, narrador da Rádio Verde Vale, viajou com a delegação e trouxe as emoções dos jogos até o Município e para toda região. Fomos somando vitórias e chegamos à disputa da vaga que poderia nos levar até Tubarão.

Tentei achar os adversários no Regional na internet, mas não consegui. Segundo o Marciel (Pato), enfrentamos Palhoça (5 a 2), Imbituba (8 a 7) e Rio Fortuna (4 a 4) na primeira fase. O adversário na decisão foi a equipe da casa, Araranguá. Toda a Fase Classificatória jogamos em um ginásio menor e o cruzamento foi marcado para o ginásio municipal, conhecido como “Bolha”, em função de sua arquitetura, com uma quadra maior do que estávamos habituados. Dois ônibus foram disponibilizados para os torcedores. Outros foram com condução própria. A verdade é que Grão-Pará tomou conta do ginásio na proporção de três por um e, pelo que as equipes haviam mostrado durante a competição, éramos favoritos para ficar com a vaga.

Dois fatos antecederam o início da decisão da vaga contra Araranguá, os dois envolvendo o ala Everton. Um dia antes, seu pai, com quem ele não conversava há anos, apareceu na concentração. Após os abraços e conversas, pediu para passar a noite com ele e não podíamos negar, mas com a condição de se apresentar no outro dia cedo. Chegou fora do horário e o médico Emir teve que fazer um tratamento “especial” para que pudesse jogar. O outro fato, esse inesperado, foi no aquecimento já em quadra para o início da partida. Após a preleção e apresentação à torcida, começou o aquecimento com bola e, num dos seus chutes, o Everton acertou a caixa de iluminação do ginásio, desarmando os disjuntores e sendo necessária a troca. Aquilo fez com que baixasse toda a adrenalina do aquecimento, o rendimento no jogo foi irreconhecível e acabamos derrotados por 2 a 1. Assim, tivemos que ouvir da torcida adversária: “quem é que vai para Tubarão?”. Doeu, mas faz parte do esporte. Ficamos por aqui. Na foto conseguida com o jornalista Marcelo Valério, não é a do Regional, mas grande parte dos jogadores estavam na disputa.

Antônio Faust

Kulinha

Tradicional cronista esportivo do Vale de Braço do Norte. Há mais de 20 anos referência no esporte amador. Contato: Whatsapp 49 9 9901-8312

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