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GERAL

Uma relação insubstituível, mas um luto descredibilizado

Estudante de Braço do Norte explora o luto por animais de estimação e busca dar voz a quem sente essa perda

Braço do Norte - SC, 02/01/2025 15h30 | Por: Redação
Em seu TCC, Samara Wiggers deu luz ao preconceito e à necessidade de acolhimento

     Será que o luto pela perda de um animal de estimação é devidamente respeitado? Para muitos, eles são mais que animais; são parte da família. E é exatamente esse vínculo único que inspirou a estudante braçonortense Samara Moraes Wiggers, 23 anos, acadêmica de Psicologia no Unibave, a mergulhar por este tema ainda pouco explorado.
     Inicialmente, Samara pretendia abordar o impacto positivo dos animais no cotidiano humano. Contudo, um obstáculo inesperado a fez mudar de direção: o preconceito social em torno do amor demonstrado por esses companheiros de quatro patas. Foi assim que ela decidiu dar voz àqueles que vivem esse luto, muitas vezes em silêncio.
     “Socialmente, o luto pela perda de um animal de estimação ainda não é normalizado. Os resultados da pesquisa mostram que algumas pessoas próximas até reconhecem essa dor, mas por um período curto. Os próprios enlutados colocam limites na forma como vivenciam essa perda, devido ao julgamento de quem não convive com animais e não entende que essa relação é de fato importante”, explica Samara.
     A pesquisa envolveu cinco entrevistados que perderam seus animais de estimação. A maioria encontrou nas redes sociais um espaço de desabafo e conexão. Samara aproveitou para selecionar os participantes dispostos a compartilhar suas histórias. Os relatos trouxeram à tona sentimentos intensos, semelhantes ao luto pela perda de um ente querido, mas com uma diferença marcante: a ausência de acolhimento.
     “Elas acabam não conseguindo espaço para compartilhar seus sentimentos e encontram até mesmo um certo preconceito”, relata. “Quando alguém perde um animal, sugerir a adoção de outro como solução é inadequado. Isso seria impensável em casos de perda de uma pessoa. O luto é único e precisa ser respeitado”, enfatiza a acadêmica.
Samara também ressalta a importância do acolhimento genuíno por parte de familiares, amigos e até profissionais da área. O simples ato de ouvir, sem julgamentos ou tentativas de minimizar a dor, pode fazer uma grande diferença. Para a futura psicóloga, o debate sobre o luto por animais é essencial, especialmente no campo da psicologia. 
     “Atualmente, os animais de estimação têm sido cada vez mais frequentes nas famílias e, com o convívio, acaba-se construindo uma relação de apego. Estudar a interação humana com os animais e o impacto dessas relações em diversos aspectos da vida, como no processo do luto ao vivenciar essa perda não reconhecida, permite oferecer apoio emocional e ajudar a lidar de maneiras mais saudáveis com a perda”, comenta.
   

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      Embora a sociedade tenha avançado na compreensão dessa dor, ainda há muito a ser feito. O preconceito persiste, desvalorizando o sofrimento de quem perde um companheiro tão especial. Samara deixa uma mensagem de acolhimento para quem vive essa dor: “É totalmente possível sentir essa perda de forma profunda e única, independentemente do que os outros possam dizer. Somente quem constrói e vivencia esse vínculo sabe a verdadeira dimensão do afeto e da dor envolvida”.
     Ainda aguardando a nota de seu trabalho, Samara planeja continuar seus estudos na área de psicologia clínica, com a missão de transformar vidas ao atuar com temas como esse. Afinal, a perda de um pet é, acima de tudo, a perda de uma relação única e insubstituível.
 

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