Prédio já estava pronto para ser usado, mas sofreu com os anos de abandono e vandalismo
Depois de quase dez anos de abandono, novas ações promovidas pela Secretaria de Estado da Educação dão sinais de que o Cedup (Centro de Educação Profissional) João Buss, em Rio Fortuna, poderá finalmente estar à disposição da população. Desde o início do ano, uma empresa contratada pelo Governo do Estado executa trabalhos de limpeza e reconstrução do prédio que, por anos, ficou à mercê de vândalos e ladrões.
A obra de recuperação está orçada em R$ 2,15 milhões e prevê a supressão do matagal que tomou conta das áreas externas e internas, recuperação de itens danificados, como forros de gesso, assoalhos, telhados, janelas, instalações elétricas e pinturas. Em setembro do ano passado, a reportagem da Folha do Vale esteve no local onde foi construído o Cedup, na comunidade de Rio Otília, distante pouco mais de três quilômetros do Centro, e constatou o descaso com que até então era tratado o estabelecimento educacional.
Na ocasião, nos pátios, as plantas cresciam acima de 1,5 metro de altura; no auditório, o forro de isolamento acústico havia caído totalmente. Em todas as salas de aula e demais dependências, a forração com rebaixamento de gesso foi danificada para a extração de fios elétricos e cabos de rede de internet. Algumas das janelas de alumínio foram cortadas e levadas pelos ladrões. Em algumas áreas, marcas de pneu de motocicleta, como na rampa de acesso ao segundo piso do prédio central e na quadra do ginásio, denunciavam a depredação deliberada. Lâmpadas já instaladas estavam quebradas e alguns pontos já apresentavam infiltração, além da sujeira acumulada por anos.
Em nota enviada à Folha do Vale, por ocasião de indagação a respeito da obra, a Secretaria de Estado da Educação (SED) informou que espera concluir os trabalhos em andamento no segundo semestre deste ano. A respeito de possíveis cursos a serem ofertados, ainda não foi estabelecido, de forma definitiva, quais serão disponibilizados à população. “Os cursos técnicos e profissionalizantes que serão oferecidos na unidade serão definidos após a conclusão da obra, de acordo com os critérios estabelecidos no Mapa de Demanda por Educação Profissional de Santa Catarina. Por meio desta ferramenta do Governo Federal, a SED estuda permanentemente o cenário do ensino técnico catarinense e pode atualizar a grade de cursos ofertados”, diz o comunicado, assinado pela Assessoria de Comunicação da Secretaria.
Quando o Cedup de Rio Fortuna foi idealizado, em 2011, a expectativa era de que fossem ofertados cursos nas áreas de agricultura e pecuária, como Zootecnia e Técnico Agrícola. Desta forma, atenderia a demanda dos municípios do Vale do Braço do Norte e Encostas da Serra Geral, cuja economia é baseada no agronegócio e na agricultura familiar. Já no site do Ministério da Educação (MEC), a área que trata sobre a Demanda por Educação Profissional, indica que o Sul de Santa Catarina requer cursos mais voltados para a área industrial ou de gestão de negócios. O que não significa que esta seria a realidade de Rio Fortuna e demais municípios da região.
As obras do Cedup João Buss, que leva o nome de um ex-prefeito de Rio Fortuna, teve sua construção viabilizada, em 2011, por meio de um programa do Governo Federal e envolvia também a participação do Governo do Estado e da Administração Municipal. A Prefeitura cedeu o terreno e providenciou o fornecimento de energia e de água, o Governo Federal entrou com os recursos e com a execução da obra física, além também de garantir a aquisição dos móveis e equipamentos para as salas de aula, biblioteca e laboratórios. Ao Governo do Estado caberia implantar e coordenar os cursos.
Em 2013, o prédio estava praticamente pronto. Em mais 5,5 mil metros quadrados de área construída, conta com toda estrutura necessária: salas de aula, laboratórios, auditório, biblioteca, ginásio, entre outras dependências. A estimativa de recursos aplicados, até então, ultrapassaria os R$ 8 milhões.
“Assim que o prédio ficou pronto, eu era vereador e lembro de ter acompanhado a visita de um grupo de jovens interessados em estudar no local. E isso ocorreu à noite, para mostrar como tudo já estava funcionando, com toda a iluminação”, recorda o secretário de Saúde de Rio Fortuna, Lindomar Ballmann, prefeito na gestão anterior. Porém, restando apenas algumas finalizações, a instalação das mobílias e equipamentos, e a posterior implantação dos cursos, o projeto foi esquecido sem maiores explicações.
“No período em que fui prefeito, foram inúmeras audiências, ofícios enviados, contatos com a SED. E nunca obtivemos uma resposta satisfatória ou houve algum encaminhamento de que a coisa poderia se resolver”, lamenta Ballmann pelo tempo e recursos desperdiçados, lembrando também que os Cedup’s de Araranguá e de Criciúma já haviam demonstrado interesse em coordenar a unidade no município do Vale.
CEDUP EM NÚMEROS
