Preconceito silencioso continuará existindo

O vereador Allan Lopes Prudêncio (PP) tem 31 anos. Há um ano e meio, se licenciou do Legislativo para assumir uma das mais importantes pastas da Prefeitura de Braço do Norte, a Administração. Apontado como um dos prováveis nomes na sucessão ao prefeito Beto Marcelino, Allan não esconde o desejo de chefiar o Município. Para ele, sua passagem pela presidência da Câmara e o estágio na Secretaria são importantes pilares para sustentar sua indicação para concorrer à Prefeitura. Allan ainda fala sobre racismo, no que classifica de preconceito silencioso, e sobre a Operação Mensageiro, que apura indícios de irregularidades em várias prefeituras pelo Estado, inclusive em Braço do Norte.

Folha do Vale - Você deixou a Câmara de Vereadores depois de uma marcante passagem pela presidência do Legislativo para assumir a Secretaria de Administração. Na sua avaliação, mesmo tendo ficado apenas um ano e meio como vereador e, destes, seis meses na presidência, quais foram os pontos mais fortes desta passagem pela Câmara? Allan – Destaco como pontos fortes os projetos de lei, que se tornaram realidades e foram efetivados, contribuindo com o município e a população. Vou citar alguns deles: autorização do município em proceder as cobranças dos tributos e taxas por meio de cartão de crédito e débito e via Pix; a criação do Conselho Municipal do Turismo; a criação do Programa Municipal de Alfabetização Digital para a Terceira Idade; a inclusão da carne suína na merenda escolar; e a criação da Procuradoria Especial da Mulher no Poder Legislativo. Este é um papel fundamental do vereador no Poder Legislativo, conseguir, através das leis, melhorar a vida das pessoas.

Sua estada na Secretaria de Administração está sendo um aprendizado contínuo. De que forma você está contribuindo para a pasta e como ela está fazendo você crescer profissionalmente? Allan - Tenho formação na área do Direito e, atualmente, estudo Administração Pública. Tive uma passagem de quase quatro anos na Secretaria de Infraestrutura, tendo o primeiro contato com o serviço público e conhecendo a realidade dos bairros e comunidades do município. Após isso, no Poder Legislativo, com a passagem pela presidência da Câmara de Vereadores, pude me aperfeiçoar ainda mais. Acredito que a soma de tudo isso me deu condições de assumir uma pasta tão complexa quanto é a Secretaria de Administração e Fazenda, que administra um orçamento acima de R$ 200 milhões por ano e mais de 1.500 funcionários. Obviamente, tenho muito ainda para aprender e faço isso todos os dias. Nunca deixo de estudar e me aprofundar nos assuntos e, com certeza, quando sair, vou ter evoluído como pessoa e com uma grande bagagem. O peso da função gera uma responsabilidade enorme, tenho consciência disso e trabalho muito para honrar. Acredito que, quando essa etapa encerrar, terá um registro de um trabalho visando a modernização do serviço público, baseado na eficiência e transparência.

Você vem sendo apontado como um dos pré-candidatos a prefeito, inclusive, de forma indireta, sendo até abonado pelo prefeito Beto Marcelino (PSD). Como observa a aprovação de seu nome? Pretende aproveitar a janela partidária em abril e deixar o PP e migrar para o PSD, já que o seu partido já tem como candidato o vice-prefeito Ronaldo Fornazza? Allan - Acima de tudo, está o trabalho e a missão de honrar a confiança depositada pela população por meio do voto para vereador e em qualquer outra função pública. Fico feliz de ouvir meu nome sendo cogitado, isso reflete resultado de muito trabalho. Acreditamos que estamos no caminho certo. Sou jovem, tenho muitas coisas para aprender e evoluir, mas esses últimos anos me fizeram amadurecer, e assim quero seguir. Acredito muito em Deus e creio que cada pessoa tem seu caminho traçado, a sua história a ser vivida. Então, em minhas orações, sempre agradeço e peço sabedoria pra tomar as melhores decisões no dia a dia. Será um ano de muitas escolhas, espero fazer as mais corretas possíveis.

Não tem como deixar de questionar: apesar de não ser declarado abertamente que o eleitor, em sua grande parte, não vota em candidato da raça negra. Isso pode ser constatado até mesmo pelo número de vereadores eleitos para a Câmara nos últimos anos e pelo número de políticos que se consideram negros e estão em cargos eletivos. Essa questão do racismo implícito não pode prejudicar a sua indicação e, futuramente, na campanha? Allan - Acredito muito no mérito de cada pessoa, em merecer conquistar o seu espaço. Trabalho, estudo e me dedico para aproveitar cada oportunidade que a vida me proporciona. O preconceito silencioso sempre existiu e vai continuar existindo, mas isso nunca me impediu e nem vai impedir de continuar em frente.

A Prefeitura de Braço do Norte é uma das envolvidas no Estado no escândalo do “Mensageiro”, que investiga o pagamento de propina para a empresa responsável pelo recolhimento do lixo no Município, culminando até mesmo com a prisão temporária de um servidor de confiança do prefeito Beto Marcelino e muito próximo a você. De que forma essa investigação atrapalha a atual Administração? Ela pode prejudicar a campanha eleitoral? Allan - Desde o início, esta Gestão Municipal é muito transparente e comunicativa com a população. Nessa situação, houve uma investigação que levou a um processo, o qual, até onde eu sei, corre em segredo de Justiça. Temos que aguardar o término do processo para poder opinar sobre o assunto, não podemos crucificar ninguém e acabar cometendo alguma injustiça. A Administração Municipal continua a todo vapor, realizando obras e grandes investimentos na saúde, educação e social. Todos ficamos tristes e abalados com a situação, isso é inegável, mas temos um dever muito maior que é Braço do Norte e os braçonortenses. Sobre a questão eleitoral, o principal é o serviço prestado e a perspectiva de um grande futuro.