Escritor, palestrante e pai, Marcos Piangers fala sobre protagonismo na vida e participação na família
Autor do best seller “O Papai é Pop”, com mais de 350 mil livros vendidos, e lançados em Portugal, Espanha, Inglaterra e EUA, Marcos Piangers esteve em Braço do Norte na última terça-feira, 17, palestrando em evento gratuito, no Clube Cruzeiro, oferecido pela Cerbranorte (Cooperativa de Eletricidade de Braço do Norte). Moradores da região lotaram o local e assistiram uma palestra inspiradora sobre propósito e vida familiar.
Aos 39 anos, Marcos é casado e tem duas filhas, Anita e Aurora, de 14 e 7 anos, respectivamente. Com mais de 3,5 milhões de fãs no Facebook e 400 milhões de visualizações nos seus vídeos, ele também já realizou cinco palestras no TED, a maior conferência de ideias do mundo. Em sua palestra, fala sobre tecnologia, oportunidades digitais, como a inovação acontece e o que precisamos para acompanhar os novos tempos. Paternidade participativa também foi um dos pilares da sua fala. “Eu acredito que a figura do pai é uma figura de um cuidador, de um tutor, de alguém que, na figura do homem, pode fazer tudo aquilo que a mãe tradicionalmente é conhecida por fazer. Como cuidar, dar carinho, educar, levar no pediatra, na escola”, ressalta, e destaca que entender os caminhos e os desafios dessa criação de filho que também é papel do pai. “Afinal de contas, participamos da concepção dessa criança, então é importante que a gente ofereça à ela esse referencial, essa noção de que o homem também faz parte da família, que ele não é apenas um provedor, um pagador de contas”, infere.
“Eu acho que temos uma tradição aqui. Sempre fico impressionado como o povo catarinense é próximo da família”, conta Piangers. Natural de Florianópolis e vivendo vários anos em Porto Alegre, atualmente Marcos mora em Curitiba, cidade que escolheu para priorizar o convívio familiar. O catarinense conta o que percebe sobre o âmbito cultural familiar desse canto do Brasil. “No ano passado, viajamos o Brasil e entrevistamos pais de todas as regiões do País. E nas cidades catarinenses, pais de famílias com ascendência italiana, alemã, que imagina-se que seriam famílias mais distantes, patriarcais e hierárquicas, nos surpreenderam. Pelo contrário, estes homens falaram com orgulho da criação e participação na vida dos seus filhos, da capacidade que eles têm de se sensibilizar e se transformar num homem melhor, mais próximo da família”, relata.
Acompanhado de sua mãe, que estava na plateia em Braço do Norte, Piangers deu um recado especial também à todas as figuras maternas das famílias. “A minha voz é uma voz que presta homenagem às mulheres e a tudo que as mães fizeram. A minha mãe cuidou de mim sozinha, mas me deu a oportunidade de, hoje, ser o pai que eu sou para as minhas duas filhas e não me sentir menos homem por causa disso”, relata Piangers. Ele também retrata a importância de desconstruir o machismo na relação pai-filho. “A gente costuma conversar muito sobre o machismo como um problema para as mulheres. E, realmente, opressão, assédio, salário menor, são várias as questões que devem ser discutidas. Mas também tem esse outro lado, de que o machismo incomoda o homem na questão de ele não poder se expressar, não poder falar o que ele sente. Quanto mais pudermos desconstruir esse formato violento e competitivo da masculinidade, melhor. Melhor para as mulheres, óbvio, melhor para as crianças, sem dúvida, mas melhor para os homens também”, realça.
“A transformação que podemos causar é o mais importante. O que me motiva é capacidade que tenho de subir num palco, de falar para um público e de ter, pelo menos, uma pessoa que vai se sensibilizar e vai ter uma vida mais rica, mais abundante, mais feliz”, conta o escritor, e fala sobre seu propósito na área da comunicação com a paternidade, realçando sua responsabilidade e influência sob seu público. “Já recebi muitos e-mails depois de palestras com relatos como: ‘você falou algo que mudou minha vida’, ‘resolvi mudar minha relação com minha esposa’, ‘recuperei meu contato com meus filhos que eu tinha abandonado’, ‘decidi salvar meu casamento’. Então comecei a perceber que a questão de passar valores, e de formar uma próxima geração mais honesta, mais gentil e generosa que a nossa é papel do pai também. É papel do pai lutar a batalha, constante e diária, que é educar o seu próprio filho, para então esperar um país melhor e uma sociedade melhor”, acrescenta.
Além de influenciar as plateias para quem dá as palestras, Piangers está influenciando seu público digital, e também seus leitores. “O meu livro está sendo usado para educação ou, reeducação de detentos. Então, em prisões, alguns detentos leem O Papai é Pop para serem apresentados para um caminho de menos violência, menos competitividade, menos agressão, de mais sensibilidade, mais proximidade com os filhos”, conta, e relata outra história inspiradora. “No começo de novembro, eu estava dando uma palestra em Florianópolis e uma menina que faz trabalho voluntário numa cidade chamada Canudos, no Sertão Nordestino, onde a internet havia chegado há apenas dois meses, disse que viu um senhor sentado no chão de uma casa de barro vendo um vídeo meu no celular, e falou a ele que conhecia o palestrante. E o senhor disse: ‘minha mulher disse que não estou sendo um bom pai e mandou eu ver os vídeos desse cara, e estou vendo um atrás do outro’. É emocionante saber que, numa cidade pequena do Nordeste, num local onde a internet chegou recentemente, tem um senhor entendendo e procurando esse caminho mais próximo da família, de mais sensibilidade e mais felicidade”, conta.
“Pais e filhos, se perdoem”, repete o palestrante
Ao falar sobre o papel dos filhos na relação familiar, Marcos Piangers diz para que todos os pais e filhos se perdoem. “Os seus pais são o contrário de vocês. Eles não tiveram as mesmas referências, as mesmas influências que vocês tiveram. É normal que exista diferenças de opiniões e, muitas vezes, são diferenças brutais que podem tornar a relação não muito saudável. Mas é importante que haja o respeito das duas partes”, declara Marcos, e fala sobre sua relação como filho. “Tento sempre dizer eu te amo para a minha mãe, e honrar bastante a presença dela perto de mim. Porque eu sei que um dia ela vai embora e eu vou me arrepender se eu não demonstrar todo amor e gratidão que eu sinto por tudo que ela fez por mim. Então, que o amor e a gratidão sejam maiores que as nossas diferenças de opinião”, completa.
Público elogia apresentação
O público saiu empolgado da palestra. Entre eles, a arquiteta braçonortense Eliana Gonçalves. Ela acredita que a palestra de Piangers somou em sua vida. “Acompanho Piangers nas redes sociais e os assuntos que ele aborda sempre me emocionaram, especialmente o assunto relacionado à paternidade”, relata. Eliana tem um filho de 9 anos, Miguel Gonçalves Cimadon, e ressalta como percebeu a importância de seu marido, Emury P. Cimadon, estar presente na vida do filho deles. “Eles aproveitam todos os momentos juntos, são inseparáveis. Percebi como temos uma família privilegiada por isso, e Piangers trata esse assunto com muita leveza e naturalidade, e faz muita gente repensar sobre os valores da vida”, ressalta Eliana.
“A palestra superou nossas expectativas. Ficamos bem satisfeitos com o público, todos que participaram saíram muito felizes. Pois o Marcos conseguiu transmitir uma energia muito positiva, e víamos isso no semblante de todos”, conta Aline Vieira, assessora de Marketing da Cerbranorte. “As cooperativas têm como propósito realizar ações e eventos para a comunidade, sempre com o objetivo de realçar o cooperativismo e valorizar as boas ações”, completa. Ela também relata que a escolha do palestrante se deu por Marcos passar toda a mensagem que a empresa deseja para a comunidade, de mais amor e respeito ao próximo.
