Motivados pela fé, comunidade utiliza o sino da igreja para celebrações e proteção contra trovoadas e desastres meteorológicos. Símbolo é tema de calendário

Ao olhar para o céu, se avista nuvens carregadas. O relampejo, seguido de um estrondo avisa: lá vem trovoada. São nessas situações, que os moradores da comunidade de Santa Augusta, em Braço do Norte, se atentam ao badalar do sino da antiga capela. O símbolo da comunidade é o tema do tradicional Calendário de Santa Augusta, encartado nesta edição da Folha do Vale e distribuído gratuitamente aos assinantes.
Segundo um dos líderes da comunidade, Edemir Della Giustina, essa é uma das tradições preservadas. “Quando começa a trovejar, a pessoa que estiver por perto da igreja puxa a corda do sino benzido pelo papa e em seguida a trovoada se ‘abre’”, conta o morador. Eles acreditam que a fé é o motivo do fenômeno já testemunhado por diversas pessoas da cidade.
A comunidade que completa 131 anos de história recebeu seu primeiro sino em 1888. O objeto, trazido da Itália, foi bento pelo Papa e seu toque é tradição secular. Ainda é um importante meio de comunicação entre os fiéis.
O sino que comunica
A “linguagem dos sinos” é capaz de transmitir aos moradores informações precisas como o início das missas, o tipo de celebração, comunica casos de morte, e até o registro de fenômenos meteorológicos com a crença de que sua benção é eficaz para afastar esses males. “A comunidade respeita essa tradição e se orgulha em ser protegida pela padroeira e pela benção do sino”, comenta Edemir. O primeiro sino foi substituído por outro símbolo também benzido. Atualmente, a relíquia foi transformada em monumento histórico e pode ser encontrada ao lado da igreja do bairro. Porém, o novo sino continua exercendo as mesmas funções e ainda é acionado por uma corda. “Sabemos que muitas igrejas tocam o sino através do meio digital, mas nós preservamos a tradição e continuamos puxando a ‘cordinha’ para tocar o sino”, ressalta o morador.