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GERAL

Invisibilidade do envelhecimento na publicidade

Ausência de representatividade denuncia o preconceito velado

São Ludgero - SC, 02/01/2025 17h00 | Por: Redação
Premiação promovida pela Associação dos Profissionais de Propaganda do Brasil foi realizada na Rede Globo

     Uma sociedade que envelhece rapidamente, mas insiste em ignorar uma parcela significativa de sua população nas campanhas publicitárias. Esse é o ponto de partida da pesquisa de Layse Andrade Cardoso, publicitária de São Ludgero e recém-formada pela UniSatc. Seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) aborda o etarismo no mercado publicitário e propõe uma reflexão profunda sobre esse problema. Por isso, conquistou reconhecimento em nível estadual e nacional.
     Layse destacou-se em dois dos mais prestigiados concursos da área. Ela garantiu o segundo lugar no Prêmio Antunes Severo – Profissional do Futuro, promovido pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil em Santa Catarina (ADVB/SC), e repetiu o feito no 43º Concurso Universitário de TCC 2024, realizado pela Associação dos Profissionais de Propaganda do Brasil (APP Brasil), cuja solenidade de premiação ocorreu na sede da Rede Globo, no Rio de Janeiro.
     Layse conta que o tema a inspira pessoalmente. “Ele estimula reflexões sobre preconceitos enraizados e sobre a importância de incluir um público frequentemente ignorado pela mídia, apesar de sua relevância crescente”. Outro fator motivador foi o desejo de contribuir para a conscientização e transformação do mercado publicitário. “Com isso desafi estereótipos e promove uma representação mais autêntica e inclusiva das mulheres com mais de 50 anos”, conta Layse.  

“Vamos rejuvenescer o conceito de velhice”
     Em sua pesquisa, a publicitária lançou luz sobre o etarismo — preconceito relacionado à idade — com foco na inclusão de mulheres com mais de 50 anos em campanhas digitais no Sul de Santa Catarina. Segundo Layse, as agências publicitárias da região enfrentam barreiras significativas, como: falta de interesse dos clientes em incluir “mulheres 50+”; resistência à inclusão desse público em mídias digitais; preferência por personagens masculinos em campanhas; e enfoque em diversidade étnica, mas negligência em relação à etária.
     “É hora de rever nossos hábitos e repensar como enxergamos e retratamos o envelhecimento. Vamos rejuvenescer o conceito de velhice!”, enfatiza Layse. A profissional acredita que seu estudo se destacou por trazer à tona um tema contemporâneo e relevante, mas ainda pouco explorado no mercado publicitário. 
     No cenário estadual, o Prêmio Antunes Severo destaca acadêmicos que oferecem soluções inovadoras e resultados relevantes para o mercado. Já em nível nacional, o Prêmio Professor Ricardo Ramos, promovido pela APP Brasil, reconhece a excelência acadêmica e a conexão entre teoria e prática.
     Layse Cardoso descreve as premiações como “a concretização de um sonho”. Para ela, mais do que troféus, os reconhecimentos simbolizam a validação de seu esforço. “Eles representam a certeza de que estou no caminho certo, criando soluções criativas e relevantes para a área de comunicação, reforçando meu compromisso com a excelência e me motivando a continuar”.
     “Acredito que esses prêmios servem como estímulo para outros acadêmicos, para que se dediquem com atenção e energia aos seus trabalhos, entendendo que a grande virada de chave está em perceber as novas demandas do mercado e como podemos contribuir com estudos relevantes para o momento que vivemos”, reflete, acrescentando o apoio de outras pessoas por meio de discussões e contribuições diversas, que influenciaram no resultado do trabalho.
     Na premiação nacional, Layse dividiu o pódio com outra catarinense: Juliane Batistella Martins, da Universidade Comunitária da Região de Chapecó, que conquistou o primeiro lugar no concurso - fato que evidencia o potencial das universidades e dos profissionais de Santa Catarina no cenário publicitário nacional.

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Prática publicitária
     Com dois anos de experiência no mercado, Layse atua com foco em campanhas e posicionamento digital. Ela considera que essa vivência foi essencial para o desenvolvimento de seu TCC.  “Minha experiência me proporcionou uma visão prática do mercado e me ajudou a criar um trabalho que não era apenas teórico, mas também relevante e aplicável”, diz a jovem, que atuou na Agência Magnus, de São Ludgero, do publicitário Celso Becker.
     “Durante meu estágio em agência, aprendi a importância de alinhar criatividade com objetivos claros de comunicação, além de entender as necessidades dos clientes e do público-alvo”, acrescenta. Ela avalia que, embora as agências de cidades menores enfrentem desafios, elas possuem um potencial criativo único. “Muitas vezes, elas se destacam pela capacidade de criar soluções inovadoras com recursos limitados”, observa.
     “A proximidade com o público local permite uma comunicação mais personalizada e eficaz. No entanto, a falta de investimento e de acesso a grandes oportunidades pode limitar sua presença no cenário estadual e nacional. Acredito que, com o fortalecimento do marketing digital e o aumento da visibilidade proporcionada pelas redes sociais, essas agências têm um caminho promissor para expandir sua atuação e mostrar que, independentemente do porte ou localização, podem criar campanhas relevantes e competitivas”, projeta Layse.

A influência da publicidade na percepção do público
     Ao questionar paradigmas e propor novas formas de pensar o envelhecimento na publicidade, Layse Cardoso buscou abrir caminho para debates essenciais no mercado. Afinal, a comunicação tem o poder de transformar percepções e, dessa forma, construir uma sociedade mais justa e inclusiva.
     “Quando a publicidade incorpora figuras femininas de forma autêntica e diversificada, ela reconhece o papel das mulheres na sociedade, representando suas diferentes identidades, corpos, etnias e estilos de vida. Isso evita a perpetuação de estereótipos e contribui para uma comunicação mais ética e verdadeira”, reflete.
     Por conta disso, esta é uma ferramenta importante no combate a estereótipos e contribui para promover igualdade de gênero. Com isso, é capaz de inspirar novas gerações ao retratar a realidade e mostrar exemplos de protagonismo, sucesso e autonomia, por exemplo. 
     Segundo Layse, além de ser uma questão ética, essa representatividade é estratégica. “Campanhas com representatividade geram maior conexão emocional com o público-alvo, criando lealdade à marca e impacto positivo. Empresas que promovem diversidade têm mais chances de conquistar mercados variados e contribuir para mudanças culturais significativas”, aponta a profissional.

Reinvenção aos 63 anos

     Neide Maria Pereira, 63 anos, modelo da Mega Model Sul, iniciou sua carreira recentemente após décadas como profissional da educação. Para ela, o trabalho atual foi a forma que encontrou para manter a vitalidade e explorar novas possibilidades.
     Para isso, além do trabalho, também está aprendendo a falar inglês e segue praticando atividades físicas. “Sempre fui movida pela vontade de aprender e buscar coisas novas. Quando me aposentei, senti a necessidade de continuar ativa e útil. Modelar foi um desafio que aceitei com entusiasmo, e tem sido muito enriquecedor”, compartilha.  
     Apesar das barreiras no mercado apontadas na pesquisa realizada por Layse, Neide acredita que a iniciativa pessoal é fundamental para ocupar espaços. “Precisamos buscar nosso lugar ao sol. O mercado não vem até nós; é a nossa disposição de aprender e agir que faz a diferença. Envelhecer não significa parar; significa encontrar novas formas de estar em movimento. Acredito que a mudança começa com a gente, mostrando que a idade não limita, mas renova possibilidades”, conclui.

Para Neide, o trabalho como modelo foi a forma que encontrou para manter a vitalidade e explorar novas possibilidades

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