Cerbranorte: Nelo e Toninho, da Chapa 1 entram na justiça pedindo que eleição não seja realizada até que inquérito policial que investiga supostos cadastramentos irregulares seja concluído
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TONINHO quer saber do que está sendo acusado e diz que imagem está sendo prejudicada[/caption]
A novela envolvendo a eleição para a direção da Distribuição e da Geração da Cerbranorte (Cooperativa de Eletrificação de Braço do Norte) ganhou um novo capítulo esta semana. Na terça-feira, 8 de outubro, a Chapa 1, formada por Manoel da Silva, o “Nelo”, e Antônio José da Silva, o “Toninho”, ingressou com uma representação no Fórum da Comarca de Braço do Norte solicitando para que a eleição não ocorra, pelo menos, até que inquérito policial que investiga supostos cadastramentos irregulares de associados seja concluído.
A investigação é realizada pela Polícia Civil de Braço do Norte desde fevereiro deste ano, após denúncia apresentada pela Chapa 2, formada por Mayco Niehues e Roberto Kindermann (Distribuição), e Valneide Exterkoetter e Carlito Wiggers (Geração), às vésperas da eleição da nova diretoria. Desde então, o processo eleitoral está suspenso e um interventor judicial foi nomeado para administrar a Cooperativa até que seja realizada a revisão cadastral de aproximadamente 1,5 mil associados, supostamente irregulares, de acordo com a denúncia, e, então dar início a uma nova eleição.
Luiz Magno Pinto Bastos Júnior, advogado que representa a Chapa 1, informa que, até o momento, Toninho e Nelo ainda sequer foram ouvidos no inquérito policial. “Nem foram ainda chamados para depor. Já se passaram seis meses e não houve nem mesmo um indiciamento. Se há alguma acusação contra a Chapa, oficialmente não se sabe que delito teriam cometido”, argumenta. Para o advogado, dar início à eleição antes da conclusão das investigações seria uma deslealdade contra a Chapa 1. “Diante das notícias relacionadas às denúncias, a imagem dos integrantes da chapa foram extremamente prejudicadas. Uma eleição neste momento partiria do pressuposto de que irregularidades teriam sido de fato cometidas, o que, na nossa visão, não corresponde à verdade”, acrescenta.
O advogado nega que o objetivo dos candidatos seja o de adiar intencionalmente o processo eleitoral. “Não é nossa intenção. Ao contrário, queremos que a eleição ocorre o quanto antes. Prova disto foi que, em maio, peticionamos junto à 2ª Vara Cível de Braço do Norte para que as partes interessadas - representantes da Chapa 1, da Chapa 2 e do Ministério Público - realizassem uma audiência de conciliação. Nosso objetivo era resolver logo essas divergências, visando o interesse da comunidade e dar início ao processo eleitoral. A Chapa 2 não aceitou essa proposta, que acabou indeferida pelo juiz”, relata Luiz Magno.
Toninho, que era o presidente da Cerbranorte à época das denúncias, reforça o argumento do advogado. “Se fiz algo de errado, eu quero saber. O que não é justo é disputar uma eleição sem saber do que estou sendo acusado. Não queremos adiar eleição, queremos apenas que seja o mais justa possível”, defende o ex-presidente.
Caso o pedido seja acatado pelo juiz, há o risco de que a atual situação da Cooperativa se estenda por um longo tempo. Em Armazém, por exemplo, a Cooperzém está envolvida em processo judicial semelhante há mais de cinco anos. Porém, naquele caso, as eleições para a direção da entidade têm ocorrido regularmente. O advogado Luiz Magno, entretanto, nega que a Cerbranorte ficará muito tempo sem uma nova diretoria escolhida pelos seus associados. “Não estamos pedindo para que a eleição ocorra somente após o trânsito em julgado (ao final do processo judicial em última instância), mas, pelo menos, à conclusão do inquérito policial”, conclui.
Embate de narrativas
No decorrer de quinta-feira, ambas as chapas publicaram notas de esclarecimentos a respeito dos últimos acontecimentos. A primeira a soltar nota foi a Chapa 1. Intitulado “Eleições da Cerbranorte e as inverdades propagadas pela Chapa 2”, o comunicado reforça as razões que levaram os candidatos Nelo e Toninho a pedir que a eleição se inicie após conclusão das investigações.
“Até o presente momento, os integrantes da Chapa 1 sequer foram ouvidos no procedimento investigativo (inquérito policial), portanto ainda não lhes foi dado a oportunidade de comparecer perante a autoridade competente para apresentarem sua versão dos fatos, o que ofende a garantia constitucional da presunção de inocência. Portanto, as acusações propagadas pela Chapa 2 de que os integrantes da Chapa 1 não querem que as eleições ocorram em um prazo razoável NÃO É VERDADEIRA, revela-se mais uma estratégia política para denegrir a imagem dos integrantes da Chapa 1”, diz a nota.
Em resposta, a Chapa 2 divulgou nas redes sociais a nota “Vamos falar a verdade?”, que, em síntese, defende a revisão cadastral proposta pelo administrador judicial da cooperativa, e não concorda com o pedido de suspensão, por conta do risco da atual situação continuar por todo o tempo de duração da ação penal.
“No que se refere à audiência para tentativa de “acordo”, a Chapa 2 afirma, categoricamente, que não faz e nunca fará nenhum tipo de “negociata” com membros da Chapa 1, assim como não mistura política ou partidos políticos com eleições da cooperativa. Isso, porque, o que a Chapa 2 quer é uma eleição justa, para, com a vitória, realizar um trabalho sério, apartidário e sem dever favores a ninguém”, destaca o esclarecimento. “Cumpre esclarecer que a ação em que se busca o recadastramento e a realização de uma eleição justa foi de autoria da Chapa 2 perante o juízo cível; e os membros da Chapa 2, assim como os associados, aguardam ansiosamente por um fim”.