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GERAL

Cecília Roveda: morte da milagreira de Furninhas completa 90 anos

26/02/2021 09h03

Menina da comunidade de Furninhas, considerada santa, foi assassinada aos 11 anos em 1931

Nesta sexta-feira, 26 de fevereiro, completam-se 90 anos da morte de Cecília Roveda, a menina assassinada aos 11 anos de idade e que é tida como santa por muitos. Cecília viveu no início do século passado em Furninhas - comunidade limítrofe dos municípios de Orleans, Grão-Pará e Braço do Norte - onde está enterrada e, em sua homenagem, foi construída uma capela, que será palco de uma celebração especial para marcar a data.

LUZIA E ZECA dão testemunho de graça alcançada por intermédio da Menina de Furninhas

A Menina de Furninhas, como é chamada por seus devotos, ainda não teve iniciado seu processo de beatificação por parte da Igreja Católica. Mesmo assim, ninguém na comunidade duvida de seu poder miraculoso. Muitos relatam terem alcançado graças e testemunhado milagres por intercessão de Cecília. É o caso de Luzia Ascari Salvalagio, 49 anos, e seu marido, José Salvalagio, o “Zeca”, 57, moradores de Furninhas.

Contam que a filha do casal, Adrieli, quando tinha quatro anos de idade, foi diagnosticada com uma grave doença no coração. Precisava com urgência fazer uma cirurgia. No dia em que a operação seria realizada, Luzia não obteve êxito devido às cotas para o procedimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) já estarem preenchidas. Dias depois, a mãe buscou novamente agendar a cirurgia. Foram refeitos os exames médicos para o procedimento e, quando chegou ao consultório médico para marcar a data, perceberam que o coração de Adrieli estava perfeitamente normal. A operação não seria mais necessária e, hoje, aos 17 anos, a jovem segue uma vida perfeitamente saudável.

“Minha filha tinha um sopro no coração. Indiscutivelmente, ela precisava fazer a cirurgia. Mas, melhorou sem explicação. Não tenho dúvidas de que foi com a ajuda da Menina Cecília. E nem foi tanto por nós, não foi necessariamente atendendo um pedido nosso. Acredito que foi a própria fé da minha filha, que acreditava muito na santidade de Cecília, que fez com que ela melhorasse”, afirma Luzia.


Zeca e ela são agricultores. Sempre viveram na comunidade e cresceram ouvindo as histórias da menina milagreira. Em casa, Luzia guarda todo tipo de memorabilia sobre Cecília - recortes de jornais e revistas, fotos, livros, panfletos e outros materiais impressos. O casal é ferrenho entusiasta da santidade da Menina de Furninhas. “Sempre que posso guardo alguma recordação sobre a Menina Cecília. É uma história que não podemos deixar morrer”, diz a agricultora.

Assassinada aos 11 anos

Cecília Roveda passou toda a sua breve vida em Furninhas. Nasceu em 3 de novembro de 1919. Os relatos da época dão conta de que era uma menina franzina, mas muito bonita, alegre, inteligente, cheia de vida e amiga de todos. No dia 26 de fevereiro de 1931, quando voltava da escola para casa, foi estuprada e morta.

TÚMULO de Cecília e de seus pais estão preservados até hoje

O assassino era Valdivino João Thomaz, conhecido de Cecília e que a teria convencido a adentrar a mata para colher bacupari, uma fruta nativa da região. Sua intenção, na verdade, era outra. Ela teria lutado com todas as suas forças, mas não conseguiu evitar que fosse violentada. Depois disso, disse ao seu algoz que contaria a todos o que ocorrera, que o denunciaria. Foi quando o homem resolveu acabar com a vida da menina.

Dias depois, após investigações por parte da autoridade policial da Comarca de Tubarão, vários indícios apontavam Valdivino como principal suspeito. Ele acabou confessando o crime e afirmou tê-lo cometido porque queria se vingar do pai de Cecília. Ele não permitia que Valdivino se relacionasse com a irmã mais velha da vítima.

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Um capitel em honra à memória de Cecília

Cecília Roveda foi sepultada no cemitério da comunidade, nos fundos da Capela de São José. Seu túmulo, assim como o de seus pais, se encontram lá até os dias de hoje. Há também um pequeno mausoléu, onde os fiéis depositam placas e itens relacionados a graças alcançadas. “Vem gente de longe. De outras regiões, de outros estados, para agradecer à alguma ajuda que tenha recebido da Menina Cecília”, conta Luzia.

capitel construído em honra à Cecília será palco de Missa nesta sexta-feira

Em outro local próximo, a comunidade construiu um capitel em homenagem à Cecília. Naquele lugar, supostamente, teria ocorrido seu assassinato. A área, que conta também com um pavilhão coberto e estrutura para eventos, pertencia a descendentes da menina. “Na nossa família, ela sempre é lembrada como uma santa. Uma menina muito boa, amiga de todos, boa filha e que sofreu muito na hora se sua morte. Sempre acreditamos nisso”, relembra o agricultor Jenilton Roveda, sobrinho-neto de Cecília. Foi ele quem cedeu parte da sua propriedade para construir a estrutura. Atualmente, também ajuda a manter o local.

Apesar do grande número de seguidores, não há, até o momento, expectativa de que a Menina de Furninhas passe por um processo de beatificação, como ocorreu com Albertina Berkenbrock, de Imaruí. As duas têm histórias muito parecidas. Coincidentemente, ambas nasceram e foram mortas no mesmo ano. A diferença é que Albertina teria conseguido resistir ao estupro, manteve-se casta, e morreu por isso. “Menina Cecília não teria condições de evitar o que aconteceu com ela, já que era pequenina. Dizem que não pesava mais que 30 quilos. Mas, para mim, e para seus devotos, isso não faz diferença. Cecília é, sim, uma santa”, defende a agricultora Luzia.
A Missa em honra aos 90 anos da morte da Menina de Furninhas, será realizada às 20 horas desta sexta-feira, dia 26. Por causa da pandemia de Covid-19, o acesso ao local será restrito e os presentes deverão ater-se às medidas de segurança sanitária. A celebração será presidida pelo Pároco da Paróquia de Santa Otília, de Orleans, padre Joel Marcolino Bittencourt.

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