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Primeira cesariana de Braço do Norte precisou de permissão do padre para ser realizada

Realizado em 1955 no HST, procedimento era considerado pecado e só ocorreu porque as vidas da mãe e do bebê estavam em risco

Braço do Norte - SC, 24/11/2023 13h00 | Atualizada em 27/11/2023 14h30 | Por: Ketully Beltrame | Fonte: Folha do Vale
Com apenas 19 anos, Delinde Furlaneto Effting enfrentou três longos dias de trabalho de parto, o que colocou a vida dela e do filho Carlos Roberto Effting

     Em março de 1955, há 68 anos, a primeira cesariana era realizada no Hospital Santa Teresinha (HST), em Braço do Norte, e ocorreu somente após a permissão do padre Gregório Michels, recebida porque mãe e filho corriam risco de morte. Naquela época, não ter filho por vias naturais era considerado pecado, conforme relata Delinde Furlaneto Effting, hoje com 87 anos. 

     Com apenas 19 anos, ela enfrentou três longos dias de trabalho de parto, o que colocou a vida dela e do filho Carlos Roberto Effting, em risco. "Foi muito difícil. Naquele tempo, a mãe precisava dar a vida. Eu senti dores por três dias, até que parou tudo, a criança estava quase morta", relata Delinde. Sem sucesso para a realização do parto normal, a única alternativa foi a intervenção do sogro dela, que conversou com o padre Gregório para obter o consentimento necessário. 

     Tendo sucesso na tratativa, a luta pelas vidas seguiu. O doutor Oswaldo Wolff Dick, que se formou em 1951, precisou realizar o procedimento com os poucos recursos disponíveis. Quando o bebê foi retirado, o profissional acreditou que ele não sobreviveria, devido à fragilidade. “Foi esperado muito tempo até a cirurgia. Ele era muito pequeninho e não reagia. Minha cunhada o colocou embaixo da torneira para ver se chorava e, felizmente, deu certo. Salvaram ele”, conta ao relembrar das medidas adotadas para garantir a sobrevivência do recém-nascido.     

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     Durante os 15 dias seguintes, ela e o bebê seguiram internados, sob cuidados médicos no HST. Ambos ficaram bem, mas o parto difícil deixou sequelas físicas. "Era o começo de tudo. Fiquei três meses com os pontos inflamados e a cicatriz ficou muito feia e grande, muito diferente de como é hoje", afirma. Outra curiosidade relatada por Delinde, foi a dificuldade de comunicação. "Quem cuidava do hospital eram pessoas que vinham da Alemanha, então elas não falavam português e, é claro, não havia intérpretes”, recorda.

     A história de dona Delinde retrata os desafios da maternidade da década de 1950, devido aos preconceitos, proibições e falta de recursos. Além disso, chama a atenção para a evolução da medicina e também dos pensamentos e comportamentos ao longo dos anos. Dona Delinde teve outros dois filhos. O nascimento da filha se deu com cesariana e o do filho caçula com parto normal. “Era bem no começo de tudo e bem diferente do que é hoje. Só sabíamos do sexo do bebê após o nascimento. Três anos depois, fiz cirurgia para o parto da minha filha e já tinha um pouco mais de recursos. O terceiro filho foi parto normal e quase ganhei sozinha”, finaliza.


Números atuais
    As taxas de cesárea em Santa Catarina apresentaram variação estável, de 60,46% a 57,90% nos últimos 10 anos. Em Braço do Norte, há uma pequena inversão. A maior quantidade é de partos normais. “Desde que a maternidade do Hospital Santa Teresinha foi reaberta, há cinco meses, foram realizados 325 partos. Destes, 168 foram de parto normal e 157 de cesárias”, informa o obstetra José Nazareno Goulart Junior.

Folha do Vale

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