Quarta-feira, 08 de maio de 2024
Braço do Norte
34 °C
20 °C
Fechar [x]
Braço do Norte
34 °C
20 °C
ESPECIAIS

O que esperar de 2024 no campo político

As pessoas de boa índole, muitas vezes, são desestimuladas a participar do pleito eleitoral

Braço do Norte, 18/12/2023 08h45 | Atualizada em 18/12/2023 09h25 | Por: Elton Heidemann

     A antipatia por agentes políticos não é um fenômeno local, do Brasil. Ela ocorre em todos os países do mundo. Daqueles em que a população possui altos índices de honestidade aos mais corruptos. Como representantes do povo eleitos e, na maioria das vezes, com pautas específicas, a população terá que conviver com eles, goste ou não.

     Em determinados momentos, os políticos são portadores de boas notícias, que, no meio político, podem ser anuladas por deslizes, por mais banais que sejam. Com os holofotes apontados e os adversários de olho, fatos causam estragos nas melhores almas. Em outros momentos, estes mesmos agentes públicos podem ser os promotores de conflitos graves, como estamos acompanhando entre Rússia e Ucrânia, na guerra entre o Hamas e Israel, e, aqui próximo, com o presidente Maduro, da Venezuela, ameaçando uma guerra com ares medievais em nossas fronteiras com a Guiana Francesa. Mas há algo em comum entre todos: num determinado momento da história, colocaram seus nomes à disposição para participar de um pleito eleitoral. Dentro de vias normais, elegem-se pelos votos. 

     É evidente que, se tratando de mundo, em países autoritários e corruptos, as regras eleitorais não são claras e acessíveis para uma possível oposição para aqueles que se encontram no poder. Em nossa realidade brasileira, por exemplo, temos uma democracia capengando, onde o Supremo Tribunal Federal, o Judiciário, que tem seus poderes equivalentes ao Executivo e ao Legislativo, usa-o de forma política e destorcida. Uma verdadeira aberração, considerando suas atribuições. Já o Congresso está refém de emendas parlamentares do Executivo, para manter suas bases eleitorais. Desta forma, temos o sistema do qual a população não gosta e encontra-se refém do fatiamento dos recursos agrupados e mal distribuídos pelos governos estaduais e federal. 

     Assim, e de muitas formas alternativas, grande parte dos recursos pagos pelos contribuintes são delapidados pelo caminho até chegarem aos Municípios, e, ora, dentro deles também. Por mais que as leis tenham melhorado e a vigilância aumentada, desvios ocorrem. Como num ciclo vicioso, as pessoas reclamam de seus candidatos ou daqueles que foram eleitos, mas os eleitores votam, obviamente, naqueles que se sujeitaram ao crivo eleitoral. Como se não bastasse, o País deseja e necessita de bons políticos, mas, como uma sirene barulhenta que espanta as pessoas próxima, um pleito eleitoral, muitas vezes, afasta as pessoas de boa índole, graças ao entorno. Maus exemplos são recorrentes. Hoje, fatos ruins são replicados com facilidade e rapidez através das redes sociais. Mas, para aqueles que são acostumados a tirarem seus “recursos” dos maus hábitos, gritos são apenas gritos, e nada mais. Observemos, por exemplo, a Lava Jato. O que aconteceu e onde estão seus condenados, os agraciados, os que ora punem inocentes e libertam culpados, os empresários “exemplos ao mundo”, as grandes empreiteiras? Não é de admirar o distanciamento de boa parte das pessoas por determinados temas. Principalmente porque certas pautas ou investigações são longas, chatas e burocráticas. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

     Por isso, em se tratando de renovação, os exemplos vindos de cima favorecem novos candidatos com más intenções. Portas estarão abertas para estes nas próximas eleições municipais em 2024. Daqueles que disputarem e se elegerem, tenham certeza que iremos reclamar por inércia, ineficiência ou corrupção. Infelizmente, dos bons frutos na política, pouco são reconhecidos. Até porque as pessoas consideram o que fazem por elas uma obrigação, já que foi eleito para tal. Nada mais justo do que a população reclamar. Os contribuintes devem cobrar com afinco o retorno de seus caros recursos pagos aos governos. 

     Entretanto, de tudo isso não temos apenas coisas ruins. À medida em que a internet foi alcançando um público maior de pessoas, mais esclarecidas, críticas ou céticas, essas se tornaram. Hoje, fica mais difícil para um candidato político ao Legislativo, por exemplo, vender a ideia de que irá construir um hospital ou asfaltar aquela rua na frente da casa do cidadão em troca de seu voto. O eleitor sabe que isso é função do Executivo. Por vezes, as pessoas elegem pessoas que consideram seus heróis, coisas que não existem de fato, e acabam frustradas, pois temos sim pessoas com mais ou com menos vontade em resolver coisas para a comunidade ao corresponderem seus salários recebidos no cargo político. 

     Esse mesmo público também percebe quando as coisas acontecem de forma positiva, e por diversas vezes acabam se manifestando pessoalmente ou nas redes sociais. E esses servem de combustível para promover melhorias e desenvolvimento na comunidade. Afinal, o reconhecimento é bom e todos gostam. Prova disso é a valorização das pessoas em eventos públicos, como o Título de Cidadão, ou Homem do ano e Mulher do ano, da Câmara de Vereadores; os agraciados sentem-se honrados. Para um político, naturalmente, o reconhecimento é essencial, é sua motivação para continuar, seja ele para o bem ou por mal. Depende, lógico, do ponto de vista de cada um.

     Em todas as esferas públicas há servidores engajadas com o desenvolvimento humano, e outras com o desenvolvimento pessoal. Isso é visível no dia a dia através de atitudes populistas ou eleitoreiras de políticos, onde o cerne da questão é o recurso público em si, que, sendo aplicado de forma satisfatória, acaba retornando como também palanque eleitoral. Eleitores passam o filtro, discutem política, assuntos antes compartilhados apenas através das tevês e, muitas vezes, direcionados para um fim específico. A grande questão é a participação delas na vida pública. 

     Hoje, não basta apenas votar ou abster-se do voto, transferindo sua responsabilidade para outro, mas envolver-se de fato no dia a dia e, com dignidade, procurar um espaço eleitoral, onde suas ideias ecoem. Caso contrário, será apenas um grito no meio de tantos outros e quem está lá no poder apenas observa os boletos sendo quitados. Então, sigamos em frente, com o desejo de ver que cada vez mais pessoas de boa índole estejam à frente da política e que saibamos discutir de forma positiva as ações que definem nosso futuro.
 

Folha do Vale

Rua Manoel Jorge Neves, 470, Bairro Tiradentes, Gravatal, CEP: 88.735-000 - Santa Catarina.

Telefone: 48 3658-7373.

Folha do Vale © Todos os direitos reservados.
Demand Tecnologia
WhatsApp

Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Ok, entendi!