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O que esperar da pandemia de coronavírus?

28/04/2020 19h56 | Atualizada em 28/04/2020 19h56

Médicos Rogério e Lawrence analisam algumas medidas de proteção e ascendência do vírus

Mais de 208 mil pessoas já morreram no mundo e mais de 3 milhões foram infectadas, em decorrência da covid-19, e até o momento não há nenhum remédio ou vacina que possa tratar a doença com eficácia comprovada. Diante de tamanho desafio da medicina atual e de inúmeros questionamentos que pairam a população, algumas dúvidas podem ser esclarecidas, principalmente quanto as medidas de proteção e ascendência do vírus.

“Uma das formas recomendadas em muitos países é o uso da máscara facial, mas ainda não há comprovações científicas que elas realmente bloqueiem a proliferação do coronavírus. O que não pode ocorrer é o relaxamento de outras atitudes preventivas porque se está de máscara. Tem que se manter os demais métodos mais eficientes como o isolamento social e a higienização. Temos que pensar em nossas atitudes, como de que forma vamos até o mercado? De que forma vamos abrir o nosso comércio? De que forma vamos voltar a academia? Manter o distanciamento entre as pessoas é sempre o mais indicado”, reforça o infectologista de Tubarão, Rogério Sobroza de Mello.

O médico especialista em medicina de família com atuação em geriatria e medicina do trabalho do Complexo Médico Pró-Vida, Lawrence de Luca Dias, reforça que o uso da máscara não pode levar ao relaxamento da prevenção do acesso às vias respiratórias. “Talvez a máscara de uma falsa proteção a sociedade. Ela é uma bengala em meio as demais formas de se evitar o vírus. Não se pode apostar que somente colocando essa barreira no rosto estaremos imunes ao coronavírus. Os cuidados devem ser constantes. Não podemos relaxar”, alerta.

Isolamento horizontal e isolamento vertical

Existem duas formas de distanciamento social, o isolamento horizontal e o isolamento vertical, na redução da circulação de pessoas definidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para prevenir a disseminação de uma doença. Uma delas é o isolamento horizontal, que permite a população permanecer em casa, liberando somente a realização dos serviços essenciais e a outra, é a vertical, ao manter isolados em domicílio somente as pessoas de alto risco. 

“As duas coisas podem ser úteis, mas em momentos distintos da pandemia. Em uma primeira fase com o isolamento horizontal, por exemplo, o que foi feito inicialmente, em Santa Catarina, auxiliou na preparação de leitos de UTI, na capacitação de equipes de atendimento e a frear a pandemia. Isso foi de muito êxito”, destaca Rogério.

Para o Lawrence em um segundo momento, com o retorno da população ao trabalho, essa liberação tem que ser realizada com muita cautela e responsabilidade. “É necessário que pessoas de alto risco, como portadores de problemas pulmonares, idosos, gestantes, doentes crônicos, cardíacos, diabéticos, não voltem ao trabalho durante a pandemia. Esse grupo tem maiores chances de mortalidade. Pensar e controlar as atitudes do nosso cotidiano, fazem com que as medidas de proteção não sejam esquecidas e assim possamos passar por uma pandemia e sair de uma pandemia”, destaca.

Chegamos ao pico da pandemia no Brasil?

As previsões sobre o avanço do coronavírus no país ainda são muito difíceis, devido aos dados insuficientes de informações quanto aos números de infectados. Conforme o Rogério, a situação brasileira é complicada de fazer comparações com outros países, como da Europa, devido as suas proporções e particularidades, como inúmeros casos em um estado, diferentemente em outro. Situação que contribui para variantes na curva da propagação do vírus dentro do território nacional.

“As estimativas são modelos puramente matemáticos que podem não seguir a realidade. Aguardamos a descoberta de remédios eficazes ou de uma vacina que possa realmente eliminar ou amenizar os efeitos do Covid-19. Tudo se encaminha para que logo isso aconteça. Quanto a elevação da curva, acredito que ainda estamos em fases iniciais e que o período de maior elevação, infelizmente, ocorra mais provavelmente em junho. Se por um lado essa tendência seja muito ruim, por outro, quanto mais tempo levarmos para chegarmos ao topo da disseminação, melhores preparados estaremos para combater esse inimigo”, completa.

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