O alerta é para a importância de se doar medula óssea para salvar vidas
O simples ato de falar a palavra leucemia, por muito tempo, para muitos, era mencionar algo assustador. Um estigma cultural antigo que remetia a sinônimo de sentença de morte. Origem que pode ter relação com a ocorrência da doença em crianças e também por, no passado, ter na grande maioria um desfecho fatal.
Para conscientizar a população brasileira sobre a leucemia e a importância de se tornar um doador de medula óssea, a Campanha Fevereiro Laranja, ocorre anualmente neste mês para também informar sobre o diagnóstico precoce da doença. Enfermidade que segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) é o 9º câncer mais comum no sexo masculino e o 11º no feminino.
“A leucemia é uma doença maligna que ainda causa medo e muitos desconhecem as suas manifestações. Ela tem como principal característica o acúmulo de células doentes na medula óssea, ao substituir as células normais”, explica a hematologista, hemoterapeuta do Complexo Médico Provida, a médica Maria Zélia Baldessar (CRM: 4523/ RQE: 1424).
Segundo a especialista, é na medula óssea que são fabricadas as células sanguíneas, tanto as células que originam os glóbulos brancos (leucócitos), quanto os glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos) e às plaquetas.
“As leucemias podem ser crônicas e agudas, mas as agudas devem ter um diagnóstico mais rápido e preciso, em função da sua gravidade e necessidade do início precoce do tratamento. As leucemias podem se manifestar em todas as faixas etárias, mas as leucemias agudas são mais frequentes em jovens e crianças. e as crônicas podem ocorrer em faixas etárias mais avançadas”, explica Maria Zélia.
As manifestações das leucemias agudas são uma tríade de sinais e sintomas que são a palidez cutânea, proveniente da anemia, sangramentos na pele e mucosas e febre acompanhada por infecções. Já as crônicas podem ter vários sintomas como aumento do baço, anemia e podem ser assintomáticas.
Para o tratamento é necessário o estudo de diversos fatores e a realização de um diagnóstico adequado. Análise de fatores de bom e mau prognóstico. Nas leucemias agudas iniciam com quimioterapia, quando estas não respondem ou recaem, são consideradas de pior resposta, sendo então indicado a realização de um transplante de medula óssea.
“Nas leucemias agudas quando o tratamento é realizado adequadamente e com diagnóstico precoce, os índices de cura ficam, em média, em 60 a 80% podendo em alguns casos chegar a 90%. O apoio emocional familiar é também muito importante na contribuição para melhora da resposta do paciente, ao fortalecer a pessoa para enfrentar a doença”, ressalta a hematologista e hemoterapeuta.
Doação de medula
Para muitos portadores de leucemias e outras doenças do sangue, o transplante de medula óssea é muitas vezes, a única chance de cura. Para doar é necessário realizar um cadastro em um hemocentro no chamado Registro Nacional de Doares Voluntários de Medula Óssea (Redome). Precisa ter entre 18 e 55 anos, boa saúde, não ter doenças autoimunes e infecciosas, doar uma amostra de 5 ml de sangue e se for compatível com algum paciente realizar exames prévios para doar.
Índices nacionais
O Inca estima que de 2020 a 2022, sejam diagnosticados no Brasil 5.920 casos novos de leucemia em homens e 4.890 em mulheres. Valores que correspondem a um a um risco estimado de 5,67 casos novos a cada 100 mil homens e 4,56 casos novos para cada 100 mil mulheres.