A Paróquia do Sagrado Coração de Jesus de Gravatal conta, desde fevereiro, com uma nova equipe de padres. Eles pertencem à Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. O novo pároco é o Padre André Borges da Silva, 44 anos, natural de Passo Fundo (RS), onde cresceu e realizou seus estudos. Ordenado sacerdote pela Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, ocupou nos últimos três anos o cargo de secretário Provincial em Corupá, no Norte no Estado, onde está localizada a Sede Provincial da Província Brasileira Meridional, uma das três províncias da Congregação no país.
Desde a criação da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, de Gravatal, em 1966, apenas os padres da Diocese de Tubarão atuaram no comando da Igreja Católica no município. Em agosto de 2023, a Congregação do Sagrado Coração de Jesus recebeu um pedido do bispo diocesano de Tubarão, Dom Adilson Pedro Busin, para que seus religiosos, conhecidos como Dehonianos, auxiliassem no trabalho no Santuário de Gravatal. “Dom Adilson expressou a carência momentânea de padres no seu presbitério e solicitou nosso apoio pelo período inicial de cinco anos”, detalha padre André. O pedido do Bispo foi aceito em novembro.
A Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus possui aproximadamente 600 padres e irmãos consagrados (sem um ministério específico) no Brasil. Presente em 40 países, tem sua Sede Geral em Roma. Ao todo, são mais de 2,3 mil religiosos ligados à Congregação. Para Gravatal, além do Padre André, o Padre Sérgio José Henkemeier, 70 anos, que possui vínculos familiares com a região, também foi designado para a Paróquia local. 

“Porém, ao chegar aqui, adoeceu e está em recuperação médica. Por isso, a congregação enviou o Padre Paulo Eurico Krautler para auxiliar”, adiantou Padre André. Padre Eurico tem 75 anos, é natural de Botuverá (SC) e completa 48 anos de sacerdócio esse ano. Atuou por diversos anos no Mato Grosso e foi apresentado à comunidade no domingo, 7 de abril.

A presença dos padres Dehonianos na região não é novidade. “Estamos há mais de 40 anos administrando a Paróquia São Pedro, em Armazém. Lá, atualmente, atuam três religiosos”, comenta Padre André ao lembrar que sua congregação também esteve por anos na Vargem do Cedro, em São Martinho. “Tivemos ainda uma marcante passagem por Tubarão no século passado, quando fundamos o Colégio Dehon, que leva o nome do fundador da nossa congregação, Padre João Léon Dehon, bem como a estruturação do Hospital Nossa Senhora da Conceição, na paróquia da Catedral”, recorda ao citar o trabalho dos padres de sua Congregação.

Os padres da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus têm a missão de atender 17 comunidades. São aproximadamente 8 mil moradores atendidos pela Igreja Católica. Para realizar esse trabalho, eles contam com a ação de pastorais, coordenações e conselhos formados por voluntários, além do trabalho das secretárias, Rosilei e Terezinha, que atuam no atendimento da Secretaria Paroquial.

Folha do Vale - Como foi a recepção por parte da comunidade católica a vocês padres em Gravatal?
Padre André – Tivemos uma excelente acolhida. Aqui temos um povo hospitaleiro e fervoroso. Uma expressão desse fervor e da piedade pode ser notado na Sexta-Feira Santa. Mesmo embaixo de muita chuva, um grande número de moradores compareceu na procissão de Nosso Senhor Morto. Pensei que pelo mau tempo a comunidade não viesse. Confesso que fiquei edificado com a demonstração de fé desse povo.

Por ser de uma Congregação diferente, vocês pretendem implantar alguma mudança na Paróquia de Gravatal? 
Padre André – Nesse primeiro momento, nossa intenção é conhecer a realidade do povo, entender o pensamento das lideranças. Queremos ouvir, acolher as sugestões e, depois, junto com as coordenações, pensar e elaborar um plano de ações, considerando as orientações diocesanas.

O que vocês querem oferecer à comunidade cristã?
Padre André – Nós viemos para oferecer o que é próprio da nossa espiritualidade e carisma: o amor e a reparação. Queremos acolher e conduzir as pessoas ao Coração de Jesus. Lembro que estamos aqui para auxiliar por um período. Não criamos vínculos para permanência. Isso nos remete ao dom amoroso e gratuito da vida e a missão do sacerdote. Como dizia São João Maria Vianney, padroeiro dos padres e dos párocos: “O sacerdócio é o amor do coração de Jesus”.

Como o senhor enxerga o fenômeno das “novas igrejas”, que atrai cada vez mais fieis, principalmente os mais jovens? Elas aproveitam uma certa resistência em mudança e conservadorismo da Igreja Católica.
Padre André – Não podemos negar que existe o fenômeno religioso. O ser humano aspira, anseia pelo infinito e quer respostas que deem sentido para sua vida e sua existência. Na nossa tradição católica, a resposta que o ser humano procura tem nome e é uma pessoa: Jesus Cristo.
Muitos procuram Jesus para obter milagres, soluções, saídas, mas corre-se o risco de deixar de encontrá-lo. Porque só o encontro pessoal com Jesus pode dar sentido à nossa vida e eternizar nossa existência. Por isso, as pessoas vão de um lugar para o outro, sem levar o real sentido de encontrar-se com Deus.
Eu sou padre do jeito que sou, me alimentando do Evangelho que é a boa notícia. E a boa notícia é que Cristo ressuscitou e está vivo. Cristo não é moda, não é filosofia, não é uma boa ideia... É uma pessoa divina que quer participar da nossa vida. Ele é Dom de Deus para nós.