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“Sou um viciado em polícia”, diz o delegado

04/10/2019 15h31 | Atualizada em 04/10/2019 15h31
Bruno Martins está na comarca desde abril de 2018 e é o responsável por diversas ações policiais na comarca Oentrevistado do Café da Folha desta semana é o delegado Bruno Marinho Martins. Carioca, da capital, tem 31 anos. Intitula-se “um viciado em polícia”. Saboreando o café patrocinado pela Panificadora Nack, o policial que atua em Braço do Norte deste abril do ano passado, falou um pouco de sua vocação, do trabalho que realiza na área de investigação, ainda apontou algumas carências. Ações que poderiam ser realizadas para melhorar a atuação da Polícia Civil. E lembrou das prisões realizadas nos últimos dias pela sua equipe. [caption id="attachment_8186" align="alignnone" width="300"] BRUNO é carioca e tem 31 anos. Braço do Norte é sua segunda delegacia na carreira[/caption]   Como surgiu o desejo de ser policial? Bruno - Sempre admirei a carreira de delegado e a investigação criminal. Na verdade, quando eu tinha 17 anos, o pai de um amigo meu, que era policial federal, um dia levou a gente para conhecer a delegacia. A partir daí eu decidi que ia ser delegado. Comecei a fazer a faculdade de Direito no Rio de Janeiro e, confesso, desanimei na metade do curso. Só não desisti porque realizei, paralelamente, um curso na rede LFG (Luiz Flávio Gomes), para me preparar para o concurso de delegado. A partir daí comecei a me empolgar com o Direito. Voltou o meu desejo de ser Delegado de Polícia. E como foi o início da carreira? Bruno - Com o registro da OAB na mão, prova que eu já havia passado antes mesmo de se formar, iniciei o reforço nos estudos visando, diretamente, o concurso de delegado. Dois anos depois abriu concurso em Santa Catarina. Fiz as provas e fui passando nas etapas: objetiva, subjetiva, prova oral, teste físicos psicotécnico... uma a uma. Conclui em 2015 o concurso e fui chamado na segunda turma, em 2017. Fiz sete meses de Academia de Polícia. Fui lotado na Comarca de Ponte Serrada, no Oeste do Estado. Permaneci por lá cerca de cinco meses. Depois, fui removido para a Regional de Tubarão, mais especificamente em abril de 2018, para a Comarca de Braço do Norte como delegado substituto. O que achou de nossa região? Bruno - Gosto bastante da região. Aqui é uma cidade tranquila, calma, com uma população de bem. Ordeira e trabalhadora. Como feição de cidade do interior, mas com pontos de cidade grande, que mostra seu desenvolvimento, com destaque para o agronegócio e indústria. É lógico que tem os bônus e os ônus. O bônus do desenvolvimento econômico vem acompanhado do aumento do índice de criminalidade e uso de drogas. E como o senhor vê o a proximidade da Polícia Civil e a comunidade local? Bruno – A Polícia Civil atua de forma repressiva. A Civil só atua depois que o fato já ocorreu. Não trabalha diretamente com a prevenção, mas investigação criminal, função essencial da Polícia Civil, é a que dá origem aos mandados de prisão, os quais são importantes na diminuição dos índices de criminalidade. Felizmente, a população local costuma fazer denúncias anônimas, através do número 181. Com base nestas informações que são encaminhadas ao setor específico da Delegacia Regional de Tubarão e, depois, nos são repassadas, acabam ajudando, significativamente, na construção do inquérito. Que leva a cabo a percepção criminal. Nossa integração é mais neste sentido. Que fatores o senhor acredita que contribuem para estas denúncias? Bruno - Além de serem anônimas, como eu falei, os denunciantes sabem que somos muito atuantes, por isso nos procuram. Sobretudo sobre o tráfico de drogas. Estas denúncias, em geral, são em um bom número, mas poderiam ser ainda maior. Como está o efetivo local e como funciona a divisão de tarefas na delegacia de Braço do Norte? Bruno – O delegado Marcelo Bittencourt é o Titular da comarca e eu sou o delegado Substituto. A delegacia de Braço do Norte é sede da comarca e responde pela Polícia Civil de São Ludgero, Grão-Pará, Rio Fortuna e Santa Rosa de Lima. Nestas, delegacias temos agentes de polícias ou escrivãos responsáveis por elas. Eu, hoje, respondo por três delas: São Ludgero, Rio Fortuna e Santa Rosa de Lima. O delegado Marcelo, que também é o responsável pela 5ª Ciretran, responde por Grão-Pará. Trabalhamos com um plantão 24 horas na delegacia da comarca. Já nos municípios, o experiente diário vai do meio-dia até às 19 horas. No restante do horário há atendimento apenas em Braço do Norte. Na nossa sede temos um setor de investigação criminal com três policiais. Temos ainda três cartórios policiais que contam cada um com um escrivão de polícia. Há um plantão policial e a secretaria. Fora o Ciretran, que conta com a ação de alguns policiais. Não é pouca gente para uma região tão grande? Bruno - Eu acho que deveria ter mais dois ou três policiais no setor de investigação. Hoje, tenho 70 inquéritos em andamento, só na minha carga. A delegacia tem, ao todo, mais de 100. Às vezes coloco os três investigadores a trabalhar na identificação de um ponto de drogas e os outros inquéritos têm que esperar. Existem ainda as diligências internas, precisamos colocar no papel estas investigações. O furto que aparece nas imagens das câmeras, por exemplo, temos que mostrar para o juiz e para o Ministério Público, como foi o caso, para que eles possam analisar e dar andamento a persecução criminal. Isso toma tempo da equipe. Por falar em inquérito, um dos mais aguardados pela população local é o relativo à Cerbranorte. Alguma novidade? Bruno - O inquérito policial está em andamento. Há diligências em andamento no setor de investigação criminal e em Cartório Policial. Já ouvimos mais de 40 pessoas e assim que findar o procedimento será encaminhado ao Poder Judiciário. Não tenho prazo ainda para concluir. Vocês mostraram muita eficiência e prenderam, em menos de duas semanas, os assaltantes da Credivale de Rio Fortuna. Como foi este trabalho? Bruno – Nossa equipe, em especial o responsável pela delegacia de Rio Fortuna, com o apoio da Polícia Militar, conseguiu identificar praticamente em uma semana quatro indivíduos. Encaminhamos os pedidos de prisão e de busca ao Poder Judiciário e, cerca de dois dias depois, já tínhamos os mandados em mãos. Na última sexta-feira, demos cumprimento prendendo os quatro elementos e uma banana de dinamite. Além disso, diversos elementos, como roupas usadas no dia do crime. E um dos elementos confessou a sua participação. Mas, os últimos dias foram movimentados de prisão. Bruno – Em praticamente duas semanas, foram nove ou dez. Pois, antes desse caso, com o apoio da PM, predemos três indivíduos que assaltaram a casa de um idoso em fevereiro. Ele atirou em um vizinho que tentou ajudar. Ao investigar, levantamos que os autores do furto estavam envolvidos com o tráfico de drogas. Já na sexta-feira anterior, a Polícia Civil prendeu um indivíduo, relativo a roubos, com o acompanhamento da Divisão de Investigação Criminal, que pediu ajuda a nossa equipe, além de outros casos. Na maioria dos casos vocês têm tido a participação da Polícia Militar. Fale um pouco deste relacionamento entre as instituições aqui em Braço do Norte. Bruno – É a melhor possível. Há trocas de informações, atuações conjuntas, é uma ótima parceria.
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