“Tens que vir mais vezes aqui”. Entre risadas e diversão, lá estava eu em um bar, aprendendo a filosofia de um boteco. Confesso, é bem divertido. Não gosto quando vem julgamento da vida alheia, mas quando um pega no pé do outro, por distração, por motivos banais, é alegria na certa. Afinal de contas, todos gostamos de filosofar e o bar é um excelente lugar para isso. A gente ria e eu pensava: tudo isso é filosofia. Uma atividade crítica e reflexiva. Um conjunto de conhecimento e saberes. É ali que acontece o debate da cidade – resolvemos problemas de caráter social, cultural, moral e religioso. É aqui que a vida acontece. A lealdade era o respeito pelos próprios sentimentos. Um pessoal leal que age de forma respeitosa.
A bebida estava gelada, o ambiente agradável e a amizade acontecia. Na vida, a gente tem que ser parceiro de quem é parceiro da gente. Linguagem descontraída e bem humorada. Comecei a pensar que muitos acontecimentos humanos passam pelo bar, muitas coisas são discutidas ali. Em meio a tantas informações, alguém diz: “Robson, eu leio o que você escreve e gostei muito do texto (relação ao texto sobre beach tennis)”. Foi um texto que escrevi e foi publicado no jornal na última edição. Nesse bar, temos um grande e forte empresário que não lê nada, mas tem aquelas pessoas mais simples que leem. Agilidade e praticidade.
Tem coisas que a gente vai falar na mesa do bar mesmo, tem outros assuntos que é na terapia. Tem assuntos que a gente pode falar com os amigos e tá tudo bem. A felicidade é uma viagem filosófica. Ser feliz é aprender a escolher. Os prazeres, os amigos, os valores sobre os quais queremos estabelecer nossas vidas. Tudo isso para nos ajudar nas buscas da história e dos pensamentos e na companhia de grandes sábios. O bar é uma forma de busca de nós mesmos. Um bar é o poder da alegria, um manual para um mundo imprevisível. É o local de sensibilidade, é a facilidade de demonstrar os sentimentos ou falar sobre eles. Por fim, no boteco ou em um bar ou em qualquer lugar podemos encontrar um pensador. Filosofia e literatura. Me fez refletir sobre a existência humana e seus dilemas. Eu sei que esse texto vai rodar em quase todos lugares e bares. Não quero aqui incentivar a dependência alcoólica. É uma doença e tem que ser respeitada. Esse é um assunto sério e precisa ser tratado em outro dia e de outra forma. Hoje, é um texto para uma distração. Afinal de contas, a vida anda séria demais e a gente precisa rir para nossa própria diversão.
Robson Kindermann Sombrio
Psicólogo (CRP 12/05587) e autor de vários livros de autoajuda. @robsonkindermannsom