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COLUNISTAS

O que a gente escolhe

08/07/2023 09h09 | Atualizada em 08/07/2023 09h10 | Por: Robson Sombrio

Gosto da noite, do céu escuro, da lua, da harmonia que toma conta de mim quando escrevo. É quando as luzes da casa se apagam e a inquietude toma conta de mim. Deve ser por isso que não durmo bem. A noite me chama, me convoca a pensar, faz revelações surpreendentes e aguça minha intuição. A insônia é minha companheira. Deitado na cama, escrevo textos inteiros, olhando para o quarto escuro. É que a gente pensa que tem e está no controle de tudo, mas, na verdade, a gente não tem controle de nada. Sem nenhum aviso, uma tempestade invade. Assim, quando o tempo muda (chega uma frente fria), nós também podemos mudar em questões de segundos. Somos cheios de contrastes, de pensamentos e de sentimentos que, na maioria das vezes, são inquietos.

Tenho ouvido CPM 22, incessantemente, cantando: “Um minuto para o fim do mundo, toda a sua vida em sessenta segundos, uma volta no ponteiro do relógio pra viver. O tempo corre contra mim, sempre foi assim, sempre vai ser”. Nada nos prepara para o que virá. O que não é benção, é lição. Talvez, a vida esteja só desafiando a confiar. Deus é especialista em reviravoltas e, num piscar de olhos, tudo pode mudar. Algumas vezes, você vai sentir que pegou ônibus errado, que está afastado do destino, distanciando cada vez mais do caminho que planejou, sendo conduzido ao lado contrário ao que você pretendia. Às vezes, a gente não enxerga que embarcou no melhor ônibus – muito melhor do que aquele que você queria. E existem paisagem bem mais bonitas nesse caminho. 

Há acontecimentos que a gente escolhe e acontecimentos que escolhem a gente. Há histórias que batalhamos serem contadas e histórias que somos protagonistas. Temos a tendência de acreditar que estamos no controle, dominando nossos rumos, determinando com precisão o que acontecerá no dia seguinte, na próxima semana, no próximo mês, no ano que vem. Mas a vida é aprendizagem e, se pudéssemos controlar, que aprendizado teríamos? Eu sei, nem sempre a vida pega leve. Algumas ocasiões nos devoram sem pedir licença, sem muita cerimônia. Não há avisos. A vida nos pega de surpresa e, quando damos conta, percebemos que não adianta muito querer controlar ou escolher, a vida tem seu próprio roteiro. E basta estar vivo para acontecer as coisas boas e outras não tão legais assim. 

É bom lembrar que coisas boas acontecem todos os dias e a gente, no fim das contas, não precisa dar tantas explicações, porque as pessoas entendem o que querem e o que lhes convém. Eu sei, tem muita gente que faz o bem e que não está aqui para prejudicar ninguém. A gente só quer seguir o caminho em paz. Não deveríamos dar tantas explicações, mas damos. Não precisaríamos nos incomodar tanto com o que dizem e pensam a nosso respeito, mas nos incomodamos. Nos últimos tempos, tenho aprendido uma coisa: afastar-se de algumas pessoas é autocuidado. 
 

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