Um dia triste não é uma vida triste. Há pessoas que, quando algo preocupa, se recolhem. Fecham as cortinas do palco da vida, e isso não é depressão, é acolhimento. Tantas coisas nos dividem, e tão poucas nos acolhem. Há quem, diante da dor, abaixe o som e volte-se para dentro, como quem precisa arrumar a própria casa antes de receber visitas. Não é fraqueza. É fortalecimento. É a forma que a alma encontra para lidar com o que pesa.
Enquanto tenta resolver o que incomoda, olhe para suas emoções com carinho. Elas são mensageiras. E quando a gente acha que nunca mais vai ser feliz, é apenas uma forma triste de enxergar a vida. Quem está de fora, às vezes, sente o impacto desse silêncio. Mas nem sempre a gente vai estar bem, e tá tudo bem. Confie na capacidade da vida de te surpreender. Soltar a mão do controle não é desistir, é acreditar que você vai saber lidar com o novo quando ele chegar.
Respira. Conversa com as tuas emoções, dialoga com elas. A dor sempre vai aparecer. O que muda é a forma como você conversa com ela. Descansa um pouco. Amanhã as coisas melhoram. Na vida, nunca teremos tudo resolvido. E quase nunca é sobre os outros. Nem todas as respostas precisam ser imediatas. Amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada. Pode ser um dia de celebração, um projeto que se concretiza. Ou pode ser um dia de susto, uma notícia inesperada, um diagnóstico difícil. Ninguém te prepara para isso. Não existe curso que ensine a lidar com o imprevisível.
Por isso, é preciso aprender a se ouvir. No passado, tínhamos mais paciência, e menos opções. Hoje, precisamos reaprender o valor do tempo e do silêncio.
Faço terapia há vinte anos. “Você faz terapia?”, me perguntam.
Óbvio que sim. Para lidar melhor com as coisas, para clarear a mente, para escrever com mais verdade. Tudo isso é importante. Porque quem se conhece, sofre menos e sente mais. E no fim, é sempre sobre isso: acolher o que doí, cuidar do que sente e confiar no que vem. A vida tem um jeito bonito de nos colocar de volta no eixo, mesmo que tudo pareça fora do lugar.

Robson Kindermann Sombrio
Psicólogo (CRP 12/05587) e autor de vários livros de autoajuda. @robsonkindermannsom