Um conhecido costuma dizer: “Quem quer aprender alguma coisa, sai de casa. Quem fica em casa não aprende nada.” No bar, isso faz sentido. Lá, as mesmas piadas são repetidas por anos e ainda arrancam risadas. São anos rindo das mesmas histórias, e sempre é engraçado.
O melhor bar é aquele simples, sem luxo nem sofisticação. É lá que surgem diálogos eternos: um provoca — “Tu é mais rico que eu.” O outro rebate — “Mas meu time é melhor que o teu.” Há até um médico que nem é médico, mas, quando o assunto é saúde, todo mundo ouve. Às vezes fala com convicção e teoria, outras vezes sem nenhum conhecimento — mas ainda assim arranca respeito e risadas.
No bar, churrasco feito no latão. E, convenhamos, é o melhor sabor. Quem comanda a grelha é o “Mão Santa”, apelido do churrasqueiro que nunca erra o ponto: a carne sempre chega suculenta. No fim, o papelão queimado é tradição, um ritual cheio de sacanagem e amizade.
Dali já saíram grandes empresários, confidentes e parceiros de vida. Tem dias em que o bar vira quase uma terapia. Entre um gole e outro, alguém se abre, conta uma dor, uma dificuldade, e encontra um ouvido amigo. A vida não é fácil para ninguém — mas ali, por algumas horas, ela parece mais leve.
A palavra “bar” vem do francês barre, referência à barra de balcão que protegia as bebidas nas antigas tabernas. Hoje, mais do que balcão, o bar é ponto de encontro social, é roda de amigos, é palco da vida real.
Toda quinta-feira, invariavelmente, alguém está de aniversário. Presenteia com carne; cerveja, cada um paga a sua. O bar não é apenas diversão — é também cultura, amizade, memória e tradição.
Ainda assim, encerro celebrando o que de melhor existe nesse espaço: a leveza, a descontração, o riso fácil, o abraço sincero e a certeza de que, no fim das contas, todo bar é muito mais que um bar. É um pedaço da vida.

Robson Kindermann Sombrio
Psicólogo (CRP 12/05587) e autor de vários livros de autoajuda. @robsonkindermannsom