Nem sempre é fácil falar das nossas dificuldades, problemas e pensamentos íntimos. A introspecção é um fator essencial para o autoconhecimento. Vivemos a maior parte do tempo ocupado pelas demandas externas. E, se não fizermos o exercício diário de nos conectarmos com a nossa vida interior, nos distanciaremos cada vez mais de nós mesmos, daquilo que precisamos para sermos felizes.
Escrever, por exemplo, pode ser um caminho para se conhecer melhor. É uma forma de exercitar o estado de presença, acalmar a agitação mental e organizar as ideias... Alguns pensamentos que me vieram em mente: por que não tentou? Por que deixou que o medo ser maior que sua vocação pela felicidade? Quantas oportunidades deixamos passar. A vida ensina que existe tempo para tudo e que algumas folhas irão se soltar durante a vida, modificando o vigor da espécie. A vida ensina que os mais fortes se adaptam. Ensina que alguns ganhos são desnecessários, ainda que não haja esse entendimento no momento. Enquanto estivermos jovens, enquanto estivermos com saúde, teremos sorte. O tempo traz a poda e algumas feridas não se curam.
Você terá que se ajustar de alguma forma a uma vida completamente nova. Já perdi amigos, sofri decepções, descobri que ninguém é perfeito. Acredito que todos temos uma vida feliz, vivemos de cabeça em cada projeto novo, confiamos nas pessoas demais, mas a gente se frustra na mesma proporção. Não temos certeza e a dúvida está com a gente, quase sempre. Somos podados pela vida. Nem tudo dá certo, ainda bem. Com o passar da vida, a gente descobre novos caminhos, nascem novas folhas e a gente se equilibra nas nossas estruturas. Eu sei, a gente vai continuar sofrendo, mas também sendo feliz. Todos temos nosso lado saudável, que sempre deve ser lembrado. E, a cada dia, somos pessoas melhores, nos tornamos melhores com o tempo, extraindo as coisas ruins e mantendo as coisas boas. O tempo molda as pessoas e ficamos melhores. Eu entendo, nem todo mundo aprende, não importa quantos tombos leve. Quantas vezes deixamos oportunidades passarem, amores atravessarem a porta de saída, sonhos sendo equivocados, só porque fomos incapazes de dominar nosso medo.
A vida é curta e o roteiro desse livro só depende de você. É assim que a gente se mantém vivo. Decidindo melhor a cada dia, se permitindo chorar, mas também sorrir. A gente tem que se autorizar a ter raiva, amor, a errar, a acertar. O que quero dizer é que o luto é necessário e faz a gente amadurecer. Depois do luto, produziremos mais folhagens e só assim buscaremos novas alternativas. É preciso ter coragem e humildade. Somos frágeis, cada um à sua maneira. Somos fortes, cada um da sua maneira.
Robson Kindermann Sombrio
Psicólogo (CRP 12/05587) e autor de vários livros de autoajuda. @robsonkindermannsom