Um texto pede para ser escrito, mas nada tenho a escrever (se tudo já foi dito!). Vou mudar a fonte para ver se me animo. E, aí, as ideias aparecem. Algumas coisas na nossa vida acontecem porque tinham que acontecer, não importa se seu desejo era ao contrário ou lutou contra. Há coisas e desfechos que não dependem da nossa vontade e, por mais que pensamos que podemos controlá-los, não controlamos. Muitas vezes, a vida é mais forte que a gente. E, mesmo que você se culpe ou se arrependa por algo que aconteceu ou deixou de acontecer, talvez não dependesse de você aquilo ter ocorrido. O desfecho já estava escrito. Gosto de livros e filmes que refletem sobre a vida e as meras possibilidades. Faz-me pensar nessa enorme colcha de retalhos que é a vida.
O caminho que a gente considera ser bem mais sucedido a seguir, na verdade, pode não ser. Sabe por quê? Nossa visão de sucesso pode vir de uma noção falsa e externa de conquista. Seja uma medalha olímpica, a companheira ideal, um bom salário... O sucesso não é algo que se possa medir e a vida não é uma corrida que se possa vencer. Quando acreditamos que fizemos uma boa escolha? Há motivos inconscientes que nos conduzem a uma decisão, mas é sempre bom refletir. O que está em jogo nessa decisão? Que tipo de sucesso almejamos? A vida de cada pessoa pode ter infinitos desfechos. Com imprevistos, sustos, delícias, incertezas e sincronicidades. Todos os dias começam com infinitas possibilidades, mesmo que a gente não veja claramente.
Todos os dias, temos possibilidade de recomeçar, mesmo que a gente não veja no momento. Assim, posso lhe dar um conselho: aprenda a se ouvir mais. E faça suas escolhas alheio ao barulho do mundo lá fora, pois só quando acalmamos a mente, podemos ouvir nossos sentimentos e nosso coração. Entre um corredor e outro da escola, barulho e silêncio. Olho para cada estudante e penso: a vida de cada um pode ter vários e muitos desfechos, mas não vamos lamentar a vida escolhida e ficar sonhando ou se iludindo (não ajuda em nada). Você está onde deveria estar e a única coisa que é possível fazer nesse momento é tentar transformar a vida que virá.
Eu sei que muitas vezes apenas seguimos o fluxo. A cultura do nosso tempo, a educação que recebemos, as mídias sociais e as músicas que consumimos. Muitas músicas ouvimos e pouco ouvimos de nós mesmos. Pouco escutamos a voz interior – pasmem – se fosse ouvida, talvez, escolhêssemos caminhos bem melhores para nós mesmos. De novo, faça suas escolhas alheio ao barulho lá fora... “Quando o destino te chama, você precisa ser forte”, You’ll be in my heart (você estará em meu coração).
Robson Kindermann Sombrio
Psicólogo (CRP 12/05587) e autor de vários livros de autoajuda. @robsonkindermannsom