A direção da Liga Amadora Verde Vale de Futebol (LAVVF), na pessoa de seu presidente Anoir Boeger, resolveu homenagear, na edição de 2023 da sua principal competição, o Regional Adulto de Futebol, o riofortunense Rui Celso Heidemann, o “Bila”, que tem sua história de vida ligada ao esporte, tanto local quanto regional. Na década de 1980, tive bastante contato com o Bila, primeiro jogando futsal, no Municipal de Rio Fortuna, onde joguei contra com a camisa da cooperativa e, depois, juntos, ganhamos a competição com a camisa da Madeireira Ricken. A quadra era de cimento, a mesma que ainda hoje serve para a garotada brincar durante os jogos da Associação Esportiva e Recreativa Municipal. Na época, já morava em Santa Rosa de Lima e o Bertilo Heidemann, irmão do Bila, que depois viria a ser prefeito de Santa Rosa, hoje falecido, levava, para os jogos, o Barreiro, policial e irmão do radialista Arilton Barreiros e eu.
Assisti também o Bila jogando futebol de campo. Algumas partidas no time titular do Santa Rosa e outras do veterano. Nos tornamos amigos e minha maior admiração por ele era a organização. Poucos da região têm a história de seu primeiro time do coração, no caso o Municipal, documentado. Seu segundo time é o Vasco da Gama. Bila nasceu no ano de 1959, hoje com 64 anos, 51 deles foram ligados ao esporte como jogador e dirigente. De 1971 a 1974, vestiu a camisa do aspirante do Florestal e, de 1976 a 1979, foi jogador titular do Marcenaria, clube já extinto. De 1980 até os dias atuais, tem se dedicado ao AER Municipal, primeiro como jogador, depois dirigente e, por 18 anos, ocupa o cargo de presidente.
“Causos” do atleta Bila
Humberto Vanderlinde, na atualidade morando em Joinville, jogou grande parte de sua infância com o Bila e lembra de algumas histórias do riofortunense. “O distintivo do Municipal era verde e amarelo. O Bila vascaíno e eu santista, elaboramos uma bandeira e decidimos fazer o distintivo no formato do Avaí, pois o Bila também tem simpatia pelo clube da Capital, mas nas cores preto e branco e mudamos a camisa também. Acho que até hoje ninguém sabe desta história”.
Outra passagem lembrada pelo Humberto: “Em 1982, íamos participar dos Jogos da Primavera do Seminário (Joprise), em Tubarão. Um dia antes, fomos num baile na Gabiroba. Não deu bem certo com a namorada e o Bila, que não era acostumado a beber, passou do ponto. Fui atrás dele, demorei para encontrá-lo, mas alcancei. E seguimos caminhando a pé até Rio Fortuna. Chegamos à 7h, pensamos em ficar em casa, mas não deu. Fomos para o torneio no seminário. Jogamos vários jogos e só fomos derrotados na semifinal, nos pênaltis”.
Como era o jogador
Colega de time, colega na diretoria do Municipal, Luizinho descreve o jogador Bila. “Para mim, ele foi um dos melhores que vi jogar. Era completo, disciplinado, bom de passe, jogava em várias posições, enfim... Muitas vezes, tínhamos que chamar a atenção dele, pois apanhava dos adversários e continuava só jogando bola. Não era fominha e organizava o time. Queria ver a bola correndo. Era um exemplo de jogador”.
Humberto: “Ele era nosso cabeça de área, o central, o distribuidor de bola. Jogava quieto, não reclamava de árbitro. Quando um colega errava, ao invés de xingar, incentivava. Enfim, um cara exemplar”. Hilário Herdt: “Falar das qualidades do Bila como pessoa e jogador é fácil. Joguei muito tempo com ele e afirmo que foi o melhor que vi jogar e só não foi para o profissional porque fugiu da concentração do Avaí”.
Importância do Bila para a Liga
Anoir Boeger, presidente da Liga Verde Vale: “O Municipal é clube fundador da Liga e a única equipe que disputou todas as edições da competição. O Bila tem muito a ver com isso, pois sempre foi o que fez mais força para que o time não ficasse de fora. Sempre deu preferência aos campeonatos da Liga e, com certeza, sem ele, teria anos que a competição não seria realizada. Chegou a fazer convites a outras equipes para que houvesse o campeonato. A homenagem que estamos fazendo este ano, Liga e demais equipes, é o reconhecimento e agradecimento por tudo isso”. Foi campeão do Municipal de Rio Fortuna jogando pelo Barrinha, campeão em Braço do Norte pelo Madureira, atuou ainda pelo São José/BN, América de São Martinho e União de Armazém. Jogou nas Ligas Verde Vale, Tubaronense (LTF) e de Lauro Müller (LLMF), onde foi bicampeão da Categoria Junior nos anos 1987 e 1988.
“O maior patrimônio de uma equipe são as pessoas, que fizeram e fazem parte de sua história. Importante também é sua Sala de Troféus, pois são eles que provam a existência do time e contam sua história. Por último, a sua estrutura física, campo e sede”, destaca Bila.
Números do jogador Bila
Bila lembra com orgulho de alguns feitos na sua carreira de jogador. Seu primeiro gol com a camisa do Marcenaria foi contra o São Paulo, do Povoamento, Anitápolis; balançou a mesma rede cinco vezes num jogo contra o Cafezinho, do Rio Café, Rio Fortuna; seu gol de falta mais bonito foi contra o Olaria, do Oratório, pelo Regional da Liga de Lauro Müller; e os dois gols que fez em Criciúma, num amistoso contra o Juniors do Tigre.
Também fez história no Futsal, defendendo a CME de Rio Fortuna durante 17 anos e disputando campeonatos organizado pela mesma, onde foi campeão municipal pelo Foto Nack e Açougue Silva.
Jogador com faro de gol, o riofortunense estima que fez 326 gols vestindo a camisa da AER Municipal e 48 por outros clubes; como jogador do Marcenaria e dirigente do Municipal, foram 753 jogos e, por outros clubes, atuou 147 vezes. Clube fundador da Liga Amadora Verde Vale de Futebol, uma caminhada que começou no ano de 1996, ano de seu primeiro título na competição, seguiram-se mais seis conquistas na Categoria Adulto, anos de 2002, 2004, 2011, 2012, 2016 e, em 2018, levantou a taça do Heptacampeonato. Detalhe, as taças de 2011 e 2018 levaram o nome do seu município, Rio Fortuna.
O Municipal também marcou “terreno” nos campeonatos de base da Liga Verde Vale. Bicampeão Mirim, Bicampeão Infantil, Campeão Sub-11, Campeão Sub-14, Campeão Aspirante, Vice-campeão Mirim, Vice-campeão Feminino Adulto e Vice-campeão Infantil.
Agradecimentos
“Gostaria de agradecer à direção da Liga Verde Vale e aos clubes pela indicação do meu nome para a taça e também destacar o trabalho da imprensa na divulgação do campeonato. Minha gratidão a todos que fazem parte da Associação Esportiva e Recreativa Municipal e a todos os desportistas da região. Estou convicto que sempre procurei fazer o melhor pelo esporte do meu município. Meu muito obrigado! E a história continua”, finaliza o homenageado.
Fatalidade
Grão-Pará ficou chocada com a notícia do falecimento do Múcio Squizatto, 57 anos, ocorrida na tarde de domingo, 10 de setembro, devido a um câncer. A notícia de seu passamento foi o principal assunto nas redes sociais, com muitas notas de pesar dos seus amigos. Empresário, dono de despachante e autoescola, muito bem relacionado no município, de família tradicional e desportista. Se perguntasse quem era o Múcio para a maioria da população de Grão-Pará, a definição quase geral seria: um cara divertido, honesto e capaz de levantar o astral de qualquer um que se aproximasse dele. Fui aluno da mãe dele, a dona Olímpia; joguei com o pai dele, o seu Cidinho, um dos melhores centroavantes que vi atuando; levantei muitos troféus com o irmão dele, o Marcinho; na fase dos 15 anos, eu jogava no titular do Brasileirinho FC, ele, mais novo, no aspirante; joguei contra e a favor no futsal; jogamos juntos num campeonato municipal em Rio Fortuna; e participamos do início do Clube dos 20, um clube veterano de Grão-Pará. Sempre foi um incentivador do esporte, com patrocínios e com sua presença no Ginásio Pedro Ivo Campos. Partiu para ocupar seu lugar ao lado do pai, deixa uma lacuna quase impossível de ser preenchida e uma tristeza imensa nos amigos e familiares.
Kulinha
Tradicional cronista esportivo do Vale de Braço do Norte. Há mais de 20 anos referência no esporte amador. Contato: Whatsapp 49 9 9901-8312