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COLUNISTAS

A saga de um sonho em dois capítulos: a sequência

08/07/2023 10h36 | Atualizada em 08/07/2023 10h37 | Por: Antônio Faust
Em pé: Cheteco, Gilson, Arcione, Leomar, Jair, Andrei, Kissy, Dr. Emir; agachados: Terrinha, Alexandre, Vandinho, Eduardo, Nivaldo, Diomar e Mazinho.

Terminada participação da equipe de Grão-Pará no Regional de Futsal dos Jogos Abertos em Araranguá, impulsionados por tudo que havia acontecido até ali, dentro e fora das quadras, a sensação de que poderíamos continuar orgulhando os grão-paraenses nos fez continuar com o nosso time. A primeira parte do sonho, de classificar para o Regional, estava concluída. Com isso, focamos na meta de chegar aos Jogos Abertos de Santa Catarina, a outra parte do sonho, que agora nos parecia palpável.

Só que, no meio disso, apareceu o convite, através do senhor Ascendino Vicente, para disputar o Campeonato da Liga Atlética Criciumense (LAC), na época a maior competição regional de Futsal. Sabíamos que teríamos que aumentar em quantidade e qualidade o nosso elenco, o que acarretaria em despesas. Recebemos o “ok” do Executivo Municipal, relacionado aos gastos com alimentação e transporte. Então, tínhamos que dar conta de acertar a parte financeira com os contratados. A rivalidade existente no futsal entre as duas maiores empresas de molduras de Braço do Norte, Moldurarte e MB Molduras, acabou nos ajudando de duas formas. Uma porque traziam jogadores, até então por nós desconhecidos, para disputar o campeonato Interempresas de Braço do Norte e, como eles não disputavam a LAC, fomos contatando aqueles que nos interessavam.

A outra forma que acabou nos ajudando foi a financeira. Criamos em Grão-Pará o Campeonato de Futsal Aberto, competição que caiu nas graças de muitas equipes e CMEs da região. MB e Moldurarte também vieram disputar o aberto e, juntas, traziam muitos torcedores ao Ginásio Pedro Ivo. Quando estes dois times estavam em quadra, não importava contra quem, vendíamos, no mínimo, 10 caixas de cervejas e muitos sambas. Lucrávamos com isso.

Tocávamos os bares do ginásio e do Estádio Santos Moisés Dacorégio em parceria com entidades do município, principalmente a APAE, dividíamos a renda e isso nos ajudava na despesa que tínhamos com o plantel. Indicado pelo Alexandre, jogador de Laguna, trazido pela MB, que veio atuar pela CME de Grão-Pará, conhecemos o Gilson, experiente no futsal e futebol de campo. Logo no primeiro treino, ele teve uma ruptura de músculo da coxa e, apesar de ter tentado voltar a jogar, não conseguia. Então, vendo que não era possível o nosso técnico, doutor Emir, participar dos treinamentos, em função do seu trabalho, Gilson assumiu esta parte.

Nos jogos, o doutor atuava como técnico e ele como auxiliar. “Sobrava talento na equipe, faltava organização em quadra. Fizemos então um trabalho combinado entre a parte física e técnica. Fiz os jogadores correr pelas ruas da cidade, subir as escadarias da igreja, pois era importante que a população visse que não faltavam esforços da parte deles. O Pato, Alexandre e o Mazinho já conheciam o método, os de Grão-Pará aceitaram numa boa; o Olívio e o Vandinho também. Fiquei surpreso com a parte técnica do Pato (Grão-Pará), Leomar, Jair, Beleco e do Kissi”, lembra o Gilson. A ficha corrida do Gilson era extensa. No Futebol de Salão, foi campeão Metropolitano em Curitiba, atuando pelo Candeias. Chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira Sub-20 em 1985; em 1986, se profissionalizou atuando pelo Coritiba; jogou no Rio Branco, Paranaguá; veio para o Hercílio Luz, em Tubarão, onde atuou por dois anos e, depois, foi jogar no rival Ferroviário. Jogou ainda no Foz do Iguaçu, Goiás, Joaçaba, Comercial (ES). Em 1996, foi campeão, jogando pelo Atlético Braçonortense no Regional da Liga Tubaronense. Enfim, o cara certo, na hora certa.

Não esquecíamos do sonho de chegar aos Jogos Abertos. Continuávamos participando das fases que antecediam a disputa da Etapa Estadual da Fesporte, mas, em determinados momentos, nos anos de 1996 e 1997, o Regional da LAC virou prioridade. Tínhamos um time praticamente imbatível na região. Além dos nomes já citados pelo Gilson, foram chegando novos jogadores, todos de qualidade indiscutíveis. Juquinha, Terrinha (atuou no futebol profissional), Diomar, Andrei, Nivaldo, Heron, Edésio (atuou no futebol profissional). Nos dois últimos anos, vieram o goleiro Mores e os irmãos Fábio e Fernando, que haviam vindo do Oeste Catarinense para jogar pela Incoplast. Um fato interessante foi a contratação do tubaronense Eduardo. A projeção que ele ganhou jogando pela CME de Grão-Pará foi fundamental para ser contratado pelo Tubarão, mesmo não sendo mais nenhum garoto e nunca ter sido profissional. Fato parecido com o que aconteceu recentemente com o Moisés, de Morro da Fumaça, que saiu do nosso amador, perambulou por alguns times, fez grande sucesso no Fortaleza e hoje está jogando no futebol do México.

A contratação do Eduardo, pelo Tubarão, aconteceu quando estávamos indo a para disputa do Regional dos JASC em Armazém. Tentamos de toda forma, por escrito, envolvimento político, amizade, enfim, mas nada funcionou, e tivemos este grande desfalque. Eduardo se tornou o principal atacante da equipe tubaronense, que, na época, chegou em quinto lugar na disputa da Copa Sul-Minas de 2002, competição que contou com 16 equipes, quatro por estados (MG, PR, SC e RS). No profissional, ele atuou também pelo Hercílio Luz, União São João de Araras (SP), Caxias de Joinville, Atlético de Ibirama e no Caxias (RS). Sobre as duas finais da LAC, nossa trajetória na competição, a maneira corajosa que a direção da CME resolveu a questão financeira e a classificação para os Jogos Abertos de Concórdia, vou deixar para a última parte desta narrativa.  
 


 

Antônio Faust

Kulinha

Tradicional cronista esportivo do Vale de Braço do Norte. Há mais de 20 anos referência no esporte amador. Contato: Whatsapp 49 9 9901-8312

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