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GERAL

Uma onda de solidariedade: a esperança de um recomeço pós-devastação

O poder da união em tempos de crise por meio de ações realizadas por moradores da região, em apoio às vítimas das enchentes no RS

Rio Grande do Sul, 29/05/2024 09h00 | Por: Redação
Luana Talamini, de Urussanga, foi umas das voluntárias nas enchentes do RS

    Em meio à devastação e à dor causadas pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, a solidariedade representa a esperança. É como o sol que volta a brilhar após dias nebulosos e sombrios, trazendo luz e acalento. Cada uma a seu modo, as ajudas chegam e revelam o poder da união em tempos de crise. Ainda há muito a ser feito, mas o esforço conjunto, pouco a pouco, vai proporcionando recursos - materiais ou não - que permitem o recomeço pós-tragédia. Nesta matéria, a Folha do Vale relata casos de pessoas da região que estenderam as mãos ao povo gaúcho. Além dos donativos, ofereceram tempo, dedicação e apoio emocional.

    O surfista profissional de ondas grandes e empresário João Baiuka, de Laguna, que tem experiência com resgates e moto aquática, segue atuando em prol desta causa desde o início de maio. Em suas redes sociais, ele compartilha a situação enfrentada no local e aproveita de sua influência para mobilizar ajuda.  Por meio de iniciativa dele e de pessoas próximas, já carregou mais de cinco carretas com doações. Além disso, atuou no resgate às vítimas já nos primeiros dias, que foram também os mais intensos e apreensivos. “Foi um momento de muita tensão e dor observar de perto este desastre natural”, descreve.

    Mais que a força devastadora da natureza, o que o chocou foi a dualidade humana: enquanto a maioria se unia para enfrentar o caos, havia quem praticasse o mal. “A situação foi um pouco de guerra. Em meio à dor, existe também muita bandidagem. Para levar mantimentos, tivemos que ser acompanhados por escoltas e trabalhar em parceria com a polícia para agilizar e garantir o resgate”, relata. “Você está levando comida para as pessoas em meio à água e tem que tomar cuidado com a ladroagem. Pessoas querendo tirar vantagem, roubando as motas aquáticas, tocando terror. Isso mostra o mundo que a gente vive, mas eu fico feliz que a grande maioria é do bem e apenas 1% fica para trás”, complementa, acrescentando outro ponto que o marcou. “Ver a dor das crianças, aquela fragilidade, elas não entendendo nada do que está acontecendo”, lamenta Baiuka.

    Agora, ele segue atuando no Rio Grande do Sul, angariando doações e levando aos locais de difícil acesso, onde se encontram as famílias que recebem menos assistência. “Nestes momentos é que vemos a capacidade do ser humano de se transformar em meio à dor. Fico muito feliz de poder somar. Deixo meu agradecimento a todos os voluntários, especialmente os meus parceiros que estão comigo. E agradeço a Deus por ter saúde e força para ajudar essas pessoas que estão precisando”, conclui.

João Baiuka atuou no resgate às vítimas desde os primeiros dias


 

O impacto das influências positivas

    A influenciadora digital de Urussanga, Luana Talamini, contribuiu angariando doações e trabalhando como voluntária no Rio Grande do Sul. “A situação é de calamidade mesmo, de desespero, medo e tristeza, mas também de muita fé e união de um país inteiro. O que mais me tocou foi a inocência das crianças e os olhares de tristeza e medo por tudo que estão vivendo”, detalha ao relembrar os dias que passou na capital Gaúcha. Luana detalha de que forma vem colaborando com a causa. “Realizei uma campanha no Instagram com pontos de arrecadações. Levamos três caminhões com doações para o Rio Grande do Sul. Lá, trabalhei na linha de frente, com entregas em várias comunidades de Porto Alegre, incluindo marmitas, roupas, águas e demais itens necessários. Também fomos para a água com barco para resgatar pessoas ilhadas”, cita.

    Os reflexos desta experiência a acompanharão por toda a vida. “Aprendi que devemos dar valor a um simples copo de água, à nossa casa, nossa cama, nosso alimento na mesa e, principalmente, às pessoas que nós amamos e que estão aqui conosco”, declara. Por saber o quanto tudo isso é valioso, ela continua fazendo a sua parte. “Sigo mantendo contato e eles me passam o que estão precisando. Vamos arrecadando doações e enviando. Me sinto com o coração leve e cheio de gratidão por ter feito a minha parte com Deus e com esse povo tão sofrido”, enfatiza.

 

“Precisamos seguir ajudando”

Um grupo de São Ludgero e Braço do Norte montou uma verdadeira força-tarefa. A iniciativa resultou em um caminhão de quatro toneladas, dois caminhões de três toneladas e quatro camionetes, todos carregados com alimentos, água, itens de vestuários e produtos de higiene e limpeza. O assessor parlamentar Evandro Campos de Oliveira; a advogada Pamelys de Barros; o vendedor Cleverton Ercolin; e os empresários Regys Sizenando, Renato Silveira Walter e Geovani da Silva se uniram para fazer a diferença. “Contamos com vários voluntários engajados em fazer o bem e nossa campanha foi um sucesso. Por meio dela, conseguimos levar um pouco de esperança e alento aos nossos vizinhos gaúchos”, afirma Evandro. 

 

Três caminhões e quatro caminhonetes transportaram as doações de BN e SL

    As doações foram destinadas às cidades de Santo Antônio da Patrulha e Novo Hamburgo. Desta experiência, fica uma grande lição. “Acredito que podemos retomar a fé na humanidade. A generosidade e a união do povo estão salvando o Rio Grande do Sul e não pararemos até que eles fiquem bem. São civis salvando civis. Neste tipo de catástrofe, este tipo de ajuda é crucial. Afinal, como vimos, a assistência pública é morosa, burocrática e insuficiente. Então, precisamos seguir, incansavelmente, ajudando nossos irmãos, pois este é só o começo”, reforça.

Comunicando e mobilizando boas ações

    A cidade de Imaruí já está no sétimo caminhão de doações levadas ao Rio Grande do Sul. O locutor Douglas Marques, da Web Rádio, conta que o resultado da campanha o surpreendeu. “Liguei para o empresário Glaicon Teixeira, que imediatamente colocou seus caminhões e estrutura à disposição e abraçou a campanha. Reforçamos a divulgação e as coisas foram fluindo. Superou minhas expectativas, porque eu imaginaria que conseguiríamos levar apenas um caminhão de Imaruí”, explica. 

Volume de doações arrecadadas superou as expectativas em Imaruí

    O comunicador esteve no Rio Grande do Sul e descreve o que presenciou no local. “A gente via a tristeza no olhar. Algumas pessoas sendo retiradas mortas. Pessoas que perderam tudo, o desgaste dos socorristas, o cheiro podre naquela água. É terrível”. Por isso, a principal reflexão que fica para ele é sobre o amor ao próximo. “Imaruí abraçou de fato o Rio Grande do Sul, foi uma comoção da cidade inteira. Apesar de ter poucos habitantes, conseguimos um grande volume de doações. Ficou uma grande lição de compaixão. A todas as pessoas que se engajaram nesta campanha, deixo o meu muito obrigado!”, conclui.

 

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