Em entrevista à Folha do Vale, presidente do Conselho de Administração da Marisol fala sobre sua palestra e investimentos em São Joaquim
A posse da nova diretoria da Acivale (Associação Empresarial do Vale de Braço do Norte) gestão 2024/2025 está marcada para 6 de março, quarta-feira, às 19h30min, no auditório do Sicoob, em Braço do Norte. O evento que oficializa o empresário Gustavo Schlickmann como presidente da entidade contará com a palestra de Vicente Donini. Tamanha é a procura dos ingressos que dos 300 colocados à venda, 200 já foram comercializados. A quantia arrecadada no evento será doada às Apaes de Braço do Norte, Grão-Pará e São Ludgero.
Empresário transformador e líder comunitário com notável contribuição e legados para a sociedade e para o Brasil, Vicente Donini, aos 80 anos de idade, preside os Conselhos de Administração da Marisol, Santinvest e Áthina e continua trabalhando todos os dias com a mesma determinação, visão e intuição dos primeiros tempos.
Sua palestra, intitulada “O que me inspira”, conta sua trajetória e mostra o que diferencia um líder de sucesso e quais comportamentos são inerentes aos inovadores. “A ideia do tema central da palestra é falar sobre a minha jornada pessoal e profissional, a experiência havida, a vida tal como ela é e não a idealizada. Espero que ela possa servir de inspiração, não para ser adotada, mas, eventualmente, para ser adaptada por aqueles que se sentirem entusiasmados a fazê-lo”, disse em entrevista exclusiva à Folha do Vale. Os interessados em participar do evento poderão adquirir o ingresso com os próprios diretores ou na secretaria da Acivale. O valor é de R$ 30 para associados e R$ 50 para não associados.
Donini ainda lidera sua mais recente paixão empreendedora: a Vinícola Vivalti, que fundou há 7 anos e que dará origem ao complexo da La Casa Vivalti, projeto que reúne enologia, gastronomia e hospitalidade em São Joaquim. “Acredito piamente no potencial turístico da Serra Catarinense, mas o sucesso desse sonho não se impõe, mas conquista-se com um incansável trabalho e perseverança na missão transformadora”, afirma na entrevista.
Folha do Vale - O tema de sua palestra é "O que me inspira". Considerando que seu público-alvo são os administradores de empresas, com idade entre 30 e 50 anos, muitos dos quais gerenciam empresas familiares de segunda ou terceira geração, gostaríamos de saber se parte de sua inspiração está relacionada à formação de lideranças para dar continuidade a esses negócios.
Vicente Donini - A ideia do tema central da palestra é falar sobre a minha jornada pessoal e profissional, a experiência havida, a vida tal como ela é e não a idealizada. Espero que ela possa servir de inspiração, não para ser adotada, mas, eventualmente, para ser adaptada por aqueles que se sentirem entusiasmados a fazê-lo. É verdade, a esmagadora maioria das empresas catarinense são de cunho familiar e é muito bom que assim seja, mas é indispensável que se reconheça a diferença entre “capital” e “trabalho”. Portanto, os herdeiros devem ser estimulados a fazerem suas próprias escolhas, segundo suas vocações e habilidades. Portanto, precisam ser, desde cedo, preparados para a vida e para o trabalho.
Como manter uma marca atual, inovadora e competitiva no mercado, como é o caso da Marisol, que já tem 60 anos de atividade? Existe uma fórmula pronta para isso?
Vicente Donini - Vivemos num ambiente de negócios altamente volátil, permeado por avanços tecnológicos inimagináveis. Dessa forma, a única certeza que o futuro nos reserva são as mudanças. Por isso, a inovação tem que ser uma constante, deve estar inserida na cultura das empresas. Não há fórmula pronta para mitigar tamanho movimento, precisamos nos adaptar às avassaladoras transformações e, se não o fizermos, ficaremos no caminho. Mas, por mais paradoxal que possa parecer, as mudanças são bem-vindas, pois trazem no seu bojo benefícios para a sociedade como um todo.
Como presidente da Santivest, o senhor afirma: "Acreditamos que, ao nos reinventar, podemos corresponder às necessidades do público e, assim, estabelecer relações seguras e contínuas baseadas no respeito e na satisfação de nossos clientes". Como os pequenos e médios empresários podem adotar essa filosofia em seus estabelecimentos comerciais ou fábricas? Todos desejam se reinventar, mas poucos estão abertos à mudança por temerem seguir um caminho que não os leve ao sucesso.
Vicente Donini - Não importa se grande, médio ou pequeno, como empreendedores e gestores devemos ter em mente que a razão de ser de qualquer negócio é servir, servir muito bem, para fidelizar e assegurar a recorrência de negócios, pois o resultado é uma consequência e não um fim. E como a vida e os negócios são feitos de relacionamentos, é muito importante constituir e manter sólidas redes de relacionamentos, pois negócios são feitos entre pessoas que, por suas vezes, os fazem em nome das empresas que cada qual representa.
O projeto do complexo La Casa Vivalti, que combina enologia e gastronomia em São Joaquim, desperta grande interesse em nossa região. O senhor acredita que, em breve, poderemos ter algo tão fantástico quanto o que vemos na Serra Gaúcha em termos de turismo rural e enoturismo aqui perto do Vale de Braço do Norte? O que precisamos mudar? Quais os próximos passos que, como mesorregião, precisamos adotar?
Vicente Donini - Acredito piamente no potencial turístico da Serra Catarinense, mas o sucesso desse sonho não se impõe, mas conquista-se, com um incansável trabalho e perseverança na missão transformadora. As condições naturais para tal estão postas, resultante da obra divina, uma verdadeira pedra preciosa que precisa ser lapidada, a começar pela mudança cultural e isso demanda o seu tempo. O litoral catarinense está tomado, resta pouco por fazer e o seu maior atrativo concentra-se na estação quente. Para a estação fria, o grande atrativo volta-se agora para a Serra Catarinense. Com a interconexão com a Serra Gaúcha, via Caminho da Neve, não tardará e estaremos conectados. E creiam, o turismo interno no Brasil ainda está engatinhando, basta termos melhores rodovias e infraestrutura nas cidades-polo e nos seus entornos para que isso aconteça.
O cultivo intenso de maçã, a viticultura, a nascente vinicultura (já são 15 vinícolas na região), acrescidos das condições climáticas, são fortes atrativos para que o turismo se desenvolva na região serrana. A propósito, a Serra Catarinense oferece condições incomparáveis para o cultivo de uvas viníferas, essenciais para a produção de grandes vinhos, quiçá os melhores do Brasil. Mais do que uma aposta, a certeza de que, se a sociedade organizada da região assim o quiser, não tardará para torná-la num dinâmico destino turístico brasileiro.