Novo projeto da APAE possibilitará avanço mais rápido nos tratamentos
A APAE de Orleans iniciou em abril as obras para a construção da sala de estimulação multissensorial. O projeto atenderá crianças, jovens e adultos diagnosticados com deficiência intelectual e/ou múltipla, síndromes genéticas e com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ao total, a iniciativa prevê o atendimento de 131 assistidos, através de terapias de estimulação dentro de uma perspectiva multidisciplinar. Por meio dela, a estimulação dos sentidos ocorre de forma “gamificada”, ou seja, fazendo uso de elementos e técnicas de jogos a fim de estimular de forma mais interativa e atraente. Com isso, a intenção é que a terapia não ocorra de forma passiva, mas sim fazendo uso de uma dinâmica desafiadora e envolvente, tornando o aprendizado e o desenvolvimento mais eficaz e memorável.
A fonoaudióloga que atende na APAE de Orleans, Tháicy Figueiró Debiasi Scotti, explica que os nossos cérebros estão conectados para responder positivamente às recompensas. “Quando concluímos com sucesso uma atividade e somos recompensados por isso, nosso cérebro lança endorfinas. Esses neurotransmissores, respostas químicas, nos fazem sentir bem e são o que nos motivam a continuar com a atividade. Neste caso, aprendendo”, explica. Os especialistas que atendem na APAE de Orleans poderão diversificar todo o portifólio de terapias disponíveis hoje na área clínica. A sala, que será composta de projeções de luzes e cores, será dividida em dois ambientes: a Sala Branca e a Negra. No local, os efeitos luminosos são direcionados às paredes e aos equipamentos presentes no espaço e também estarão presentes nas molduras e rebaixamentos feitos no teto.
A sala contará ainda com piso interativo, puff colorido, difusor de essência, bolhas de sabão, painel temático para a Sala Negra, painel floresta mágica (que emite timbres de diversos animais com o toque nos botões), projetor multimídia, sistema de laser óptico (que irá direcionar as luzes), projetor de estrelas simulando um céu estrelado, piscina de bolinhas iluminadas e sistema audiovisual com amplificador e arandelas. A diretora do Centro de Atendimento Educacional Especializado Lar da Esperança (CAESP), mantido pela APAE de Orleans, Fabiana Martins Hoffmann, explica que a sala multissensorial possibilita ganho de tempo no processo de desenvolvimento. “Antes, seria necessário passar por atividade com dois ou mais profissionais em horários distintos. Com a sala, poderemos experimentar atividades que combinem duas ou mais terapias simultaneamente, como a terapia comportamental e estimulação sensorial, por exemplo. Com isso, ganhamos tempo e antecipamos a reabilitação”, observa.
A APAE de Orleans será a única entre as cidades vizinhas a contar com uma sala multissensorial, sendo, mais uma vez, referência na região. A presidente da instituição, Arlene Maria de Aguiar Galvane, celebra a conquista. “A estimulação multidisciplinar é uma forma segura e rápida e tem sido explorada no mundo todo, se mostrando responsável por melhorias significativas da qualidade de vida de pacientes. O projeto visa garantir o bem-estar das pessoas atendidas pela APAE de Orleans, proporcionando ambiente onde se sintam seguros e que promova saúde, evolução prognóstica e felicidade por meio dos estímulos proporcionados”. O projeto terá um investimento total de R$ 121.202,62. Além da construção da sala e da aquisição e instalação dos equipamentos, o valor inclui o treinamento da equipe de profissionais, que passará por capacitação com o intuito de aproveitar de forma plena todos os recursos disponibilizados. O prazo de execução previsto é de seis meses e o recurso foi viabilizado por meio de emenda parlamentar do deputado federal Gilson Marques.
Programa Prevenir: APAE de Orleans é pioneira na região
Desde 2012, as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs) de Santa Catarina vêm implementando o Programa Prevenir em suas comunidades. Com isso, o objetivo é incentivar e fortalecer as ações de prevenção de deficiências realizadas pelas APAEs afiliadas à Federação, com foco especial às iniciativas de prevenção primária, para que ocorra a detecção e a estimulação precoce.
Por meio do programa, informações essenciais sobre as formas de prevenir deficiências são disseminadas entre os profissionais da educação e a comunidade como um todo, visando promover uma sociedade mais inclusiva e consciente. Na região, a APAE de Orleans é pioneira ao apresentar um trabalho consolidado em parceria com as Secretarias Municipais de Saúde e Educação, no que diz respeito ao fluxograma de avaliação e atendimento de crianças com atraso e/ou transtorno no neurodesenvolvimento. Afinal, quanto antes o diagnóstico ocorrer, mais bem-sucedido o tratamento tende a ser.
Essa colaboração já apresentou inúmeros resultados positivos e tem sido fundamental para garantir um atendimento mais abrangente e eficaz para as crianças atendidas, promovendo uma abordagem integrada e coordenada entre os diferentes setores envolvidos. Emanueli Dacheri Orben é mãe dos gêmeos Miguel e Murilo, que completaram cinco meses neste mês de abril, e foi um dos casos nos quais a detecção e o tratamento precoce foram imprescindíveis. “A cabecinha do Miguel me chamava atenção. Quando iniciamos o atendimento das fisioterapias com as profissionais da APAE de Orleans, em razão da prematuridade, nos direcionaram a buscar uma osteopata para avaliar a medida craniana dos meninos. Foi quando chegamos até a fisioterapeuta Mireli Mendonça. Foram praticamente quatro meses intensos, tensos e de muito cuidado, mas que valeu cada segundo quando ouvimos o resultado obtido”, relembra.
Quando os atendimentos iniciaram, Miguel estava com 12 milímetros de assimetria craniana, considerado grau severo, e Murilo estava com 7 milímetros, considerado grau leve. “A assimetria craniana, quando não tratada, pode gerar prejuízos funcionais à criança e a janela de resultado acontece com um maior êxito até os seis meses de idade. Por isso, é muito importante que os pais sempre observem seus filhos e procurem ajuda especializada. No último dia 11, chegamos aos dois milímetros de diferença craniana, medida que não se considera mais assimetria”, celebra a mãe, ao agradecer aos profissionais da área da saúde envolvidos. Para que uma criança seja avaliada na APAE, é necessário que o médico do ESF identifique sinais sugestivos de atraso global do desenvolvimento e/ou transtorno do neurodesenvolvimento infantil. Após o encaminhamento, é realizado o agendamento e, posteriormente, a avaliação pela equipe interdisciplinar composta por profissionais como psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e assistente social, de acordo com a necessidade específica de cada caso.