Prefeito defende melhorias com ensino integral, enquanto APP e Sinte alertam para riscos à qualidade da educação
A decisão de municipalizar a Escola de Educação Fundamental (E.E.F.) Geraldina Maria Tavares, em Gravatal, movimenta o cenário educacional e político do Município. Enquanto a Administração Municipal aponta para ganhos, como a oferta de ensino integral, a Associação de Pais e Professores (APP) e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte/SC) expressam preocupações com as implicações para a comunidade escolar e a qualidade do ensino.
O prefeito de Gravatal, Clei Rodrigues, explica que o interesse na municipalização partiu da Administração Estadual. “O Estado já vinha fazendo estudos desde 2015 e, após as últimas eleições, nos apresentou uma proposta para que o Município assumisse a escola do 1º ao 5º ano, enquanto o 6º ao 9º ano seria transferido para a Escola Estadual Antônio Knabenn”, afirmou. A Antônio Knabenn está localizada às margens da SC-370, enquanto a Geraldina a poucos metros da Igreja Matriz.
O chefe do Executivo enxerga a municipalização como uma oportunidade para transformar a escola em uma referência com ensino em período integral, um modelo que atende às diretrizes federais. “Temos a intenção de aceitar esse Termo de Seção pela oportunidade de ter novas atividades. O objetivo é tornar-se referência para os municípios da região”, argumentou, destacando o compromisso em continuar elevando o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), tendo em vista que Gravatal foi o que mais cresceu na região.
“Acreditamos que os impactos serão positivos para todos os envolvidos pela oportunidade de manter atividades que nós temos em contraturno, como capoeira e empreendedorismo na escola, implantar o ensino da robótica, que é um compromisso do Plano do Governo. A gente quer continuar a crescer, melhorando a qualidade, colocando sala-maker e projetos interdisciplinares”, detalhou.
O prefeito também garantiu que a transição será tranquila e que o Estado fornecerá suporte financeiro para evitar impactos negativos no orçamento municipal. “Não teremos ônus, o repasse será suficiente para manter as atividades com qualidade”, assegurou. Sobre as preocupações e resistência da comunidade, o prefeito explicou que se mantém aberto para o diálogo.
“Nós já recebemos no gabinete uma Comissão de Pais e Professores, além de vereadores, para conversarmos sobre isso. Esclarecemos os motivos e a nossa intenção. Estamos sempre à disposição. Além disso, estamos esclarecendo para toda a população, pelos meios de comunicação e em conversas pessoalmente, o que a gente pretende e o que a gente vai fazer”, declarou.
APP e Sinte/SC apontam riscos potenciais
A Associação de Pais e Professores (APP) da Geraldina Maria Tavares expressou preocupação com o processo, alegando falta de diálogo com a comunidade escolar. Em comunicado, a APP contou que o grupo foi informado sobre a reunião, no dia 30 de outubro, entre professores efetivos da escola e membros da Coordenadoria Regional de Tubarão (CRE).
Em seu posicionamento, criticou a forma como a decisão foi tomada e ressaltou a importância da participação da comunidade em processos de tal magnitude. “Essa foi uma decisão inesperada por todos os membros da escola. Estamos inconformados com ela, sem sermos informados antecipadamente”, apontou a associação, frisando que, durante a campanha eleitoral, o prefeito havia declarado não ter interesse.
Entre os pontos negativos da municipalização, a APP destacou preocupação com a falta de professores efetivos e a baixa remuneração dos profissionais municipais, o que pode afetar a qualidade do ensino. A associação também mencionou desafios como a falta de vagas, problemas com a logística do transporte escolar e a falta de recursos para atender alunos com necessidades especiais, mencionando a sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE) como um exemplo da estrutura que pode se perder com a mudança.
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte/SC) também se posicionou contra a municipalização de escolas estaduais, argumentando que essa prática enfraquece a qualidade da educação ao transferir a responsabilidade para entes federativos com menor capacidade de arrecadação. “O Sinte/SC é contra a municipalização, pois entende que isso prejudica a qualidade na educação pública e reduz a possibilidade de valorização dos trabalhadores”, defendeu a entidade em nota. O sindicato informou ainda que estará presente na região durante toda a semana, entre 4 e 8 de novembro, para dialogar com trabalhadores, pais, estudantes e chefes do Executivo, reforçando que a mobilização comunitária já reverteu decisões semelhantes em outras ocasiões no estado. “Se lutarmos mais uma vez, colheremos mais uma vitória”, motivou por fim.