Em seu sétimo mandato como deputado estadual, Júlio Garcia (PSD) assumiu a presidência da Assembleia Legislativa de Santa Catarina pela quarta vez (2005-2006, 2007-2008, 2019-2020, 2025-2026), aos 74 anos. 
    Dos 40 deputados, 38 votos foram computados, durante a eleição do novo presidente, que aconteceu no primeiro dia de fevereiro. O deputado Sargento Lima (PL) se absteve do voto e os deputados Ivan Naatz (PL) e Antídio Lunelli (MDB), que estavam em viagem, enviaram manifestações em favor da escolha de Garcia, mas os votos não foram computados por não haver previsão regimental para isto. Julio, assim, se consolida como uma das figuras mais influentes da política catarinense.
    Em seu discurso de posse, Julio defendeu que a instituição seja protagonista nas lutas pelas grandes bandeiras de Santa Catarina. “Temos problemas sérios de infraestrutura e acho que a Assembleia Legislativa tem que agir nesta questão. Precisamos identificar, por meio das bancadas regionais, quais são os maiores anseios e fazer uma campanha forte, interna e externamente, para que este gargalo de infraestrutura possa ser superado”, enfatizou como uma de suas prioridades.
    Para a região da Amurel (Associação dos Municípios da Região de Laguna), Júlio Garcia reservou uma atenção especial. Em sua primeira semana como presidente da Alesc, confirmou para 21 de feveriro, próxima sexta-feira, a abertura de um gabinete de apoio em Braço do Norte.

Entrevista
Folha do Vale - Qual será a sua linha de atuação nesses próximos dois anos de gestão?
Julio Garcia - Nossa gestão será de continuidade. Vamos dar prosseguimento às iniciativas exitosas implementadas pelo deputado Mauro, como o Alesc Itinerante, com a participação da sociedade e com decisões importantes para cada região que visitamos. Vamos apenas mudar de municípios, estabelecer um calendário e fazer com que esta iniciativa se torne perene porque ela fez muito bem para a Assembleia Legislativa e para a sociedade.

Ao que você credita mais uma vitória como presidente da Alesc?
Julio - A minha quarta eleição para a presidência da Assembleia se deve muito mais à generosidade dos meus colegas de parlamento, independentemente de partido, e à relação respeitosa que mantenho com todos eles. Num momento importante da vida pública catarinense, fui novamente eleito presidente da Assembleia. Fico muito feliz. Este é o meu último mandato como deputado estadual e encerro minha passagem pela Assembleia Legislativa na presidência da Casa. Para mim, é uma honra presidir o parlamento catarinense.

Como está a relação com o Executivo catarinense e como você acredita que serão nos próximos dois anos?
Julio - Tenho uma relação pessoal muito próxima com o governador Jorginho Mello. Fomos colegas de banco, deputados e temos uma relação forte. Ele dirige o Poder Executivo, eu, a partir de agora, dirijo o Poder Legislativo, e sabemos nos comportar à altura do que espera o cidadão catarinense. A Constituição preconiza que devemos nos relacionar com harmonia e independência, e é isso que vamos fazer. Cada um cuida do seu poder, mas, em conjunto, trabalhamos pelo melhor para Santa Catarina. É isso que pretendo. Pela minha experiência e a do Jorginho em cargos públicos, acredito que a harmonia deva prevalecer, não enxergo algo diferente. Continuaremos trabalhando com transparência, independência e harmonia, exatamente como preconiza a nossa Constituição estadual.

O lançamento da pré-candidatura do prefeito de Chapecó, João Rodrigues, que aconteceu há poucos dias, ao governo do Estado, pode atrapalhar nessa relação, já que Jorginho, do PL, já anunciou o desejo de disputar a reeleição? 
Julio - Acho que não haverá ruído. Tivemos uma disputa aguerrida recentemente com Criciúma. O governador de um lado, nós de outro. Vencemos a eleição e, na semana seguinte, estive com o governador e concordamos que a eleição acabou e é página virada. Vamos olhar para frente.

Você confirmou que este será seu último mandato como parlamentar estadual. Vai mesmo disputar uma vaga na Câmara dos Deputados em 2026? Não pensa em disputar o governo do Estado?
Julio - Eu decidi que não disputaria a próxima eleição para deputado estadual. Sou pré-candidato a deputado federal, salvo se o partido assim não desejar. Meu ciclo na Assembleia se encerra ao completar este mandato na presidência da Casa. Não tenho a pretensão de ser governador. Me senti muito bem até aqui como parlamentar e, se puder, na próxima eleição, ser deputado federal, ficarei muito feliz e satisfeito. Sou uma pessoa muito racional e nunca trabalhei para isso. Acho que aqueles que desejam ser candidatos ao governo precisam abrir mão de certas coisas, e eu nunca pretendi abrir mão do que considero essencial para mim. Nunca me senti vocacionado para ser governador, sempre atuei no Legislativo e quero continuar contribuindo dentro dessa esfera. Meu foco agora é trabalhar para uma candidatura à Câmara dos Deputados e, se eleito, usar minha experiência para ajudar ainda mais Santa Catarina.

Você reassume a Alesc e anuncia uma novidade para a região: um gabinete de apoio. O que seria e para que serve esse escritório?
Julio - A Assembleia Legislativa possui gabinetes de apoio em alguns municípios. Por nossa iniciativa, a partir de fevereiro, Braço do Norte contará com um gabinete parlamentar deste deputado. A iniciativa é justamente para nos aproximar de toda região da Amurel. É a grande oportunidade para a sociedade ter voz e acesso ao parlamento catarinense.

Você anunciou o ex-prefeito Beto Marcelino como seu novo chefe de gabinete. Também alocou como assessores especiais os ex-vereadores Allan Prudêncio e Muy Fernandes. Qual o papel deles a partir de agora?
Julio - O papel deles será o de ser o porta-voz da região, levando as demandas e construindo elos entre o parlamento e a região, em especial, o Beto, que é o nosso pré-candidato a deputado estadual. É um passo importante para ele, pois estará atendendo, como chefe de gabinete, aos assuntos e demandas da região.
 

Quem é Julio Garcia

    Julio Garcia (PSD), 74 anos, está em seu sétimo mandato como deputado estadual e preside o Legislativo catarinense pela quarta vez. Nasceu em 28 de março de 1950, em Florianópolis. O parlamentar é bancário e técnico em contabilidade. Ocupou o cargo de diretor de Crédito Geral e Câmbio, no antigo Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), entre os anos de 1983 e 1985.
    Presidiu empresas estatais, como a Indústria Carboquímica Catarinense S.A (ICC), em 1985, o Banco de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina (Badesc), em 1995, e a Companhia de Água e Saneamento de Santa Catarina (Casan), entre 1996 e 1997.
   Foi eleito pela primeira vez deputado estadual em 1986, aos 36 anos, pelo PFL, com 17.129 votos. Na Assembleia Legislativa, participou da elaboração da Constituição do Estado de 1989. Reelegeu-se para a Alesc em 1990, 1998, 2002 e 2006.
   Em outubro de 2005, assumiu interinamente o Governo do Estado de Santa Catarina por 12 dias. Como governador em exercício, sancionou a lei de sua autoria, que garantiu às Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) de Santa Catarina 1% dos recursos do Fundosocial. As 185 Apaes atendem mais de 19 mil alunos em Santa Catarina.
   Em setembro de 2009, renunciou ao mandato de deputado para ser conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC), instituição que presidiu entre 2014 e 2015 e do qual se aposentou em 2017.
    Após um intervalo de quase dez anos, em 2018, retornou à política e foi eleito deputado estadual pelo PSD com 57.772 votos, sendo o primeiro na ordem de votação de seu partido e o terceiro deputado estadual mais votado nas eleições.
    Atualmente, no exercício do 7º mandato na Alesc (2023-2027), Julio Garcia assumiu a presidência da Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira e integrou as Comissões Permanentes de Pesca e Aquicultura, de Turismo e Meio Ambiente e dos Direitos da Pessoa com Deficiência.