Reunião da Secretaria de Estado da Agricultura debate custos, rentabilidade, importações e apresenta mais de R$ 216 milhões em programas de apoio aos produtores
Encontro teve como foco a busca de soluções para aumentar a competitividade da cadeia produtiva e apresentar os programas do Governo do Estado Com o objetivo de avaliar o atual cenário socioeconômico e os desafios enfrentados pelo setor leiteiro, a Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (Sape) promoveu, na quinta-feira, 4 de dezembro, uma reunião com lideranças do segmento, parlamentares e representantes da Epagri e da Cidasc. O encontro teve como foco a busca de soluções para aumentar a competitividade da cadeia produtiva e apresentar os programas do Governo do Estado, que somam mais de R$ 216,3 milhões em apoio direto aos produtores de leite em 2025.
Santa Catarina ocupa atualmente a 4ª posição no ranking nacional de produção de leite, com mais de 24,5 mil produtores. Em 2024, o Estado alcançou a marca de 3,3 bilhões de litros produzidos, o que representa cerca de 9% da produção nacional. Durante a reunião, foram debatidos temas como custos de produção, rentabilidade, produtividade, impactos das importações no preço pago ao produtor e estratégias para ampliar o consumo de leite no país.
O secretário de Estado da Agricultura e Pecuária, Carlos Chiodini, destacou que os esforços estão concentrados em dar mais sustentabilidade econômica ao setor, agregando valor a toda a cadeia produtiva.
“Estamos em um trabalho intenso com o setor produtivo e lideranças na busca de soluções para conquistarmos um melhor momento para esse mercado. O Governo do Estado está fazendo a sua parte com políticas públicas e ouvindo a cadeia leiteira. Elencamos diversas sugestões, que serão sistematizadas e avaliadas quanto à sua viabilidade”, afirmou.
Um Grupo de Trabalho formado durante o encontro seguirá dialogando para alinhar ações junto ao setor. O secretário também informou que nesta semana participou de reunião sobre o tema no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em Brasília.
Crescimento da produção e queda no consumo preocupam o setor
Dados do IBGE apontam que, no primeiro semestre de 2025, a captação de leite no Brasil atingiu 13 bilhões de litros, o maior volume da última década, com crescimento de 7% em relação ao mesmo período de 2024. Apesar disso, economistas do CEPA/Epagri alertaram para o baixo consumo interno. De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF/IBGE), o consumo médio é de apenas 5 litros de leite por família, considerando leite fluido e derivados.
Esse descompasso entre produção elevada e consumo reduzido tem impacto direto sobre os preços pagos ao produtor e reforça a necessidade de políticas públicas voltadas tanto à produção quanto à comercialização.
Mais de R$ 216 milhões em apoio direto aos produtores
Para assegurar a competitividade da cadeia leiteira catarinense, o Governo do Estado mantém um conjunto de programas específicos para o setor. Somente neste ano, os investimentos ultrapassam R$ 216,3 milhões, beneficiando mais de 49 mil produtores.
O Programa Leite Bom SC engloba os programas Pronampe Leite SC e Financia Leite SC, por meio do Fundo Estadual de Desenvolvimento Rural (FDR). Para essas linhas, estão previstos R$ 150 milhões para os anos de 2024, 2025 e 2026, destinados ao subsídio de juros de empréstimos bancários e concessão de financiamentos sem juros.
Além disso, o Leite Bom prevê mais R$ 150 milhões em incentivos tributários à indústria leiteira catarinense, liberados de forma escalonada: R$ 75 milhões no primeiro ano, R$ 50 milhões no segundo e R$ 25 milhões no terceiro ano.
Nesse pacote de medidas, também foi determinada a suspensão de benefícios para a importação de leite e derivados, com reflexos positivos imediatos para a indústria local.
Indicadores acompanhados pela Secretaria de Estado da Fazenda (SEF/SC) mostram que, após a suspensão dos incentivos à importação, o volume de leite e derivados importados caiu de forma expressiva. No primeiro semestre de 2025, as importações recuaram quase 75% em comparação com o mesmo período de 2024, passando de R$ 512,5 milhões para R$ 135,2 milhões.
A cadeia leiteira catarinense também conta com o Programa Terra Boa, voltado à melhoria das pastagens e aumento da produtividade nas propriedades. Além disso, toda a produção de leite no Estado segue rígidos controles de qualidade, inspeção sanitária e rastreabilidade, garantindo segurança ao consumidor e valorização do produto catarinense.