Trabalho de conscientização visa a adesão de novos parceiros na região
As dúvidas relacionadas ao Corredor Ecológico da Serra Geral de Santa Catarina (CESG/SC) trazem, com elas, apreensão e incerteza. Tendo isso em vista, um trabalho de conscientização tem sido desenvolvido em municípios da região. Santa Rosa de Lima recebeu, em abril, uma oficina a fim de aprofundar os reflexos desta implantação. Conforme Christian Döbereiner, proprietário da Reserva Araponga e coordenador do CESG/SC, a intenção é fazer com que o Corredor Ecológico seja visto como uma oportunidade e não como uma ameaça ou um risco. “Com o risco que hoje administramos em decorrência dos efeitos da emergência climática, a implementação de instrumentos como os Corredores Ecológicos alimenta a esperança de superação da crise e de construção de dias melhores”, defende.
Segundo ele, a intenção é garantir que o crescimento socioeconômico ocorra por meio de atividades compatíveis com a promoção da sustentabilidade. A participação dos proprietários rurais é voluntária e é passível de renda através da adoção de boas práticas na utilização sustentável e racional dos recursos naturais.
“Essa gestão qualificada procura estimular e apoiar proprietários ou comunidades na adoção de medidas que agreguem valor aos bens produzidos, compatibilizando essa produção com a devida proteção dos recursos naturais. Em algumas dessas áreas, o reconhecimento do Corredor Ecológico impulsiona uma certificação ou Selo de Origem, uma espécie de atestado de produção responsável e amiga da natureza”, informa o coordenador. Com isso, de acordo com Christian, as propriedades inseridas no Corredor Ecológico devem ser priorizadas em programas de assistência técnica, em linhas de financiamento e em remuneração pela manutenção de serviços ambientais essenciais para a coletividade. “Estamos buscando oportunidades de renda para aqueles que protegem suas florestas. Isso será feito através do processo de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), como, por exemplo, os Créditos de Carbono, Créditos de Biodiversidades e pagamento ao Produtor de Água às propriedades que tenham nascentes preservadas e entre outros”.
Outro ponto que o coordenador do CESG/SC considera relevante ressaltar é que não haverá desapropriação de terras. “O Corredor Ecológico não se enquadra como uma categoria de Unidade de Conservação. O regramento para o uso dos recursos naturais é idêntico ao aplicado ao imóvel situado fora da mesma. Não haverá mudanças na legislação ou outras restrições para o uso da terra pelo proprietário rural, apenas a legislação vigente continuará sendo aplicável. A maior parte das terras localizadas no CESG é propriedade privada e assim deve permanecer”, garante.
Sobre o Corredor Ecológico da Serra Geral
O Corredor Ecológico da Serra Geral (CESG) é formado por remanescentes florestais de Mata Atlântica, com aproximadamente 100 quilômetros de comprimento, ligando o Parque Nacional de São Joaquim ao Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. Ele faz parte do Corredor Ecológico Caminho das Nascentes, que possui 1,5 mil quilômetros e atravessa de Norte a Sul de Santa Catarina (Decreto Estadual 2.367/2022).
O CESG é uma iniciativa voluntária de um grupo de proprietários rurais, com apoio do Poder Executivo dos Municípios dos quais faz parte, da EPAGRI, da CRESOL, de associações e de empresas. “As pesquisas e o desenvolvimento dos nossos projetos dependem de parcerias, doações e outras formas de financiamento”, comenta o coordenador. Neste sentido, o trabalho agora é de buscar novas parcerias. “Estamos divulgando a iniciativa junto aos Municípios e esclarecendo dúvidas, visando conseguir a adesão dos produtores rurais na proteção da mata nativa com suas nascentes e obtenção dos benefícios do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)”, conclui.