Psicólogo alerta os pais, educadores e a própria juventude sobre as consequências desse hábito
Nos últimos anos, o cigarro eletrônico, também conhecido como vape ou cigarro de pen drive, ganhou popularidade entre os jovens, tornando-se uma questão de saúde pública e um desafio crescente para as escolas. “Embora proibidos, estão presentes no dia a dia, principalmente dos jovens. Parecem inofensivos, porém, o uso de cigarro eletrônico carrega riscos sérios que a maioria dos adolescentes desconhecem”. O alerta é do psicólogo Robson Kindermann Sombrio, que atua na Coordenadoria Regional de Educação de Braço do Norte, ao pais, educadores e a própria juventude sobre as consequências desse hábito.
O vape é proibido no Brasil desde 2009 no Brasil, principalmente por motivos de saúde pública e preocupações com o impacto no consumo de tabaco. “Embora o cigarro eletrônico seja muitas vezes promovido como uma alternativa "menos prejudicial" ao cigarro convencional, ele contém substâncias que podem ser prejudiciais à saúde, como nicotina, substâncias aromatizantes e outros compostos químicos”, enfatiza Robson que também possui pós-graduação em Tratamento de Dependência Química. O profissional alerta que não há estudos conclusivos e de longo prazo que provem a segurança dos cigarros eletrônicos. “A falta de dados definitivos sobre os riscos à saúde, juntamente com o fato de esses dispositivos serem amplamente desconhecidos em termos de segurança a longo prazo, gera um ambiente de incerteza e precaução”, enfatiza. Porém, já é comprovado que o uso de cigarro eletrônico pode causar danos aos pulmões, aumentar o risco de doenças cardiovasculares e até levar à dependência de nicotina.
Outro ponto importante para sua proibição é a preocupação com a atração de jovens. “Os cigarros eletrônicos, especialmente os com sabores atraentes, como frutas, mentol e doces, têm sido amplamente promovidos entre os jovens, o que aumenta o risco de iniciação precoce ao consumo de nicotina e ao tabagismo. A facilidade de acesso e o design moderno dos dispositivos, como o formato de pen drive, contribuem para que esses produtos sejam atrativos, especialmente para adolescentes”, lamenta Robson.
Como psicólogo da atuante na Coordenadoria de Educação enfatiza que os consumidores, especialmente os mais jovens, desconhecem os reais riscos desses produtos e, muitas vezes, acreditam que o uso de cigarro eletrônico é completamente seguro. “Isso pode levar ao uso indevido, com potencial para aumentar a dependência de nicotina”.
O apelo visual dos vapes, com designs coloridos e sabores atraentes, faz com que muitos adolescentes subestimem seus perigos. Eles são apresentados como produtos modernos, mas a realidade é que, por trás da moda, há uma indústria poderosa que lucra com a dependência dos jovens. Muitos adolescentes começam a usar cigarro eletrônico por pressão social, acreditando ser uma prática inofensiva. No entanto, isso pode levar a um caminho de dependência e ao consumo de outras substâncias prejudiciais.
O Brasil possui uma política pública de controle do tabagismo eficaz, com medidas como a proibição de propagandas de produtos de tabaco, campanhas de conscientização e advertências sanitárias nas embalagens. Se liberada, a introdução de cigarros eletrônicos poderia reverter os avanços conquistados no combate ao tabagismo, aumentando o número de dependentes e dificultando a luta contra o consumo de nicotina.
Impacto no ambiente escolar e no desenvolvimento psicológico
A presença de cigarros eletrônicos nas escolas cria um ambiente que normaliza o uso de substâncias nocivas. “Como profissionais da educação e da saúde mental, temos presenciado os efeitos diretos disso no rendimento acadêmico e no comportamento dos alunos. Além do impacto na saúde física, o uso do vape está associado a dificuldades de concentração, aumento da ansiedade e, em muitos casos, a um sentimento de culpa e frustração quando os jovens tentam abandonar o hábito sem sucesso”, explica Robson.
Na Coordenadoria Regional de Educação de Braço do Norte o trabalho tem sido de promover a conscientização e a prevenção. “Por meio de palestras e projetos nas escolas, procuramos esclarecer as consequências do uso dos cigarros eletrônicos e oferecer apoio psicológico aos alunos que buscam se afastar desse vício. Sabemos que a informação é uma poderosa ferramenta de mudança, e estamos empenhados em fornecer o suporte necessário para que os jovens façam escolhas saudáveis”, detalha o psicólogo.
Para enfrentar essa questão, é crucial que pais e educadores estejam informados e atentos. “O diálogo aberto com os jovens sobre os perigos do cigarro eletrônico e o incentivo a um ambiente escolar saudável são fundamentais. Juntos, podemos proteger nossos adolescentes dos danos que a indústria do cigarro eletrônico tenta esconder”, conclui.