Para celebrar o Dia do Agricultor, produtores falam sobre os desafios e avanços da mais antiga profissão que sustenta a população e a economia mundial
Ao olhar para o chão nos deparamos com o que nomeia nosso planeta: terra. É dela que sai o alimento que sustenta milhões de pessoas todos os dias. Cada pedacinho de chão é único e todos tem algo em comum: em cada pedaço de terra cultivado existe a determinação de um incansável agricultor.
É ele quem cultiva dentro do peito a vontade de vencer e tem a coragem para enfrentar os desafios do campo. Tem os homens mais experientes que preparam o futuro, a mulher que está lado a lado nos desafios, e ainda o jovem que inova no negócio da família. Com determinação, os agricultores seguem em frente construindo seu legado.
O jovem Ediovane Dela Justina, de 31 anos, tem orgulho em dizer que é agricultor. A profissão herdada do pai que trabalhava com gado de leite, suínos e cuidava da lavoura, hoje é seguida pelo filho que se especializou na bovinocultura leiteira e possui uma das propriedades referências de Braço do Norte.
Ele acompanha o mercado e afirma que para quem pretende empreender no agronegócio, a boa notícia é que o setor se mantém aquecido, mesmo com todas as dificuldades. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último ano, as exportações brasileiras do setor cresceram 6,8%, chegando ao patamar de US$ 56,4 bilhões. Isso faz do Brasil o quarto maior agroexportador do mundo. Os resultados são tão bons que economistas apontam o agronegócio como o eixo que sustenta a leve alta no Produto Interno Bruto (PIB) experimentada pelo Brasil ao longo de 2017.
Automação no campo beneficia atividades rurais

Morador da comunidade de Pinheiral, Ediovane toca a propriedade ao lado da esposa Aline Boieng de Bona Dela Justina. Ele conta que já chegou a sair do meio rural aos 18 anos, mas retornou à propriedade e decidiu investir no agronegócio. “Pensava que trabalhar em uma empresa com horários fixos seria bom, mas fiquei limitado profissionalmente. Aqui na propriedade sou dono do meu próprio negócio e isso me satisfaz. Cada vaca inserida no plantel é uma satisfação e isso me incentiva a investir cada vez mais”, comenta Ediovane.
O jovem melhorou sua produção com investimento em tecnologia garantindo produtividade e bem-estar animal. “Em três pessoas conseguimos atingir uma produção de dois mil litros por dia. Sem a ajuda da tecnologia isso jamais seria possível. O acesso às tecnologias também nos deu maior qualidade de vida e conforto”, revela. Para ele, ser agricultor é um orgulho, porém, observa que há muitos pontos a melhorar na atividade. “Acho que precisa melhorar a segurança da rentabilidade. A gente produz e não tem um preço mínimo de venda que garanta uma estabilidade. Tem setor que vende a baixo do custo de produção, isso deveria ser reavaliado”, considera.
Jovens buscam conhecimento e aplicam no campo

O jovem Amandio Kuhnen Neto, de 25 anos, da comunidade de Avistoso, em Braço do Norte, também trabalha com gado leiteiro. Atento às novidades do mercado, decidiu retomar os estudos e pretende cursar uma faculdade. “Não consegui terminar o ensino médio porque quando era mais novo fui “tentar a sorte” como jogador de futebol e morei em outro país. Mas tive que voltar por causa de uma lesão no joelho. Agora estou terminando o ensino médio e pretendo cursar uma faculdade”, afirma Amandio, que pretende se dedicar cada vez mais a sua propriedade. “Vejo a propriedade como um grande negócio e sei que é possível ter uma boa renda fazendo isso”, reforça. Para ele, a agricultura é uma profissão que precisa ser mais valorizada. “Ser agricultor pra mim é uma profissão tão nobre quanto à de um professor, arquiteto, engenheiro entre tantas outras. Temos o dever de colocar na mesa, o alimento de cada ser humano, e isso é muito gratificante. Apesar de nós agricultores ainda sermos um tanto desvalorizados, ainda tenho certeza que um dia irão nos dar o valor que merecemos”, espera o agricultor.